quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Matilda, hey matilda





E a Matilde Ribeiro, heim? A ministra da Integração Racial, lembrem-se.
Comprou, comprou, até no freeshop, veja só, e pagou com o cartão corporativo! Não é uma vergonha?
E o ministro da pesca? (como se no Brasil houvesse muita pesca comercial!). Altemir Gregolin (meu Deus, que nome é este?) fez pior, pagou até churrascada com o cartão.
O mimo foi criado para facilitar a vida do servidor público (isto mesmo, ministro, secretário, diretor, são servidores do povo).
Só que não é bem assim. Tem lá seus critérios, para não virar farra. Mas apesar desses, como o gasto não ultrapassar os 8 mil reais por mês, a farra foi instalada.
Imagina que a Matilde gastou 461 reais no freeshop.
Por isso não posso deixar de cantar o refrão da música de Belafonte, "Matilda":
Com a sílaba tônica no má, cante assim:
"Hey! Matilda, Matilda, Matilda, she take me money and run Venezuela.
Once again now!
Five hundred dollars, friends, I lost:
Woman even sell me cat and horse!
Heya! Matilda, she take me money and run Venezuela.
Everybody!"
Coincidência? (a Matilda da música fugiu com o dinheiro do cara para a Venezuela, e lhe deu um prejuízo de 500 dólares - quase o número gasto no freeshop pela versão brasileira.)
É preciso que a Matilde Ribeiro tome um simancol e peça demissão. E se ela não o fizer, que o governo Lula tome uma atitude. E o Gregolin (também com este nome de genitália)também devia guardar a viola no saco (sem trocadilhos, por favor) e ir pescar noutra freguesia!
Não dá para ficar gozando a nossa cara desse jeito eternamente. Um dia a casa cai!!!

E para você que não conhece a Matilda aí vai: ( no final tem um clip do YouTube. Passe o mouse nos quadrinhos até aparecer o nome Matilda. Clique neste)

http://matilda.harrybelafonte.letrasdemusicas.com.br/

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Gostei da campanha das embalagens do Boticário

Princípio de ano, sabe como é, vem sempre aquela vontade louca de mudar tudo. Quando a gente tem dinheiro, aí é o melhor dos mundos: troca geladeira, fogão, tv, e mais alguma coisa. Mas como quase sempre não sobra este dinheiro, vamos fazendo outras mudanças menos visíveis.
Uma delas é a famosa limpeza de armários e gavetas. Pois foi o que fiz no final da semana passada.
Ao lado da milionésima promessa de mudar tudo na minha vida no ano que começa, como ir mais ao cinema, trabalhar menos, ler mais livros, beber menos cerveja, fazer um regime, me prometi arrumar as bagunças.
Mãos à obra, começo pelos armários, tirando tudo que não uso mais. Separo roupas e sapatos que irei doar: morro de vergonha ao constatar que enchi quatro grandes sacolas.
"Meu Deus, estou comprando demais", vou pensando, e já acrescento novo item na lista de promessas para o próximo ano: comprar menos.
Das gavetas e armários de roupas passo para as estantes e gavetas de papéis. Tiro outra montanha, inclusive embalagens diversas, papéis de presente, sacolas e aí me lembro de ter lido um anúncio do Boticário sobre uma campanha de devolução das embalagens de seus produtos.
Tinha dois vidros de perfumes sem os próprios, que acredito que só eu ainda uso, o Taty e o Acqua Fresca, caixas e um montão de sacolas. Havia também uma embalagem vazia do meu hidratante de corpo preferido da marca, o "honey & milk", que apesar de ter ficado muito aguado de uns tempos para cá, ainda é tudo de bom.
Junto tudo em uma sacola do próprio Boticário, imaginando por que estava guardando aquela tralha toda e levo na loja. Coloquei tudo na urna que fica na entrada, feliz da vida, cheia de cidadania, por contribuir com a preservação do planeta.
Mas como sempre questiono alguma coisa, já fui logo pensando: "será que teria feito isso, se não houvesse um Boticário pertinho, pertinho da minha casa"?
É, não saberei a resposta, mas gosto de pensar que sim, afinal tem Boticário pra tudo quanto é lado, inclusive um em frente do meu trabalho.
E afinal tenho gostado muito de participar de campanhas sociais, ecológicas e tenho eu mesma criado algumas.
Depois que comecei a criticar muitas coisas, aqui, publicamente, vi que além da crítica, é preciso ter atitudes "pró-ativas", como se diz por aí.
Creio que este é o espírito da campanha do Boticário: é preciso contribuir para a preservação do planeta, mas sem barbarizar o desenvolvimento, que deve existir sempre, só que de forma sustentável.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Sol, chuva, neve e o armagedon

