domingo, 25 de novembro de 2007

Uma tarde de web em Santa Tereza

Chegou ao fim nosso curso de gestão de conteúdo web. Deu para aprender mais um pouco, fazer um montão de novos amigos e aplicar quase nada do que aprendeu, não que o aprendido não seja aplicável, pelo contrário, já está ficando até ultrapassado. É que algumas estruturas são mais.
Mas continuamos insistindo nos cursos. Para o jornalista, a web é a ferramenta básica hoje; a caneta de outrora. Ferramenta, fonte primária, secundária, receptor, cada um ou tudo junto, depende do gosto do freguês.
E num sabadão à tarde, um calor infernal, com nossos certificados debaixo do sovaco, vamos beber umas cervejas no Santa Tereza, onde funcionou o curso. Anda daqui, anda dali e caímos no Marilton's, nem sei bem em que rua, só sei que é depois da Praça Duque de Caxias e eu recomendo: lugar legal, um clima de litoral com interior, um som maravilhoso, ao vivo, sem precisar pagar o couvert e claro, a boa cerva bem gelada.
Todos assentados e começamos, como você se chama? E você? E você?
E passamos uma longa tarde de copos e mais copos de cerveja, em inevitáveis discussões sobre tv digital, acesso e democratização da comunicação, tudo conforme manda o figurino de uma mesa de boteco, onde se resolvem todos os problemas e misérias do mundo.
Caindo a noite volto para casa, não caindo, mas rindo da situação. Pessoas estranhas que passam uma tarde inteira juntas, que discutem, que trocam promessas de se encontrar e beijinhos na despedida.
Nada como a web para encurtar, também, nossas distâncias reais!

sábado, 24 de novembro de 2007

Mudando a conta de banco II

Uma vez mais a grande imprensa mineira blinda o governo de Aécio em outra trapalhada. A bola da vez é a venda da folha de salários dos servidores estaduais para o Banco do Brasil e o caos que isso gerou.
Mas na grande mídia não tem nada. Um probleminha aqui, outro ali, coisa pontual.
E tenho minhas dúvidas de que esta censura seja uma determinação do Palácio da Liberdade, dama de ferro ao leme: dama de ferro construída por marketing, diga-se, já que a neta de Tancredo não tem história política para isso, nem know how para tanto. Com certeza não passa de mais uma peça da simbologia política dos Neves, engendrada com a morte do patriarca num 21 de abril e perpetuada no neto, nas vagarosas tardes do Solar dos Neves, único casarão de São João Del Rei a merecer tal classificação, afinal o mito se constrói no espécime único.
A censura é a pior delas: é a autocensura. O que o povo simples costuma explicar como "mais realista do que o rei".
A grande imprensa do Estado, grande não sei em que concepção, não divulga o caos, porque sabe quem paga a folha de salários. É o pacto do silêncio.
Ou pior, encontra um bode expiatório. E este é o Banco do Brasil.
Ele tem culpa?
Tem. E muita. De dar medo até em lobisomem, tal as conversas que temos ouvido ou lido. Coisas do tipo: "estão lhe empurrando um mundo de produtos, sem você saber. As informações não são bem aquelas que eles lhe dizem" e por aí vai.
Mas o problema se originou aonde mesmo?
Isto mesmo, no governo. Que ganhou, só ele, com a transação, fora o banco, claro. Porque os funcionários só levaram ferro, mais uma vez, e às vésperas do Natal.
Mas onde publicar isto? Acertou de novo: nos nossos blogs.
Depois a mídia não entende aonde foram parar seus leitores.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Mudando a conta no banco I

