quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Chorar é humano

Desde que o mundo é mundo, alguém reclama de alguma coisa, quando algo não vai bem.
Imagino que Adão reclamou com Deus que não tinha uma Tv para ver o jogo de futebol naquelas tardes de modorra de domingo no Éden.
E a Eva então?
Deve ter reclamado que não tinha um xampu adequado para lavar os cabelos. Ou um protetor solar para proteger sua pelezinha sensível daquele solão infernal do Paraíso.
Ontem ouvi e presenciei o chororô dos produtores de leite.
Que o preço para a indústria está baixo. Que não tem mercado externo e nem interno, por isso há excesso de leite no mercado. Que os insumos estão pela hora da morte. E que o setor leiteiro vai quebrar.
Não sei desde quando escuto esta conversa. Creio que desde que fui editora de agropecuária no Diário de Minas lá pelos anos 80 e alguma coisa. Não só os produtores de leite, mas os pecuaristas, os cafeicultores.
O choro é geral quando algum evento no mercado externo faz o preço despencar. Ou quando há um tempo ruim na natureza, muito ou pouca chuva, muito ou pouco frio, aí então, é o fim do mundo.
Me espanta um setor, cujo negócio é matéria prima ou comoditie, ficar afirmando que isso ou aquilo não estava previsto.
É um negócio inteiramente relacionado às condições climáticas e aos movimentos do mercado externo. Então não há como dizer que o setor foi pego de surpresa.
Na verdade, o que existe é o velho paternalismo da economia brasileira, onde quando tudo vai bem, ótimo, ninguém sabe, ninguém viu.
E quando algo sai mal um pouquinho, aí é culpa do governo, do excesso de tributos, e a salvação é uma linha de crédito especial para os produtores.
E o pior de tudo: os produtores querem que o governo faça uma campanha de marketing para incentivar o consumo do leite. Por que eles mesmos não fazem isso?
E depois não entendem por que o brasileiro bebe 90 litros de refrigerante/ano por pessoa e só 38 de leite/ano por pessoa.

Um comentário:

APPedrosa disse...

Esse povo - e o empresariado em geral - quer negócio sem risco. Se dá lucro, eles ficam ricos. Se dá prejuízo, o governo ajuda e a gente paga a conta. Engraçado é que choram, choram, dizem que têm prejuízo há 30 anos, mas ninguém muda de ramo, né?
Abraços