Custo a tomar coragem para sair debaixo dos dois edredons finos que me cobrem, para atender o interfone, depois de 11 horas da noite. Vou receber um antibiótico que encomendei para minha filha que está penando com uma inflamação brava de garganta. Aproveito que levantei e tomo um antigripal, porque também não estou lá essas coisas.
Não, não é inverno. É agora mesmo, janeiro, alto verão, quando a temperatura deveria estar acima dos 28 graus, mesmo com chuva.
Mas a chuva deste ano trouxe um inesperado frio, que pegou todo mundo de surpresa. Nem no ano passado, em julho/agosto, dormi de edredon, mesmo que desses fininhos como são os que costumo usar no inverno.
Pois ontem tive de usar dois. Não sei se estava com um pouco de febre também, mas sentia muito frio.
Primeiro, um calor danado no Chile, de mais de 35 graus à meia-noite. Agora, esta chuvinha gelada. A chuva ainda vai, mas com frio, aí é dose para leão. Não há como escapar dos resfriados. E das inflações de garganta, ou de ouvido, ou de faringe, conforme a característica do freguês.
Antes, vi uma reportagem sobre o inverno na China, daquele de matar até urso polar. "O mais rigoroso inverno dos últimos 40 anos".
Como foram os dias de 7 a 18 de janeiro, no Chile, um deles, o dia 16, "o mais quente dos últimos 30 anos". Ou como foi o dia 24 em São Paulo, "o mais frio do verão dos últimos 20 anos".
O clima mundial entrou numa disputa consigo mesmo e vem conseguindo bater sucessivos recordes, e, apesar dos transtornos que nos causam, os recordes viram só tema de noticiários.
Nunca são encarados como sinal dos tempos pelos governos recordistas em emissões de gases de efeito estufa.
Eles (Estados Unidos, Japão, Canadá, Brasil) deveriam adotar medidas que protejam o planeta do caos final, o "armagedon" que São João descreve em Apocalipse 16:14, como a batalha do Juízo Final.
Mas que tanto pode ser uma guerra nuclear, segundo a maioria das interpretações, como uma mudança climática irreversível, de qualquer forma, ambas provocadas pelo homem.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Acetona, éter, curativos e a cocaína

(Leia o poema do Mauro Lúcio, "Por que as mães choram", na coluna lateral)

Enquanto faço um "peeling", luxo que me concedo para aproveitar uns finais de férias, vou ouvindo a médica reclamar da política de saúde, não sei se do Estado ou do governo federal.
Espalhando um ácido glicólico sobre meu rosto, para dar uma "melhorada" na textura, comenta como minha pele está oleosa e o assunto puxa sua queixa. Não tem mais éter para ser comprado e acetona é uma dificuldade.
E isso atrapalha "pra burro" o trabalho de quem mexe com medicina estética. Fico muda, sem qualquer comentário, não de espanto, mas porque já estava assim, imobilizada pelo tratamento em meu rosto.
Mas ela esclarece em seguida. É que o éter e a acetona são utilizados para remover a oleosidade da pele antes de se fazer curativos, principalmente os originados de intervenções estéticas. Como a cirurgia plástica de nariz.
O nariz é uma região onde a pele é muito oleosa, vai explicando a médica, que não é dermatologista, mas cirurgiã plástica, com especialização em medicina estética, e sem o éter e a acetona, o curativo não gruda. "O curativo precisa ficar pelo menos três dias, mas no primeiro já está arrancando".
Ah, bom!
Mas onde foram parar o éter e a acetona?, pergunto só mentalmente, já que ela vai explicando tudo. "O governo proibiu, para combater o refino de cocaína".
Não sei se levo a sério a decisão do governo.
Tudo bem, é uma tentativa. Mas cortar produtos essenciais de ambulatórios e clínicas me parece meio inócuo. As clínicas (creio que não os hospitais) têm dificuldade de comprar, mas o fabricante de cocaína com certeza não está encontrando o menor problema, basta ver o estouro vez por outra dos "laboratórios" do pozinho. A turma do refino vai na fonte ou no Paraguai, ou na indústria clandestina. Afinal se o refino é clandestino, com certeza seus insumos também o são, né não?

