quarta-feira, 27 de maio de 2009

Leis ambientais estão na mira dos legisladores

O movimento ambientalista dá mostras de uma mobilização tímida. E é urgente esta mobilização, diante do torpedeamento drástico que o meio ambiente vem sofrendo, sobretudo com a modificação das leis que o protegem.
Exemplos estão aí aos montes: a mudança na lei de proteção às cavidades naturais, uma das coisas mais estúpidas que se pode imaginar, principalmente para Minas Gerais, que tem rico acervo de cavernas.
E também a mudança proposta na Câmara de Deputados para a lei de proteção às restingas, outro chute no saco de quem quer preservar um patrimônio que é de todos, diante do interesse de alguns pouquíssimos.
Por isso, a turma do ambiente, sob a batuta do SOS Mata Atlântica, se reuniu em São Paulo, no último fim de semana, para discutir uma mobilização nacional. E foi proposto algo como o movimento das "Diretas Já".
A ideia é colocar 1 milhão de pessoas nas ruas do país.
Aqui temos alguns avanços: está perto a criação do Parque Estadual da Serra do Ouro Branco, com seus 15 mil hectares. As audiências públicas acontecem nos dias 4 e 9 de junho, em Ouro Branco e em Ouro Preto.
E há um projeto de lei tramitando desde o ano passado na Assembleia Legislativa (PL 2.771/08), que reduz os limites de consumo de produtos e subprodutos florestais pela indústria.
Seria mais um projeto do Executivo a rolar no Legislatico, não fosse o puxão de orelhas dado pelo governador hoje, nos deputados estaduais, insistindo para que votem logo, senão a vaca vai para o brejo.
Segundo especialistas, a nova lei seria uma maneira eficiente de combate ao desmatamento no Estado.
No corpo do projeto, que modifica a Lei 14.309 de 2002, está a diminuição até 2017 da quantidade de mata nativa que as indústrias (siderurgia) podem usar para suprir suas necessidades. (Já viram a quantidade de caminhões de carvão na estrada de Curvelo?).
Esta redução gradativa chegará a no máximo 5% de uso de matéria-prima natural em 2017. Hoje as siderúrgicas podem usar 100% de floretas naturais desde que façam a reposição em dobro do que foi consumido. (Mas como fiscalizar isso, apesar da boa vontade do IEF?).
Só para lembrar: Minas possui a maior área remanescente de Mata Atlântica do país: 2,6 milhões de hectares.
Mas como nem tudo são flores, dá-se ali, toma-se aqui.
É o que fizeram com a mata seca , no Norte de Minas. Lei anterior permitia o uso de no máximo 20% desse bioma, na implantação de projetos agropecuários. Modificação sancionada em janeiro deste ano escancarou o percentual para 60%, um pequeno mimo para os grandes projetos comerciais de agropecuária da região.

terça-feira, 26 de maio de 2009

A criação do Parque da Serra do Ouro Branco


Finalmente foram marcadas as audiências públicas para discutir a criação do Parque Estadual da Serra do Ouro Branco e Monumento Estadual Natural do Itatiaia. As explicações do IEF, outras entidades e empresas vão acontecer dias 4 e 9 próximos, em Ouro Branco e Ouro Preto.
No dia 4, a audiência é às 18 horas, no auditório da prefeitura de Ouro Branco. E no dia 9, é às 17 horas, na sede da Associação dos Moradores de Chapada, distrito de Ouro Preto.
Quem manda o convite é o João Paulo, da ONG Movimento Legal de Ação Guardiães da Serra do Ouro Branco e Projeto Co-Criar.
Já tem é tempo que uma gente preocupada com a conservação de um dos monumentos naturais mais bonitos de Minas luta para que o parque saia, desde 2003.
Em 2007, participei de uma audiência pública em Ouro Branco com ambientalistas, IEF e Assembleia Legislativa e assinei uma petição para a criação do parque.
São 15 mil hectares de área, quase tudo em Ouro Branco e uns 5% em Ouro Preto.
O local guarda uma biodiversidade riquíssima, mais do que a Serra do Cipó, considerada antes o celeiro mineiro de espécies vivas. Um estudo da Terra Brasílis mostra que a serra guarda mais de 800 espécies vegetais.
A Serra do Ouro Branco já é tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual desde 1976. Conta com incríveis lugares históricos e naturais, como um mirante, trilhas, cachoeiras, partes da Estrada Real com pontes dos séculos XVIII e XIX.
E o mais significativo: é o marco zero da Cadeia do Espinhaço.
A criação do parque vem coroar o trabalho de muita gente preocupada com a exploração indiscriminada de minérios e com o turismo predatório.
Por isso é preciso que toda a população compareça.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A moça e seu celular