Essa história da mudança de conta dos servidores estaduais para o Banco do Brasil é coisa de arrepiar e de criar até eventuais paranóicos.
Fui abrir a minha conta no Banco do Brasil e não quis nada do que o rapaz me oferecia gentilmente.
Informei a ele, respeitosamente, que só queria mesmo a conta-salário, independente de todas as vantagens que o BB pudessse me oferecer. Tenho uma preguiça danada de banco. Já sofro extremamente de ir em um, imagina em dois!
Aí, tudo bem, segundo o rapaz. Assina aqui, assina ali, mais este papel aqui, mais esta folha acolá.
Assinei, sem ler, coisa de umas seis folhas.
Horas depois abro meu correio eletrônico e tomo um susto com as listas de discussão de servidores. Entre outras coisas, diziam que não era para você assinar nada sem ler tudinho, porque o bom rapaz concordava com você sobre a recusa do pacotaço do BB e então, por causa dessa simpatia toda, pronto, lá estava você assinando tudo que lhe era empurrado. E este tudo, segundo as opiniões das listas, é tudo mesmo: cartões de crédito, empréstimos, cheque especial, bolsa turismo para você fazer aquela viagem pra lua acalentada há dois anos, e por aí vai.
Bem, àquela altura não adiantava descabelar, já tinha assinado mesmo.
A única coisa a fazer é esperar o dia do pagamento e ver se vou poder transferir todo o meu salário para o outro banco, sem qualquer custo.
Não sei por que, mas tenho uma inabalável crença na honestidade humana.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Mudando a conta do banco

Não dá para entender. Aliás dá, não dá é para aceitar calada.
Governo mineiro, para botar a mão numa bufunfa gorda, causa tremendo transtorno aos seus servidores.
Muda o banco onde deposita os salários. Agora é só no Banco do Brasil e "f* vocês".
Entra na fila, falta isso, falta aquilo, xerox disso, xerox daquilo. E tudo para poder receber o salário de dezembro, que graças a Deus, já está batendo à porta, pelo menos isso.
E para comprovar a independência de poderes existentes nas Minas, os outros dois (o das leis e o dos julgamentos) também "aderiram" à mudança para o BB.
Dá para imaginar o tumulto que está nas agências com a abertura compulsória de contas?
Verdadeiro presente de Natal do querido governador.
O mais interessante é que o mesmo governo que demonstra extrema agilidade para fazer uma mudança que está atazanando a vida de mais de meio milhão de pessoas, é de uma morosidade inexplicável quando se trata de garantir alguns direitos básicos de seus servidores.
Dia desses ouvi uma queixa, numa fila qualquer, de uma professora que se aposentou há quatro anos, e até hoje não teve sua aposentadoria publicada, pasmem, quatro anos! Já está afastada este tempo todo da escola, todo mês recebe o contracheque com um erro qualquer. Agora ficou sabendo, por acaso, que a aposentadoria está errada, que o cálculo do tempo de serviço não é aquele e que ela precisa voltar para a escola e trabalhar mais dois anos!!!
Incompreensível?
"Meu Deus é mais"

domingo, 18 de novembro de 2007

Carro movido a chocolate



Os ingleses testam um veículo movido a chocolate. Vão fazer uma expedição Saara afora, de seis mil quilômeros, até chegar no Mali, um dos países africanos que mais sofre com a mudança climática. O combustível será doado, bem como os segredos de seu processamento, às autoridades da cidade de Tombouctou, que era portuária, mas devido às mudanças climáticas teve o seu rio empurrado 20 quilômetros de seu curso, pelas areias do deserto.
Cana, amendoim, arroz, beterraba, soja, mamona, milho, gordura de picanha são algumas das matérias-primas em teste na fabricação de biocombustíveis. Por isso, já há uma corrente de cientistas criticando os biocombustíveis e alertando para o risco à segurança alimentar do planeta. Ou seja, você reduz a emissão de gás carbônico na atmosfera, mas mata de fome grande parte da população do mundo, segundo eles. ("Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come").
E agora o chocolate. Alimento riquíssimo. Já foi bebida, já foi comida, já foi doce. Virou remédio, depois cosmético e agora combustível.
Você não precisa mais se preocupar de comer chocolate quando estiver com TPM. Ou estressado.
E nem adianta saber que os povos da América Central já bebiam drinks alcóolicos feitos com cacau, mil anos antes de Cristo.
E nem passar chocolate no cabelo, pra ficar com aquele cabelão lindo, brilhante e lustroso. Ou na pele, para acabar com as rugas.
Chocolate agora é para fazer andar carros.
E na África, ironia das ironias, continente campeão da fome mundial!