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Tchau, Patrícia

Não sei bem em que fase de nossa vida a morte começa a nos assediar com mais freqüência. É um parente longe que se vai, um ex-colega de faculdade, um vizinho idoso. E então, ela vai chegando mais perto: pai, mãe, irmãos, filhos.
Em 2007, ela escancarou nossa porta e entrou em nossa casa. E levou nossa mãe, nos deixando atordoados o resto do ano. Ao final de 2007, comecei a confundir as datas, ao desejar feliz Ano Novo para os conhecidos. Em vez de 2008, desejei feliz 2007.
Defesas do subconsciente.
Mas 2008 promete ser mais implacável. Ainda nem começou direito e já traz a morte novamente para nossas vidas.
Alguns conseguem driblá-la muito bem e chego a jogar o chapéu para o alto em comemoração. Como aconteceu com a Virgínia Castro há uma semana, ao sair de um choque anafilático, depois de uma anestesia para uma operação de vesícula.
Graças a Deus Virgínia já se recupera.
Mesma sorte não teve Patrícia.
Aos 30 e poucos anos ela se despede hoje da vida que tanto curtia.
Recebo cedo um telefonema para comunicar que ela não acordou mais hoje.
Choro por ela, pela sua filha Ana Alice, de sete anos, por sua mãe, por seu marido, por mim, que não entendo o que se passa à minha volta.
Patrícia foi minha colega de serviço, companheira de noitadas e bebedeiras, dessas que a gente precisa colocar dentro de um táxi, ao final da noite e dar o endereço para o motorista.
Colega com quem aprendi a ser mais tolerante, a entender as limitações de cada um, a ser uma chefe dura, mas justa e a separar bem as coisas: ambiente de trabalho e ambiente extra trabalho, quando então, nos tornávamos mais humanas.
Patrícia se vai agora, deixando para nós a eterna indagação: o que estamos fazendo aqui?

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Suco globalizado

Acabo de engolir o almoço, uma gororoba que eu mesma preparei e depois de constatar o quanto estou "enferrujada" na cozinha, tomo um pouco de suco de pêssego que achei na geladeira, das compras mensais que minha filha fez, enquanto eu viajava. Não conhecia a marca e fui lendo o rótulo. E ela me disse que era de Contagem, porque vira na televisão uma matéria falando sobre a produção de alimentos local, que fica mais barata para o consumidor.
Leio na parte de trás, em um decalque de computador: "Contegem" - MG. Ela disse que não fora aquele que a TV mostrara, mas um outro também feito em Contagem.
Viro a caixa de frente e vejo embaixo: "made in Argentina". Viro para uma das laterais e está lá "importado y distribuído no Uruguay".
"Viiiixe Maria, estou tomando um suco globalizado, internacional pra chuchu que deu voltas e mais voltas até chegar à minha mesa. Argentina, Uruguai e Contagem. Isto sem contar que com certeza o pêssego foi do Chile".
O processo de fabricar num país, embalar no outro até entendi. Só não entendi o que o suco foi fazer em Contagem. Ainda mais que o papelzinho colado diz "Santa Terezinha Distribuidora de Productos Industriales", assim mesmo, em espanhol. E o endereço é Tapera, "Contegem", Minas Gerais, "Basil".

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Receita de pisco para o carnaval



E como o Carnaval está chegando, aí vai uma receita de pisco sour, da chilena Vanessa ( nesta foto , que não é da minha turma, se vestiu até de mestre cuca), especialmente testada em sala de aula:

Ingredientes - 3 medidas (copo lagoinha) de pisco; uma medida (idem) de suco de limão; 2/3 de medida de açúcar branco; gelo picado.

Preparação - O limão deve ser espremido na hora da preparação da bebida. Dissolva o a´çúcar previamente no pisco e junte em seguida o limão; coloque a mistura no liquidificador até a metade do copo e complete o resto com gelo. Bata até dissolver o gelo, ou então, misture já o gelo triturado.

(O pisco original leva clara de ovo, mas nem os chilenos aguentam assim!)

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Mais andanças






Pelas fotos, viram que cheguei. E já na chegada tive alguns probleminhas, como perder o primeiro vôo para Beagá, ter o segundo cancelado e o terceiro atrasado por uma hora e meia. Bem, mas sobrevivemos todos, inclusive ao "city tour" que minha irmã Elvira resolveu fazer nas imediações do aeroporto de Congonhas.
Bueno muchachos y muchachas, de volta para o futuro!