A moça olha seu celular sem parar. Confere e-mails.
E é sábado e o dia está lindo, com sol claro e céu azul.
Será que ela não vê o tempo?
Não vê as pessoas à sua volta, conversando, rindo?
Vê mas não enxerga?
Que pena ter tanta tecnologia e ficar escrava dela, trabalhando quando deveria estar ouvindo os passarinhos, os risos de seus convidados, o barulhinho das folhas nas árvores, o movimento do vento.
Mas o celular que acessa e-mails é ferramenta de trabalho, de escravidão e nem todos se dão conta disso.
Saem de férias, de licença médica, de feriados, mas carregam o trabalho junto. Carregam a angústia também.
Que pena ter de ficar 24 horas lendo e-mails e ficar com eles estampados na cara amarrada, no rosto congestionado, na mudez, no distanciamento.
Algumas coisas ficam na face, indelevelmente.
E desconectar é tão simples!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Férias de graça em Cancún

Pela primeira vez, desde que cheguei do México, fiquei triste de não ter pego o vírus da gripe influenza A. E não estou de brincadeira não.
Se antes fiquei aliviadíssima após os 10 dias do período de incubação, agora estou aborrecidíssima.
É que vi ontem a associação dos hoteleiros de Cancún oferecendo um pacote de férias gratuitas (uma semana), em hotéis de lá, por três anos consecutivos, para quem, comprovadamente, foi contaminado e sarou.
Fiquei com ódio da Secretaria de Estado da Saúde que sequer me indicou ir ao Hospital das Clínicas, pelo menos para fazer uma avaliação médica, mesmo quando eu liguei para informar que estava esspirrando muito e tossindo, ainda dentro do prazo de contaminação do vírus (no nono dia manifestei esses sintomas, que a SES disse ser da gripe comum).
E com mais ódio ainda, já que minha filha ficou gripada, bem mal, com uma tosse infernal por mais de 10 dias. Os meus sintomas foram mais suaves. Lembrem-se que estive na Cidade do México, Acapulco, Mérida e Cancún, no auge da epidemia.
Já pensou se eu tivesse feito o exame e ter sido positivada para o influenza A?
Já estaria curada e candidatíssima a ir a Cancún durante três anos seguidos.
Ficar lá naquela mordomia toda, naquele paraíso, de graça!
E com possibilidade ainda de passagens aéreas também gratuitas, segundo o boss lá da associação dos hoteleiros.
Mas já viu como é a Lei de Murphy, né?

domingo, 17 de maio de 2009

A importância do título

Fui gastar meu presente do Dia das Mães ontem, um vale para uma massagem de pés reflexológica. Enquanto ficava ali naquela cadeira quase cama, indo ao paraíso entre uma desligada e outra, via um circuito interno de tv com pílulas de notícias e publicidade. E várias vezes li: "mãos, faça rejuvenescimento".
Claro que na saída a primeira coisa que fiz foi perguntar sobre.
"É o máximo, você faz uma esfoliação profunda com um creme de ácido salicílico, depois duas hidratações com ácido retinóico e Dmae". Na mesma hora marquei e voltei à tarde para fazer.
Aproveitei e fiz as unhas também.
"E achei ótimo, fiquei tão maravilhada que até achei minha mão mais clara, mais brilhante. "Não é?", concordou a recepcionista.
Já em casa, mexendo numas gavetas, achei um creme de mão com ácido retinóico. E no banho, vi um creme de esfoliação. E na geladeira havia um potinho com creme Dmae, desses manipulados.
Bem, quem manda estar tão suscetível à publicidade?
E olha que sou mais ou menos do ramo!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A passeata dos "sem-namorado"

