sábado, 22 de novembro de 2008

Nossos coleguinhas de Cuba

Ainda sobre a visita dos jornalistas cubanos.
O mais interessante, aliás, interessante não, triste, é o total desinteresse da imprensa mineira pelos seus colegas cubanos.
Mesmo sem a obrigação de fazer matéria me bateu aquela curiosidade de perguntar tudo, de saber como é a profissão em Cuba. De confrontá-los com alguma pergunta sobre censura. Sobre salários, vagas, tipo de jornalismo que vem sendo feito lá.
Não temos esta oportunidade todo dia, no entanto, não houve interesse dos jornalistas mineiros.
Pra dizer a verdade, a imprensa mineira está tão burocrática, mas tão burocrática, que quem faz reportagens hoje em dia são as assessorias de imprensa.
Aí sim, é possível ler alguma informação.
E os jornalistas mineiros, gerações e gerações formadas nos últimos 10 anos, brincam de ser repórteres.
E se esquecem que os principais meios de comunicação, rádio e tv, são uma concessão pública e, portanto, têm um papel a cumprir junto ao público.
A grande imprensa hoje cria fatos, como faz a Globo quando quer mostrar determinado assunto.
Pega lá um recorte de qualquer coisa e o mostra como verdade total, inquestionável, montando um show, um espetáculo de qualidade questionável. A dita maior revista pega os temas e faz aquela mistureba de ataques inúteis, quando não trata o assunto superficialmente, o que acontece na maioria das vezes.
E assim vão-se criando os mitos sobre o que o público consome, sobre o que é audiência.
Pena que não pudemos conversar com os cubanos em uma palestra, no Sindicato, por exemplo.
Seria mais proveitoso para nós do que a coletiva marcada e ignorada.
Mas corria-se o risco de uma palestra vazia também.
Onde foi parar a curiosidade natural dos jornalistas?
Onde foi parar nossa sensação de pertenecimento do mundo e alteridade?

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