Agora algumas fotos






Passeios em Santiago, Valparaíso e Viña del Mar

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Vida cultural no verão de Santiago


Vanessa, a terceira, e a receita de pisco sour, na sala de aula

Para quem está em Santiago no verão, como estudante, há muitas opções, como em qualquer grande capital mundial. É nesta época que começam os festivais de teatro e de cinema. A Católica oferece um festival de cinema a partir de 15 de janeiro, até o final do mês, nas suas diversas unidades, tudo gratuito. Também há muitas apresentações musicais gratuitas em praças, como o festival de Jazz próximo ao Teatro Providência, com cobras como Ravi Coltrane, dia 18. Se o seu negócio é buteco, há com fartura, de todo jeito: salsatecas, "regatón" ( o funk castellano, que tem este nome, por ter uma origem no reggae caribenho). Em Providência, a rua Constituición oferece bares e pubs, um atrás do outro. Os brasileiros da escola se esbaldaram por lá.
Há ainda a parte cultural permanente. Eu visitei o Museu de História Nacional, que tem ótimo acervo, desde os primórdios da colonização no Chile; o Museu Pré-Colombiano, com incríveis artefatos das populações autóctones, vestígios de civilizações de até 5 mil anos antes de Cristo, não só do Chile, mas da Bolívia, Peru, Equador e até do Brasil.
E o Centro Cultural La Moneda, inaugurado no ano passado, junto ao palácio, e que tem uma sala permanente de Violeta Parra, com suas pinturas e tapeçaria. Para quem conhecia Violeta só como "cantante" de protesto dos anos 70, é uma incrível surpresa ver sua produção nas artes plásticas, com um traço meio parecido com Miró e Frida Kallo, mas bem centrada na realidade chilena.
O Centro apresenta até fevereiro, a exposição "Espanha, encruzilhada de civilizações". É também imperdível, com a mostra da arte espanhola desde antes de Cristo, com objetos de todos os povos que passaram pela península, formando o que hoje é a nação (meio que aglomerado de culturas), espanhola. Idade média e idade moderna. É interessante ver a mescla de influências diversas, greco-romanas, etrusta, árabe, aportando na "encruzilhada", que é a Espanha de hoje.
Também não se pode deixar de fazer o passeio às casas de Pablo Neruda: a de Valparaíso, La Sebastiana, a de Santiago, La Chascona e a de Isla Negra.
Visitiei as duas primeiras e amei. Dá para entender por que Neruda era o "cara". Dizem que a de Isla Negra é mais bonita ainda. Não deu tempo de visitar. São museos com riquíssimo acervo de objetos pessoais, de decoração e de "regalos" oferecidos por pintores e escultores famosos, como uma luminária de Oscar Niemayer, que está em La Chascona. Esta foi "saqueada" pela ditadura militar e muita coisa se "perdeu".
Em Valparaíso, que fica somente há uma hora e meia de Santiago, a vida noturna é intensa e também tem de tudo. A cidade é a preferida por estudantes, artistas, boêmios e alternativos no geral.
À noite ou de dia, ao lado dos vinhos, é imprescindível beber o pisco sour, que a professora Vanessa nos ensinou a fazer um dia em sala de aula. É a nossa caipirinha, ou a marguerita mexicana, claro, cada uma com seu gosto próprio (o pisco é feito de uva, não esquecer).
E seguindo as recomendações de Vanessa, o melhor pisco do Chile é o Alto del Carmen, apesar de ter um mais bonito, o Capel, em uma garrafa em forma de "moai" (as estátuas da Ilha de Páscoa).

domingo, 20 de janeiro de 2008

Comer barato em Santiago


D. Augusto, no Mercado Central
Comer barato em Santiago nao é fácil,
principalmente se você for seguir as indicações turísticas e se você for estudante. Para estes restaurantes, a pedida sao sempre os pescados, afinal o Chile é um dos principais exportadores. Os mariscos sao o carro chefe. Como eu nao gosto, nem me atrevi a provar, como costumo fazer com comidas que gosto menos.
Mas comi cada salmao divino. O Chile tem uma grande produçao de salmao e é o principal abastecedor dos Estados Unidos deste produto.
Para comer barato entao, é preciso catar os restaurantezinhos sem maiores pretençoes. Nestes servem o prato do dia, com uma das três carnes mais comuns: porco, ave ou vaca. Tudo é muito farto, quando se trata das porçoes de carne. As saladas, geralmente sao só a alface ou só o repolho, a menos que você peça uma salada completa e aí vai pagar à parte. O prato do dia sai, geralmente, por 1.300 pesos, o que equivale a cerca de 5,50 reais e tem a salada (alface), um ou dois paezinhos, um molho de pimenta e um prato com carne e batata, ou arroz.
Perto da Escuela Bellavista tem uns quatro restaurantes desses. A escola fica no bairro Providência, que é muito bonito.
Andei experimentando uns pratos típicos, como o porotos com maiz, que nada mais é do que uma espécie de sopa de milho moído com uns feijoes claros (o poroto) e uns pedacinhos de frango. E também a cazuela que foi dica do Tchito. Este prato é uma mistura de pedaços de frango com legumes, como batata e abóbora, alcaparras e temperos diveros, aos quais se agrega o arroz.
As dicas sao dadas pela mamá Isabel. Ela insistiu muito para eu provar as humitas, e quando pedi uma morri de rir, ao chegar uma pamonha igualzinha à nossa, enroladinha na palha do milho e bem docinha. Estava muito boa.
Tivemos uma excursao gastronômica na quinta-feira e também tive vontade de rir. Fomos a um boteco perto do Museu Pré-Colombiano, chamado El Rapido, cuja especialidade sao os pastéis, que eles chamam de empanadas. Comi um pastelão de champignon e só faltou o "cardo" de cana. Fernando, o professor, explicou orgulhoso que o buteco tem 80 anos.
Também se pode comer no mercado central. É o mesmo tipo de mercado de qualquer lugar do mundo, mas nao deixa de ser um passeio interessante. No mercado existem uns restaurantes tradicionais e muito chiques, coisa para estrangeiro mesmo, como o Dom Augusto.
E no centro da cidade há outro bar tradicional onde a escola leva os alunos, que se chama o Piolhento, mas nesse eu nao fui. É de lanches rápidos também.
Outro passeio para estudantes é visitar os outros mercados, o Verga Chica e o Verga Central, para experimentar as frutas chilenas, como a chirimóia, os pêssegos, as uvas, as cerejas, os damascos, todas muito boas. O Chile é um grande exportador de frutas.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Os mapuches querem suas terras de volta