Movimento Marcha mundial das Mulheres

Um site de relacionamentos resolveu inovar e vai promover uma passeata dos "sem-namorado". Achei o máximo, ainda mais que o evento ocorre quase um mês antes do Dia dos Namorados (ainda é 12 de junho?).O Rio faz amanhã, 15, e São Paulo dia 17, para - quem sabe-, alguns chegarem na data romântica já com os respectivos pares. No Rio a andança acontece na Candelária e em Sampa no Parque do Ibirapuera. Portanto, se você estiver aí de bobeira, corra e vá buscar sua cara-metade.Imagino que vai dar muito ibope, tal a quantidade de gente, sobretudo jovens, reclamando da falta de relacionamentos fixos, duradouros, sérios. O engraçado, ou triste, sei lá, é que a reclamação é entre os dois públicos, ou seja, a culpa está em uns e outros, segundos eles mesmos.Já escrevi aqui algumas vezes sobre as dificuldades de relacionamento relatadas pela moçada: "que não há meninos/meninas sérios", "que não há meninos/meninas interessados em namoros sérios" e por aí vai.Fico pensando onde está o ponto de estrangulamento, porque a coisa parece muito fácil: "você quer namorar sério comigo, tipo casal?"Mas não é bem assim. Há toda uma pressão do grupo de ambos os sexos para "ficar", "pegar", "beijar".E como vivemos na era do coletivismo, onde as ideias e os comportamentos não padronizados são considerados "muito estranhos", "sem noção", a turma vai cumprindo seu destino de rebanho.Fico pensando na passeata dos sem-namorado de Belo Horizonte, se ela aqui ocorresse.Uma multidão de mulheres de encher duas avenidas Afonso Pena e uns gatos pingados bêbados, lotando o saco das coitadas.E óbvio, muitos, mas muitos, mas muitos gays dando o maior apoio a suas coleguinhas, porque toda moça solteira tem seus gays no rol dos melhores amigos.E isso aqui de gays não tem nada com preconceito, apesar do texto parecer meio pejorativo.É pura comprovação da nossa realidade.Na turma de amigos da minha filha há pelos menos uns 10 gays e todos muito amigos e companheiros entre si.E eu já tentei até arrumar um namorado para um deles, mas acabou não dando certo, porque o pretendente era muito branquinho e ele preferia os bem moreninhos, o que mostra que eu de cupido teria morrido de fome.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Urbanização ambiental


Plante sementes no Rola Moça

Um bom programa para o próximo domingo. É divertido, agradável e ajuda o meio ambiente
Dia 17/5, o Movimentaminas programou uma atividade no Parque Estadual Serra do Rola Moça.
É o projeto Sementes, de conscientização social com ações que favoreçam a preservação do meio ambiente.
Mais de 50 voluntários irão plantar 150 mudas de espécies nativas do cerrado.
Quem quiser participar ainda dá tempo.
É no domingo, dia 17, começando às 10 horas, com credenciamento e lanche, palestra às 10h30 e plantio às 11h30. O encerraento está previsto para 12h30.
Você pode também acessar a página do movimento e ver mais detalhes:

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A "consulta " da influenza A

