A primeira vez que vi Nédia me chamou a atenção sua figura: parecia uma daminha saída de um século passado.
Vestida com um talleurzinho vermelho, saia e blazer, uma blusa branca por baixo, de frufru, era a verdadeira imagem da distinção. Aquelas imagens que a gente vê em camafeus antigos. E um sapatinho escarpin saltinho pequeno, o máximo da elegãncia discreta.
Isto tudo numa reunião informal, onde tinha gente até de bermuda e chinelo de borracha, numa quadra de um clube, onde fui falar sobre cooperativismo para artesãos.
A palestra foi uma bela forma de a Nanci me apresentar para um grupo de moradores do Santa Mônica, para que conhecessem minhas propostas para a Câmara de Belo Horizonte.
Depois eu falo da Nanci.
Vou-me concentrar na Nédia, que afinal, é o objetivo desta postagem e da de ontem.
A partir daquela reunião, Nédia se integrou à minha campanha, junto com a Nanci, com todo o entusiasmo.
As duas iam quase todos os dias ao meu comitê, na Praça Raul Soares, levavam um vaso de pimentinhas para afastar os "maus olhados" e ficavam por ali, ajudando numa coisa e noutra. Também foram em alguns comícios.
Mas a ajuda maior, definida creio que pela Nanci, foi o "suporte" espiritual.
Nanci sentia vibrações e Nédia lia o tarô para mim.
Quase todo o comitê visitou a casinha azul da Praça Hugo Werneck para ouvir os conselhos da Nédia, "lidos" no tarô.
Um dia sumi a tarde inteira e todos no comitê doidos para falar comigo
Eu, celular desligado, passei uma tarde lá com a Nédia e a Nanci, às voltas com as cartas, velas acesas, café com bolo e muitas, muitas risadas e esperanças.
Claro que não ganhei a eleição, afinal "ninguém ganha disputa nenhuma lendo tarô", como disse minha irmã, quando voltei ao comitê naquele dia.
Mas ganhei duas amigas fiéis. Aliás ganhei mais do que duas ou dois. Ganhei muitas pessoas e um monte de lembranças que até hoje, tanto tempo depois, nos arrancam gargalhadas, nas reuniões familiares.
Outra hora conto sobre a campanha.
Desde aquela época visitava a Nédia algumas vezes, ou passava pela feira da Afonso Pena, aos domingos, onde ele tem uma barraca cheinha de produtos do Paraguai. E alguns cavalinhos de cabo de vassoura e cabeça de pano, feitos manualmente, que a feira é de artesanato, afinal de contas.
Aí fui escasseando as visitas até essa sexta passada quando a revi e me deu esta vontade grande de escrever sobre ela.
Nédia é dessas personagens de Belo Horizonte que parecem ser inventadas pela nossa imaginação.
Mas não é. Está lá, com sua casinha azul, lutando para mantê-la, "ou deixá-la para quem eu quiser", como sentenciou, no final da nossa conversa depois de fazer um resumo do andamento do processo na Justiça.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
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