A naçao mapuche, que é a maior do Chile, (povos indígenas que habitavam o continente antes da chegada dos espanhóis, assim como os chinchoros)está em pé de guerra com Michelle Bachelet. Aliás, segundo a filha de Isabel, María dos Anjos, eles estao sempre em pé de guerra por alguma coisa.
Porém, a luta mais recente, é contra o projeto de construçao de uma hidrelétrica monumental, mais ao Sul do país, que estaria totalmente em suas terras.
Ambientalistas daqui também sao contra, por considerar seu tamanho e capacidade inteiramente desnecessários, por falta de demanda e, naturalmente, pelos danos ambientais. A hidrelétrica está em terras dos mapuches e há duas semanas um executivo da empresa sofreu um atentado, quando seu jipe foi baleado e a autoria foi atribuída â liderança mapuche.
Os principais líderes desse povo estao presos e no final do ano passado fizeram uma estrondosa greve de fome de mais de 50 dias. Iam para o hospital e voltavam e recomeçavam a greve.
Há dois dias flagrei uma manifestaçao deles na Plaza de Armas, local emblemático dos movimentos sociais chilenos, onde está a Catedral de Santiago.
Cantaram e dançaram e gritaram slogans de protestos.
Dizem por aqui, que nao existem mais mapuches puros, mas tao miscigenados, que sao quase "europeus".
De fato, do grupo que protestava, havia dois ou três no máximo com fisionomia de índios. Aliás a populaçao chilena, neste aspecto, é totalmente diversa do que se vê no Peru, onde a maioria do povo guarda os traços típicos dos indígenas, tanto no altiplano, quanto no litoral. Aqui no Chile, pelo menos nesta regiao central, onde fica Santiago, a populaçao tem traços fisionômicos brancos, inclusive com grande porcentagem de olhos claros. Estou só fazendo observaçoes, porque nao me atrevo a analisar nada, já que nao tenho conhecimento suficiente sobre a colonizaçao chilena, para fazê-lo. Sei só o básico e nao estou com tempo de pesquisar, o que pretendo fazer depois, já que minha permanência entre os chilenos me despertou a curiosidade.
Os mapuches brigam também contra um projeto de implantaçao de uma clareadora de celulose também mais ao Sul.
O Chile tem em sua indústria florestal, seu segundo produto econômico mais importante. ( Os cinco principais setores econômicos: mineraçao, com o cobre; indústria florestal; pescados, com o salmao; vinicultura e turismo, nesta ordem de importância).
Por causa de interesses mais fortes do que os dos mapuches, o projeto foi proibido, mas estranhamente, as obras continuam. Interesses mais fortes tambem, por supuesto.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Novo sistema de pensoes no Chile