É cansativo ter de voltar ao assunto da gripe influenza A, mas sou obrigada a relatar o que me aconteceu, para mostrar mais uma vez o despreparo dos órgãos oficiais encarregados de monitorar a epidemia.
E é bom que se repita insistentemente: é epidemia, quase pandemia.
No sábado à noite, 9º dia da minha volta do México, comecei com uns sintomas da gripe, imagino que a comum. Espirros abundantes, congestão nasal e dor de cabeça leve. Nada de febre, nada de dores musculares e tosse. Domingo a coisa persistiu e minha filha também reclamou. Os sintomas dela foram só espirros e dor de cabeça, e um ligeiro estado febril (37.5 graus).
Hoje, segunda-feira, ligo para o o8002832255 da Secretaria de Estado de Saúde.
Finalmente resolveram pegar meus dados, quando fui e quando voltei do México, telefone e endereço.
A atendente, Ana Paula, disse que a médica iria me ligar em poucos minutos.
Disse a ela que não estava impressionada, só precisava tomar medidas em relação à minha secretária, e ao meu emprego. Ou seja, quis deixar claro que não estou preocupada, pois não sou nem um pouco neurótica com doenças, pelo contrário, sou bastante displiscente.
Bom, duas horas e meia depois, nada de telefonema.
Nesse meio tempo já havia falado com o médico da Assembléia, pedindo uma orientação sobre ir ou não trabalhar.
Disse para ele que os espirros e a coriza muito intensos poderiam deixar inseguros meus colegas. Ele concordou e me mandou ficar em casa hoje, inclusive para evitar uma propagação da gripe comum, que segundo ele, deve ser o meu caso.
Eu concordei e também acho que apenas dei o azar de pegar a gripe comum ainda dentro do período de manifestação da influenza A.
Voltei a ligar na Secretaria de Saúde e reclamei que não havia recebido o telefonema ainda.
A atendente disse que hoje estava tendo uma demanda grande de ligações, o que acendeu minha luzinha de jornalista, pois indica algum descontrole ou um certo pânico da população. E pediu meu endereço novamente, o que indica uma bagunça no atendimento telefônico.
Finalmente a médica, Neuza Soares Menzes, agora da Secretaria Municipal de Saúde, me ligou e descartou imediatamente a influenza A, pelo critério do tempo.
Achei muito precária a "consulta" pelo telefone, pois se trata de um vírus muito desconhecido, de alta mutação e, portanto, que merecia um rigor maior nos critérios de avaliação da contaminação.
Mas este é o Brasil.
Estas são nossas autoridades sanitárias, que nunca lidaram com uma situação dessas, a não ser em relação à dengue, e que deveriam estar mais criteriosos, mais desconfiados, porque depois do vírus instalado, não terão nem linhas telefônicas para atender os chamados.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Porque hoje é sexta

E porque hoje é sexta, e se Deus quiser, não acontecerá mais nenhum escândalo, a gripe não pulará, a chuva no Nordeste dará uma trégua, ninguém matará seu filho, e aí volto a postar só na segunda.
Por isso, porque hoje é sexta, vou de Fernando Pessoa, compartilhando-o com vocês:

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu

Cassação já para o deputado que se lixa

A Câmara Federal poderia fazer um gesto supremo "de corte na carne" - como se costuma chamar aquelas ações que ela própria perpetua contra algum de seus membros -, e cassar de vez dois deputados: o do castelo e o que "está se lixando para a opinião pública".
Este deputado Sérgio Moraes, do PTB gaúcho, é mesmo um elefante em loja de porcelana.
A declaração dele de que está se lixando para o que os jornais escrevem, e consequentemente, para a opinião pública, é alguma coisa nunca vista em termos de escárnio.
Qunado ele disse, com todas as letras, que não se importava a mínima com os jornais, sabia que estes, ruins, bons, engajados, comprometidos com um ou outro interesse, são o reflexo da opinião pública.
É ali, naquele pedaço cheio de imperfeições, que a sociedade se espelha.
E o deputado ignorar isso, bem, só usando a popular "me engana que eu gosto".
Por isso deve perder o mandato, já que não respeita o povo para quem deveria ser dirigido seu mandato, povo aliás, objetivo primordial de qualquer mandato político.
E o do castelo deve ser cassado não porque tem um castelo, que aliás construiu muito antes de ser deputado.
Mas por ter usado suas empresas para fornecer notas fiscais e justificar os seus gastos com a verba de representação. Quer algo mais espúrio do que isso? E o cara ainda se apropriava dos dinheiros descontados dos empregados, como o FGTS e o INSS.
Recall
Por isso, na reforma política que ora se discute no Congresso, é preciso urgente implantar um mecanismo já presente em alguns países, o do "recall de políticos".
Com este instrumento, a população pode tomar o mandato de presidentes, senadores, deputados, quando estes estiverem fora da linha, quer dizer muito fora da linha, com muito defeito de fabricação mesmo, daqueles que comprometem a segurança e o desempenho.
Tem até uma Proposta de Emenda à Constituição com este teor, do senador Eduardo Suplicy tramitando no Congresso.
Mas já viram né? É a história do cortar na carne. A matéria tramita a passo de tartaruga, apesar de ter opinião favorável do relator na Comissão de Constituição, senador Pedro Simon.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