Expedição leva carro movido a chocolate para a África

sábado, 17 de novembro de 2007

E Papai Noel chegou

E Papai Noel chegou finalmente. Depois de muita empolgação do mestre de cerimônias, de músicas natalinas, e brincadeiras para as crianças que lotavam a praça de alimentação do shopping, ele desceu pelas cordas, do terceiro andar.
Uma entrada triunfal de artista de circo, com direito a muito suspense: "será que ele vai cair"? Será que o Papai Noel chega inteiro ao chão"?, entusiasmava-se o moço da apresentação, esquecido de que era uma festa de crianças, muitas ainda bem pequeninas.
Se eu fosse criança teria morrido de susto. Não gostaria nunca de ver um Papai Noel despencando do alto.
Queria vê-lo sempre entrando por uma chaminé, e quando essa não fosse possível, surgindo de trás de uma porta, disfarçado na penumbra de luzes pisca-piscas da árvore de Natal, para nos surpreender, arrepiar, acelerar o coração.
Mas não. Este Papai Noel desceu de cordas, como se fora um atleta de rappel. Sinal dos tempos.
Deu cambalhotas, magrinho, magrinho. Sinal dos tempos também.
E quando chegou ao chão, foi imediatamente cercado pelos seguranças e levado para outro lugar, sabe-se lá onde.
E a criança que eu sempre fui, não pôde puxar sua barba para ter a certeza de que era de verdade!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

ONU no Brasil

A meteórica passagem do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, por Brasília, tem um significado político: o ban ban ban (não resisti ao trocadilho) das Nações Unidas não veio ao Brasil, mas à Amazônia.
Não é à-toa que dos três dias no País, ele gasta dois deles no Norte brasileiro, visitando o museu Emílio Goeldi, no Pará, a Ilha do Combú, próxima a Belém, onde tem um parque ambiental, e discute os impactos do projeto do biocombustível brasileiro sobre a região amazônica.
Em Brasília, ele cumpriu estritamente o protocolar: um encontro com Lula e a apresentação das várias agências da ONU no Brasil, que tiveram apenas cinco minutos para se apresentar. Essas se ressentem do descaso e culpam a falta de carisma de Ban, em contraposição a Kofi Annan.
Ban Ki-moon veio na hora certa: o sincronismo de ações da ONU indica bem a prioridade dele à frente do organismo mundial: o meio-ambiente. Nestes mesmos dias de sua visita ao Brasil, o grupo do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, órgão multilateral formado por delegações de 130 paises) está em Valência, na Espanha, apresentando o último capítulo do relatório sobre a quantas anda o clima no planeta. As outras três partes do relatório foram apresentadas em fevereiro, abril e maio, e resultado todo mundo sabe: o inexorável aquecimento global.
A reunião do IPCC termina no sábado (17), com a divulgação do relatório na pesença do secretário-geral. O texto é uma síntese do que já foi falado antes, não contém novidades, mas as diretrizes para a política a ser adotada pós-Kyoto, que se expira em 2012 e cujo término é tema da reunião da Indonésia, em dezembro.
A novidade fica por conta das opções apontadas pelo IPCC: dá para estabilizar as emissões de CO2 a um custo razoável: menos de 3% do PIB mundial. E para o Brasil, o alerta feito em relatórios anteriores: o perigo da savanização da Amazônia, também lembrado na Conferência sobre Mudanças Globais para a América do Sul, realizada em São Paulo, na semana passada. Este perigo é patente no leste amazônico, onde ocorre mais intensamente o desmatamento.
O governo editou aí um decreto que imita uma privatização de partes da região, ao conceder a empresas, o direito de explorar a floresta. Disse que é uma forma de preservá-la.
Tenho minhas dúvidas.

domingo, 11 de novembro de 2007

Conclusões da Conferência de Mudanças Climáticas

Como a grande imprensa não deu a mínima bola para a conferência que trouxe cientistas do continente sul-americano para discutir as mudanças no clima da América do Sul; e como fiz um post sobre o assunto - ainda que não tenha havido uma resposta para minha indagação para o problema do gás metano dos bois e gnus -, dou minha pequena contribuição, reproduzindo algumas das conclusões e recomendações do encontro, divulgadas unicamente no site do evento:

Há uma percepção de mudança do eixo de discussão da conferência: antes, o foco era a existência das mudanças climáticas. Agora, o consenso entre os cientistas presentes nesta conferência é que as mudanças climáticas são uma realidade. No entanto, é preciso ter um maior conhecimento sobre medidas de adaptação e mitigação nos diversos setores da sociedade.

Os tomadores de decisão das políticas públicas precisam que as informações técnicas sejam não só acessíveis, mas também disponíveis em formato executivo.