A Câmara de Deputados chilena, que funciona em Valparaíso e nao em Santiago, desde Pinochet, aprovou ontem a criaçao de um sistema de pensoes para os idosos, que nao contavam com nenhum tipo de benefício. Assim como a saúde, a previdência é praticamente privada.
Michele Bachelet foi à Tv, em cadeia nacional, para comemorar e dizer que com a aprovaçao do projeto de lei, em segundo turno, depois da tramitaçao no Senado, cumpria uma de suas principais promessas de campanha.
O governo chileno passa a bancar um sistema que beneficiará mais de 600 mil pessoas, maiores de 65 anos, que nao tinham nenhuma cobertura até agora (a lei começa a vigorar em júlio).
O projeto é chamado de pensao mínima solidária e vai garantir uma renda de 65 mil pesos, cerca de 130 dólares, aos maiores de 65 anos. E além disso, a presidenta se comprometeu a elevar este piso para 75 mil pesos, ou 150 dólares, no próximo ano.
Apesar das melhorias, Michele Bachelet, que tem mandato até 2010, enfrenta a oposiçao da etnia Mapuche, a maior do país, que ainda que pequena, é muito barulhenta. Mas este é assunto da postagem seguinte.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

35 graus de madrugada

Esta noite nao dormi. Nao é possivel dormir com um calor de 35 graus à meia noite. Fiquei olhando o teto do quarto pequeno, pintado de azul escuro, sufocante. Um ventilador de pé, daqueles bem antigos, espalhava o ar fervente pelo pequeno ambiente. Molhei uma toalha com água e enrolei nos pés, que estao sofrendo, devido às andanças durante o dia. O chao é de carpete. Tudo é prático, para nao dar trabalho para a dona, que fica fora de casa o dia todo. Diferenças culturais, claro.
O sistema de transporte de Santiago é muito bom. Nao há engarrafamentos. O metrô cobre praticamente toda a cidade e há conexoes com ônibus, daqueles grandes, com sanfona, como os de Curitiba.
Segundo Isabel (la mamá), a mudança no sistema foi feita em janeiro de 2007 e num primeiro momento foi um caos. Os santiaguinos estavam acostumados com o transito caótico de milhares de microônibus, até que a Transantiago resolveu mudar tudo. Aqui como no Brasil temos nossas BHTrans. Nao conheci como era antes, mas agora é muito bom. Os motoristas de carro sao extremamente gentis e param sempre para o pedestre. Basta que se aponte numa esquina e o motorista já está parando o carro para você passar. Em algumas ruas pequenas nem precisa sinal de trânsito. O pedestre tem mesmo a preferência.
Outras observaçoes: o povo daqui fuma muito e bebe pouco. Na escola estao espantados com o tanto que nós brasileiros bebemos. Ontem fizemos um pisco sour de manha, na aula (mas foi a professora quem fez). E bebemos tudo. Já pensou uma caipirinha, ou duas ou três logo depois de 10 horas?
Diferenças culturais, claro.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Las parejas chilenas

Uma coisa que me chamou a atençao: os casais nao se separam legalmente, segundo minha "mamae", que se chama Isabel. Ela me disse que é mais vantajoso continuarem casados, mesmo que com outros parceiros, porque quando um dos pares do casal original morre, o outro fica com a pensao. Seja o homem ou a mulher. Desta forma, ela é separada de seu primeiro marido, mas nao se divorciou. Vive com outro companheiro há cinco anos, que também nao se separou de sua primeira esposa. E esta vive com um outro que também nao se separou da primeira mulher. Muito práticos os chilenos. E espertos. E a pensao passa para o outro, mesmo que você trabalhe e tenha seus próprios rendimentos.
Sobre o ensino, as filhas (mis "hermanas", Beatriz e María de los Ângeles), me deram uma aula sobre o sistema de ensino no Chile. Nao há ensino gratuito universitário. Até mesmo a Universidade de Chile, que é pública, é paga. Isto depois de Pinochet, porque antes havia a gratuidade. Porém, há o sistema de bolsas de ensino, bastante difundido.
E também me explicaram sobre a orientaçao política de cada universidade: as de direita, ou de orientaçao tradicionalista, sao identificadas como "opus dei". A Católica é "opus dei", a Los Andes é inteiramente "opus dei".
Também o sistema de saúde é todo privado. Há o "Inss" deles, o Funasa (Fondo Nacional de Salud) que tem os mesmos problemas que o similar brasileiro. O resto é privado e muito caro, segundo mis hermanas. E o atendimento privado se faz por meio de seguros de saúde que se contratam à iniciativa privada. Isabel vende este tipo de seguro de uma das maiores empresas, a Clínica Santa María. A maior se chama Clínica Alemana.