E a gripe chegou

Finalmente não deu para esconder mais e o governo brasileiro teve de admitir hoje quatro casos da gripe influenza A.
Disso tudo fica uma certeza: os governos continuam cometendo eternamente os mesmos erros: esconder da população a verdade, ou mascarar, ou dourar a pílula.
Desde domingo, alguns de nós, por causa de contatos dentro da vigilância epidemilógica de São Paulo, já sabíamos do caso naquele estado, confirmadíssimo. Menos pelas autoridades brasileiras e por esta imprensa incompetente, que fica repetindo infinitamente, sem levantar o traseiro de suas redações refrigeradas, o que o comunicado oficial garante.
Ô saudade dos tempos da imprensa que apurava, que não engolia releases e comunicados oficiais.
A história brasileira está repleta de mentiras encobertas pelos comunicados oficiais.
Alguém ainda se lembra do caso do Tancredo Neves?
Pois é, pouca coisa mudou.
Aliás piorou, porque agora não há jornalistas dispostos a desvendar esquisitices.
É mais, mais cômodo, mais rentável repetir o oficial, "colocando na boca do entrevistado" (jargão dos jornalistas para as declarações entre aspas, sem qualquer apuração).
A confirmação já era sabida, mas a informação foi sendo ministrada em doses homeopáticas, como na declaração do ministro Temporão (será que ele algum dia amadurece?), de que "a chegada do vírus ao Brasil é inevitável".
De que adianta o ufanismo agora, de que estamos preparados, temos remédio para 9 milhões de pessoas, etc?
Por que não admitir desde o início que existia muito discurso e pouca ação, pouco comprometimento dos servidores da área de saúde que trabalham no caso?
Por que não admitir desde o início que o Brasil não tinha sequer como comprovar os casos suspeitos porque não possuía o kit do exame, que só chegou hoje? (Coincidência o anúncio oficial dos quatro casos?)
Por que não admitir que instalado o vírus no país, pelas nossas condições sanitárias, corremos o risco de ele se alastrar rapidamente?
E pior de tudo, por que as autoridades estão se lixando (para usar uma palavra na moda entre os políticos), para a possibilidade da segunda onda da gripe, mais intensa e devastadora?
Só para avivar nossas memórias: dengue era uma doencinha de nada, que acontecia aqui e ali e hoje é este flagelo, que governo nenhum de cidade ou estado consegue controlar. E com dezenas e dezenas de mortes todos os anos.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A margarita como fazem no México


Se você buscar no Google vai encontrar milhares de páginas ensinando a fazer a margarita, o mais tradicional drink mexicano. No Brasil, os bares a preparam só com limão e Cointreau e a dose de tequila é muito alta o que deixa a bebida muito forte.
No México, eles a tomam bem fraquinha, talvez porque os turistas a pedem o dia inteiro, a começar pela manhã, quando estão nas piscinas dos hotéis.

A minha receita preferida foi esta aí em baixo:

Coquetel Margarita
(para seis pessoas)
125 ml de tequila branca
60 ml de licor seco de laranja (triple sec, encontrado em casas de bebida, ou o cointreau)
60 mil de suco de limão
4 taças de gelo picado e
Sal
Preparo -
Umedecer as bordas do copo ou taça em que for servir o drink com suco de limão. Espalhar sal em um prato e molhar as bordas do copo ou taça nele para fazer a borda cristalizada de sal
Bater num liquidificador a tequila, o licor de laranja, o suco de limão e o gelo, por uns instantes, em velocidade alta.
O gelo batido dá a consistência de "frozen", que é bem melhor do que o gelo batido ou picado, feito em coqueteleira.
Colocar a mistura nos copos ou taças previamente preparados.
Se você quiser mais forte, vá temperando com mais tequila, mas depois não reclame.
E advinha por que me lembrei de colocar esta receita agora?

.