Há uma necessidade de maior utilização de desenvolvimentos científico-tecnológicos como suporte à tomada de decisões em políticas públicas como garantia para o desenvolvimento sustentável. Deve-se também aliar academia, setor privado e organizações não governamentais.


Taxação e soluções

Recomendam-se que as políticas públicas definam ações claras que levem à redução de emissões de gases do efeito estufa, tais como taxação de combustíveis fósseis, aumento da eficiência energética etc.
Foram discutidas ações de adaptação às mudanças climáticas de caráter prático e de baixo custo, como, por exemplo: pintura do teto dos prédios na cor branca em regiões tropicais (o que evita o aquecimento da residência e gera economia de energia elétrica), reflexão por cobertura parcial no semi–árido (economia de água nos açudes), coberturas do solo no semi-árido.


O pesadelo amazônico

As conclusões relativas à Amazônia na conferência foram: existe uma incerteza quanto à capacidade de adaptação da floresta amazônica às mudanças climáticas; as modelagens metereológicas indicam uma possibilidade de savanização da Amazônia Brasileira; observa-se uma redução significativa da taxa de desmatamento nos últimos três anos, apesar de ainda ser superior à média histórica da década de 1990 e de os vetores que a determinam não serem muito claros.
Em relação à conferência anterior, relatou-se a aprovação de duas metodologias florestais complementares para obtenção de créditos de carbono no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL): 1) recuperação florestal em Áreas de Preservação Permanente; 2) fomento a plantações florestais para fins industriais.
Recomenda-se a atenção dos órgãos de política agrícola ao uso racional de fertilizantes nitrogenados em atividades agrícolas e pecuárias.

Destaque para os aspectos sociais das políticas de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas. É preciso que projetos privados de redução de emissões procurem incorporar esses aspectos, e não somente o cumprimento da legislação nacional. Ao mesmo tempo, é preciso também pensar como a sociedade civil pode melhor se adaptar às mudanças climáticas.


Mudança de hábitos

O aumento populacional no planeta não condiz com o aumento na demanda de recursos hídricos. Portanto, há uma necessidade clara de mudança de hábitos de consumo, ou seja, mudança de paradigmas. A gestão dos recursos hídricos e o desenvolvimento urbano são estratégias para essa mudança.

As Oscilações Decadais do Pacifico (PDO) podem trazer uma atenuação ao efeito do crescente lançamento de gases de efeito estufa na atmosfera nos próximos anos. Os oceanos regulam a distribuição de calor no planeta. Há uma potencial redução na capacidade dos oceanos de absorver CO2.


Há uma incapacidade do sistema econômico atual de reduzir a demanda por água.
As incertezas associadas às mudanças climáticas aumentam o risco no planejamento do uso dos recursos hídricos (por exemplo, construção de hidroelétricas).

Biocombustíveis

Os biocombustíveis são uma alternativa para que o setor de transportes dê a sua contribuição para a mitigação das emissões de gases de efeito estufas, em especial o etanol oriundo da cana-de-açúcar. No entanto, a melhoria de aproveitamento energético é tão importante quanto o uso de combustíveis alternativos, assim como a melhoria da eficiência dos motores e a redução do peso dos veículos e maior uso de transportes coletivos.

Aponta-se um conflito entre a utilização de terras para cultivo de alimentos e para obtenção de biocombustíveis.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Mudança climática