Infernal Santiago



Viña del Mar e a casa de Neruda, La Sebastiana, em Valparaíso
Infernal no bom sentido, só de calor, claro. O dia já amanhece com 25 graus. À tarde faz 34, 35 graus. E só anoitece às 9 horas da noite. A cidade tem um clima muito seco, apesar das centenas e centenas de praça, todas com fontes de água.
Obrigada a todos que estao acompanhando minhas impressoes e desculpem pela falta de acentos e outros errinhos. É que tenho postado sempre correndo, antes das aulas. E o teclado nao tem til. Quando chegar ao Brasil reviso tudo.
Bem acabei nao indo a Pucon. Me esqueceram no terminal de ônibus que é uma loucura só.
Fiquei p da vida e quase volto ao Brasil. A escola é muito bagunçada, como já disse.
Mudaram o ponto de encontro na última hora e como eu já nao estava mais lá, fui para o ponto original. Mas no sábado levantei cedo e fui para Välparaíso. Foi um passeio maravilhoso. Valparaíso é patrimônio mundial e as ladeiras sao muito mais inclinadas que as de Ouro Preto. Tem um clima (nao no sentido físico), maravilhoso. Há pessoas do mundo todo. Visitei a casa de Pablo Neruda, La Sebastiana. Uma casa muito doida, maravilhosa, com uma arquitetura estranha, mas interessante. Casa museu. E uma vista sobre o Pacífico indescritível. Aí pensei: "também com uma vista dessas, diariamente se abrindo de seu quarto, de sua sala, até eu escreveria "100 poemas de amor". (ai, ai, que sonho bom!)
Fui também a Viña del Mar, um balneário lindo, parecido com Mônaco. E a Reiñaca, onde almocei e paguei os olhos da cara por um peixe grelhado e uma saladinha.
Continuo minhas impressoes sobre Santiago. Minha "mamae" chilena conversa muito. Estou aprendendo mais com ela do que na escola. Ela me conta coisas do dia a dia e me ensina expressoes típicas, como "regalón", para pessoas muito folgadas. E pacos, o nome pejorativo dos carabineiros, que no Chile sao muito respeitados. Sao extremamente profissionais e acodem a todos os pedidos da populaçao. Desde incômodos de vizinhos até tentativas de assalto e perseguiçoes.
Bem minha aula está começando. Vou parar agora.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Santiago no verao


Meu curso é só de duas semanas. Nao creio que vá aprender a falar espanhol, mesmo porque a escola é uma bagunça só. Nao fizeram testes de nivelamento, nem nada. Creio que estraram no espírito brasileiro (tudo é festa!). Mesmo porque 90% dos alunos sao brasileiros. Só uns gatos pingados americanos, um alemao que vive no Chile há oito meses, trabalhando com crianças órfas, e uma holandesa.
Daí que a escola é uma festa só.
Mesmo nao aprendendo a falar com fluência o espanhol, a experiência é boa, porque se faz o turismo de forma mais barata.
No fim de semana vamos a Pucon, mais ao sul do país, onde há lagos e vulcoes. É um lugar mais conhecido e bem turístico.
Ontem visitamos a Concho Y Toro, claro, o passeio preferido dos brasileiros. Mas nos servem apenas uns dedinhos de vinho e contam muitas estórias, principalmente do vinho mais conhecido por nós: o Casillero del Diablo. Nas dicas da Flávia (coluna lateral), ela nao contou a história do Casillero, para nao estragar a surpresa de quem viaja ao Chile.
Mas eu prometo que conto, quando voltar ao Brasil. Agora nao tenho tempo.
Vou passando algumas impressoes de minhas andanças pela cidade.
Os santiaguinos sao muito amáveis, principalmente com os estrangeiros.
Há muitos cachorros pela cidade, até mesmo de raça, sem dono, e isto é uma preocupaçao para muitos. Nao conseguem resolver a situaçao, porque os defensores dos direitos dos animais nao deixam.
Ontem vi uma reportagem no noticiário matutino sobre os "excessos" de algumas tribos urbanas, como os "emo" (antigos punks), que aqui se chamam "pokemons".
Fazem sexo e se drogam no Parque Florestal, sem qualquer constrangimento. Mas um dos líderes do grupo disse que este nao é um comportamento de todos, mas apenas de pequenos grupos. A TV mostrou umas boas cenas desse pequeno grupo.
Também é possível ver pessoas muito jovens já com seus filhos. Minha professora disse que as jovens chilenas saem muito "tarde" de casa "com 21, 22 anos" . E se juntam com seus namorados. Quase nao se casam. Nao sei se este comportamento é extensivo a todas as classes. Como no Brasil, provavelmene nao. Contei a ela, que no Brasil os filhos deixam as casas dos pais cada vez mais tarde e ela se espantou.
Pequenas diferenças de realidades bem iguais.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Chile para estudantes

Meus "papás" chilenos, Isabel e Tchito e minha turma da escola. O de barba é o professor Bóris