Oi TV e Oi internet, a fantasia

Ter de recorrer ao atendimento de algum desses serviços - Oi, Oi TV, Oi internet, Claro, Vivo, Tim, é um martírio.
Há dois dias estou com o sinal de tv a cabo da Oi TV praticamente inviável. Os canais comerciais estão quase desaparecidos, de tão ruim o sinal.
E agora, quando ligo para pedir assistência técnica começa o suplício.
Duzentos telefonemas cheios de "um momento senhora", "confirme alguns dados, senhora", meu Deus é de deixar qualquer um louco!
E não resolvem!
"O sistema está indisponível", "o ramal está ocupado", "liga daqui a 30 minutos"!
Quem pode com uma coisa dessas? E a ligação é cobrada num telefone prefixo 4002, que me passam.
E o pior: não estou relatando nada novo. Os Procons estão entupidos dessas reclamações.
Então por que não há uma providência drástica das autoridades competentes (Anatel)?
Há lei para isso, lei para aquilo, mas tais serviços, ou melhor, desserviços, continuam cada vez piores. E ainda pago e caro por eles.
Formas de punir e resolver existem, só que as agências reguladoras não têm coragem de encarar o poder desses grupos.
Também com as relações incestuosas entre governo, agências e operadoras, dá para entender.
Uma medida muito simples seria, a cada reclamação na agência, a multa à operadora seria imediata. Uma multa razoável, só para dar bastante prejuízo à operadora no acumulado.
Mas podem dizer: "não, mas a culpa pode não ser da operadora. É preciso apurar antes".
Ah, é? E as multas de trânsito que tenho de pagar primeiro para depois contestar?
Com a cobrança automática a cada reclamação na Anatel, quem sabe as operadoras pensariam em investir um pouco dos fabulosos lucros em modernização tecnológica e de atendimento, principalmente.
E nem adianta mudar de operadora, como sugere candidamente a Anatel, confiando na concorrência. É tudo uma porcaria só.
O índice de civilidade e desenvolvimento de um país se mede também pelo respeito ao consumidor.
Já viu em que nível o Brasil está né?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Viagens lidas são como as vividas

Para quem gosta de textos de viagens confira a coluna lateral Viagens & Cia. As últimas são as do México e umas postagens do jornalista Márcio Metzker que fez um périplo de carro pela Europa e nos enviou uns textos sensacionais como só ele sabe fazer. Aproveite!

E a Globo manda a Vigilância me ligar

Depois que a Secretaria de Saúde me ligou no sábado sobre a gripe suína - que não é suína mais, e sim Influenza A (H1N1), depois que os porcos reclamaram que não tinha ninguém por lá com gripe-, fiquei mirabolando como a SES conseguiu meu telefone.
Primeiro achei que foi por causa da matéria do Hoje em Dia, mas como a Rosângela Guimarães não recebeu nenhuma ligação, descartei esta via.
Pensei que havia sido a minha irmã Glória, em sua esculhambação com o pessoal da Infraero em Confins e depois com os da Vigilância Sanitária estadual. Ela passou de setor em setor, esculhambando todo mundo.
Mas ela não deu meu telefone para ninguém, aliás, segundo ela, nem perguntaram meu nome ou algo assim básico.
Aí me lembrei que no meu contato com a produtora Patrícia, da Globo Minas, deixei meu telefone.
Bingo!
A Globo deve ter ligado para a Secretaria para ver se estavam fazendo a vigilância e citaram minha reclamação.
É a Globo pautando as autoridades também.
Também, porque já pauta o resto da imprensa, o público brasileiro e até sul-americano.
Recebo o e-mail de minhas colegas paulistas, duas de Campinas e duas da Capital. Fora o desgaste da viagem, o estresse, a tensão, o atraso do voo em duas horas das duas últimas, ao chegar em Guarulhos no sábado, também não foram abordadas. E também não receberam folheto algum.
Há anúncio pago nas tvs e jornais sobre a epidemia, numa clara inversão de público-alvo. Os que chegam do México e Estados Unidos passam batido.
E depois querem que os anônimos que folheiam o jornal displicentemente, ou saem da frente da tv no intervalo da novela ou do jogo, prestem atenção naquele anúncio ali.
Enquanto isso a OMS já disse hoje que vai declarar nível 6 da epidemia.