Em São Paulo começa hoje (5), a 3ª Conferência Regional sobre Mudanças Globais da América do Sul, que terá a apresentação de mais de 100 trabalhos relacionados com a mudança climática.
A discussão deve começar, naturalmente, pelo último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), que terá alguns de seus representantes presentes ao encontro. Junto com este relatório e suas sugestões, os cientistas da 3ª Conferência vão se deter especificamente sobre as mudanças na América do Sul e as soluções para a região.
O Brasil vai estar com as barbas de molho: além da poluição provocada pelas grandes queimadas em vastos territórios nacionais, o País é responsável por outra importante emissão poluente: o gás metano.
Embora a presença deste gás na atmosfera seja quatro vezes menor do que o gás carbônico, a origem de sua participação no aquecimento global chama a atenção, no caso brasileiro.
O metano brasileiro não é liberado pelos lixões, ainda que estes tenham uma importante contribuição, mas pelo rebanho bovino.
Em uma conversa de fim de semana, à beira de uma piscina e de muitas latas de cerveja, e por causa da presença de um ecologista ( Gustavo, geógrafo com ênfase em Meio Ambiente), fiquei sabendo do problema que o rebanho de gnus da África causa ao clima, com seus gases intestinais. Gnu é aquele animal que aparece sempre nos safáris, filmes, correndo desembestado pelas savanas africanas. Na verdade, a cena ocorre quando o rebanho, calculado em cerca de 2 milhões de animais, migra da Tanzânia para o Quênia, em busca de alimentação. Vocês podem imaginar o tipo de conversa que foi. As piadas, dois milhões de gnus correndo e ....
Aí, pesquisando daqui e dali sobre o assunto, acabei por deparar com a discussão sobre a emissão de metano oriundo dos gases do rebanho bovino brasileiro, o maior do mundo, com cerca de 200 milhões de cabeças. Milhões de toneladas de metano são liberados anualmente por esse processo "natural".
De acordo com especialistas, e com estes eu não discuto, a não ser para provocar o debate, cada molécula de metano, potencialmente, tem um efeito estufa maior, mas a nossa sorte é que a quantidade de metano na atmosfera é umas 250 vezes menor que o gás carbônico.
Daí que na Conferência deve aparecer alguma coisa sobre controle do gás metano no Brasil. Dizem que há muitos projetos nesse sentido, só que ligados às emissões dos lixões, que como vimos, não são os responsáveis maiores pelo metano na atmosfera.
Vou acompanhar os resultados do encontro de São Paulo para saber como os cientistas e pesquisadores, principalmente os da Embrapa, pretendem controlar a emissão da flatulência bovina.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Chico vai embora

O macaquinho prego Chico,que foi alvo de reportagens e mais reportagens, até do Jornal Nacional, vai mesmo ter de deixar sua casa no Parque da Mata do Ipê, em Uberaba. Ele já está de malas prontas, pois só pode ficar no atual endereço até 20 de novembro.
Os humanos continuam dando sinais de irracionalidade e este é o melhor exemplo. O macaco foi acusado de agredir visitantes do parque, roubar uma coisinha aqui, outra ali e dizem ainda que tomava uns porres. Por isso, as "autoridades" decidiram que ele tinha de ser despachado, "porque estava impróprio para o consumo" (mas o leite da Coopervale, de lá, não estava né?).
Resolveram fazer uma audiência pública para a própria população definir o destino dele (ô beleza de democracia!), e decidiram perdoar o cara, daquela vez. Mas parece que não teve jeito. O macaco reincidiu e atacou de novo outras pessoas, mordendo dedos e mãos.
Foi aí que veio a sentença definitiva do Ibama (porque este não vai cuidar de sua vida e acabar com o desmatamento da Amazônia?): o Chico tá banido da comunidade, por comportamento anti-social.
Dizendo assim parece chacota, mas não é. Dá pena ver como se resolve o problema sem se aprofundar em suas causas.
Ninguém explicou por que o Chico agride os visitantes. Será que não foi por provocação deles mesmos? Também ninguém explica quem deu bebida para ele. Será que o Chico foi ali no bar da esquina e comprou umas pingas e depois, rindo desavergonhadamente da cara do "home" do balcão, mandou colocar na "conta do Nereu, se ele não pagar, nem eu"?
Com tantos especialistas por estes zoológicos afora, será que ninguém pensou que o Chico, aos cinco anos, já estava estressado com aquele "porre" de gente puxando seu braço, dando comida ruim, fazendo e dizendo idiotices?
Pois quem não se lembra do Idi Amim, aquele gorilão do Zoo aqui de Beagá, que também andava meio bravo com a turma da visita? Descobriram que a agressividade era porque ele estava sentindo uma falta danada de uma companheira. Por isso, foi feita uma campanha para arranjar-lhe uma namorada.
Será que o Chico também não quer é namorar?
Tem lá sua irmã Chica (ô imaginação fértil para nome!), mas não é a mesma coisa, né mesmo?
E o pior, a Chica vai ter de partir também, da casa onde os dois nasceram e viveram até agora.
Ah! mundo cão.
Dá vontade de falar para o Chico fazer uma greve de fome. Ou então de recitar um verso de Drummond para ele: "vai, Chico!ser gauche na vida".
E quando se for, Chico, vire para trás e dê uma banana para eles!

(Ao lado, uma poesia em homenagem ao Chico)