Estou no Chile. Vim fazer um curso de espanhol e conhecer os pontos turísticos sem o "turismao" de agências. Está um calor infernal e nao encontro o til no teclado do computador da Escuela Bellavista.
Na chegada a Santiago, me encantaram os montes um pouco cobertos, nao muito, de gelo, devido ao verao intenso. A temperatura na cidade nao fica menos de 30 graus. O aviao sobrevoa os montes lentamente e é uma visao inesquecível.
Em minha primeira andança a pé pela cidade, fui ao parque Balmaceda e vi muitos jovens chilenos por ali, deitados à sombra, namorando. À noite vi, num noticiário, alguns velhos reclamando de cenas mais "calientes". Me admirei ao ver a tranquilidade com que se fica nos parques, sem se ser molestado por ladroes ou pedintes. Mas estes existem. Os primeiros em metrôs, mas só os chamados "maos leves", nada de assaltos a mao armada. E os segundos, geralmente crianças, em sinais de trânsito, em bairros mais ricos, como Providência.
Os chilenos sáo muito amáveis e amistosos. Estao sempre lhe dando beijinhos na face e sempre sorrindo.
O custo de vida é bem alto, mas como o real está mais valorizado que o peso chileno, dá para fazer algumas coisas.
Estou hospedada com um família chilena, num intercâmbio organizado pela Escola Belavista. É interessante este sistema, porque podemos conhecer os hábitos do povo chileno. E também para saber a que submetemos nossos filhos quando sao adolescentes e os mandamos para os intercâmbios nos Estados Unidos, Europa, Nova Zelândia e outros. Náo é fácil a adaptaçao.
Estamos acostumados a casas com três banheiros e aqui temos um só para toda a família.
Mas ninguém morre por isso.
E tirando alguns contratempos, como uma torcida no pé durante uma andança por Santiago, que me deixou um enorme inchaço e um roxo no tornozelo, a experiência está sendo boa.
Volto mais tarde, que minha aula irá recomeçar.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Trancoso extra turismo

Tem gente que atrai confusão e eu sou uma delas. Estava voltando tranqüila, meio morta de Trancoso, naqueles ônibus que fazem o trajeto desde Arraial. Num certo trecho, entra um sujeito. Negro, camisa azulona de manga comprida, arregaçada na metade do braço, um chapelão de boiadeiro, cawboy de praia, com a mao enfaixada, provavelmente por um corte. E um facão na cintura. Sentou-se no banco atrás de mim.
Muito tempo depois quando o trocador passa cobrando a passagem, ouço um zunzunzum.
_"Tem que pagar, senão desce!"
- "Paga. Num pago. Paga. Num pago. Motorista pára o carro que o passageiro vai descer".
Já começo a perguntar para os vizinhos o que acontece.
- Ele não quer pagar a bicicleta
- Mas que bicicleta?
- A que o onibus está levando.
- Mas cobra pela bagagem?
- Nao, só pela bicicleta.
- E quanto paga pela bicicleta?
- 5 reais
Conversava com o vizinho e se não estivesse assentada teria caído. A bicleta pagava mais que o passageiro.
O moço, com o facão na cintura, ia descer em Coqueiro Grande, mas quase foi despejado antes. E antes que algo pior acontecesse, como uma luta de facão, pagamos a passagem da bicicleta: eu, o vizinho e uma moça sentada mais à frente.
E o cawboy de praia foi embora, cumprimentando os pagantes da bicicleta, com soquinhos nas nossas mãos e beijinhos na despedida.
Perguntei para o vizinho que facão era aquele e ele me disse que o moço era matador de gado na região.
Ainda bem que era de gado.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Perguntar não ofende

O que um microônibus escolar da Prefeitura de Santa Luiza, placa JMX 9541 estava fazendo em Porto Seguro, no Primeiro de 2008, na praia?
O que uma ambulância da Prefeitura de Contagem estava fazendo na Passarela do Álcool, Porto Seguro, dia 28 de dezembro, com colchonete e tudo?
Perguntar não ofende.
E como devem ter percebido estou em Porto Seguro, desde o dia 27, enfrentando um calor do cão e ataques e mais ataques de pernilongos.
Fazer o quê, né? Também sou filha de Deus e preciso de férias. Mas estou atenta e não deixo passar batido nada. Até fotografei a ambulância (creio que uma sprinter) de Contagem, mas a foto ficou ruim, por causa do vidro fumê do ônibus que me levava para Trancoso.
Mas como não gosto de levantar falso testemunho, como diria minha mãe, creio que os dois veículos, das respectivas prefeituras da RMBH estavam a trabalho aqui na praia.
Uma trazendo doentes para os excelentes hospitais públicos de Porto e a outra, quiçá trazendo uns alunos para algum curso de verão.
Ninguém precisa ficar aí deduzindo que era puro gasto de dinheiro público!
Ô gente da mente poluída, sô!