sábado, 2 de maio de 2009

A vigilância vigia depois que a imprensa reclama

No aeroporto do México esperando voo para Cancún

Como não fui abordada em Confins, depois de chegar do México, fui para os jornais. Liguei para a Globo e a produtora do MG TV "ouviu" tudo muito pacientemente. Provavelmente vendo tv, conversando com alguém do lado e revirando os olhos, pensando "mais um que quer aparecer".
Bem, não é o meu caso, afinal sou jornalista e sei como se dá a produção da notícia.
Sei dos interesses todos que determinam qual fato irá ao ar e como.
Mas o jornal Hoje em Dia deu nossa reclamação, minha e da editora-adjunta deles, Rosângela Guimarães.
Além disso, minha irmã Glória ligou para a Vigilância Sanitária em Confins e fez um escarcéu danado com o fato de eu não ter sido abordada. E ainda foi atendida com rispidez e com informações truncadas. Esta é a burocracia das coisas.
Resultado: hoje, às 11 horas recebi um telefonema da Secretaria de Saúde do Estado, perguntando se eu estava bem e me deixando um 0800 caso manifeste algum sintoma daqui para frente.
No Hoje em Dia, uma dentista que chegou do México dois dias antes de mim, com um filho bebê, também se queixou de não ter sido abordada e de não ter recebido telefonema nenhum até ontem, dia da produção da notícia do jornal.
O jornal que dá o outro lado da notícia, que não a declaração oficial de "que estamos distribuindo folhetos a todos passageiros procedentes de áreas de risco", presta um serviço social e faz um papel que deveria ser das autoridades.
A Secretaria da Saúde não está distribuindo folhetos informativos coisíssima nenhuma, pelo menos nos voos da Copa, os únicos procedentes do México.
Só se estão distribuindo nos voos que chegam de Lisboa, os únicos internacionais, além deste do México. Ou quem sabe os da ponte aérea Rio/São Paulo.
E assim caminha a humanidade: autoridades dizem que fazem, mas as ações não chegam aos interessados.
E vamos vivendo todos neste circo de engodos, falácias, espetáculos, como se as doenças fossem combatidas com ações psicológicas.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Outras fotos do México

Uxmal, mergulhadores de Acapulco, Chichen-Itzá e aeroporto da Cidade do México













Algumas fotos do México

Acapulco, Taxco, Teotihuacan














A vigilância que não vigia a gripe

Chego em Confins na madrugada de hoje, preparada para ser barrada, colocada numa ambulância e levada para o isolamento do Hospital das Clínicas.
Afinal estou voltando do México, de Cancún, mas estive também na capital, onde a epidemia se espalhou rapidamente.
Na saída do aeroporto mexicano recebi máscaras, folhetos explicativos sobre a doença e um questionário para responder sobre se senti dois dos seis sintomas.
Na escala no Panamá, a mesma coisa.
Mas no Brasil, em Beagá, nada aconteceu. Todo mundo desceu tranquilamente, apesar de uma mulher ter espirrado metade da viagem e de um senhor mais velho ter tossido outro tanto. Ambos sem proteger os incômodos com um lenço sequer.
Claro que é brincadeira a primeira frase, mas que eu esperava alguma coisa mais, esperava.
Afinal não dá para combater epidemia só com a boa vontade de cada um.
Eu me preveni com máscara, passei já do período de manifestação da doença (de 2 a 7 dias), mas poderia ter sido contaminada em qualquer dos aeroportos e só saber daqui a dois dias.
O chato é ver o ministro Temporão, com aquele cabelão ao vento, mastigando mentiras.
Não dá para fazer jogo de cena nestes casos.
Não dá para chamar a imprensa, principalmente tvs, para ir aos aeroportos, junto com a Vigilância Sanitária e fiscalizar um voo qualquer.
Dá ótimas imagens, mas não dá resultado.
Foi assim com a Aids, cujas campanhas levaram pelo menos 5 anos até atingir o público-alvo. E o estrago já estava feito.
As autoridades precisam saber que o público-alvo são os viajantes de aviões e navios que tenham passado pelo México e Estados Unidos. E precisam ser mais incisivas, pelo menos recomendando a estes passageiros que fiquem em casa por uns cinco dias, mais ou menos em isolamento, ou pelo menos evitando lugares de grande aglomeração, como igrejas, shoppings, teatros, cinemas, etc.
Eu vou fazer minha parte, me mantendo em semi-isolamento: dei folga de uma semana para a secretária e minha filha foi para a casa de amigos.
Minha consciência - ajudada pelo médico-chefe da instituição onde trabalho, o primeiro a sugerir a quarentena, via e-mail ainda quando eu estava no México -, não me permite agir de outra maneira.
E não é paranóia não: a epidemia teve uma disseminação galopante, passando de um nível a outro em menos de 48 horas. Enquanto eu escrevia num dia que ela estava no nível 4, já havia pulado para o nível 5.
E mesmo que venha a ser controlada nas próximas semanas, não se sabe nada sobre uma recidiva e sua virulência. E pior: as vacinas só estarão prontas daqui a seis meses.