domingo, 23 de dezembro de 2007

De onde vêm?

De onde vem esta gente toda que enche as ruas, as lojas, os shoppings, quando é Natal? Onde estava antes, que nunca nos cruzáramos?
Vêm do interior comprar os presentes, podem dizer.
Mas no interior tem lojas também. Em algumas cidades até melhores do que as da capital.
Vêm passar o Natal com a família, dizem também.
Mas não é o contrário? Não são os filhos que estudam na capital ou trabalham que voltam para casa nessa época?
A cidade está cheia, entupida de gente e de carros.
E também de chuva, que finalmente resolveu cair, para nos dar o gostinho de que estamos mesmo em Belo Horizonte.
E que Natal sem chuva não tem a menor graça. É como o Natal com neve dos nórdicos.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Paz na terra aos homens de boa vontade

Para aqueles que me acompanharam estes seis meses neste pequeno espaço de idéias, principalmente Flávia, Aline, Karina, Gleidson, Léo e Ana Paula Pedrosa. E ainda para outros que davam as caras de vez em quando, Thiago, Fabrícia, Camila, Patrícia Duarte, Elvira, Jader. E para tantos outros que me acompanharam anonimamente.
Obrigada pela calorosa companhia!
Pela enriquecedora contribuição!
E pelo apoio irrestrito!
Que continuemos a nos encontrar por aqui e em outros espaços no próximo ano.
Por enquanto vou bater umas pernas por aí, ver outros mundos, por isso vou ficar mais inconstante por um certo período: uns dias, um mês, quem sabe?
E o meu presente para vocês, no link abaixo:
natal clique aqui
Monte seu presépio clicando e arrastando as figuras e depois clicando em "animer"
Feliz Natal a todos!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

"Mane Nobiscum"

Quem sabe, sabe. E só.
(Carta enviada dia 19 ao bispo Dom Luíz pelo deputado Durval Ângelo e por Tilden Santiago, ex-embaixador em Cuba)

''Mane Nobiscum''
''Luíz Flávio Cappio''
Se uma gaiola passar por aí, subindo o Velho Chico, na direção de Minas, venha para Pirapora, que seremos muitos os amigos, barranqueiros ou não, mineiros, brasileiros, até estrangeiros a acolhê-lo no cais, porque preferimos você vivo, como “confessor da fé,” participando de uma caminhada de saída do Egito, que não termina com a “transposição” do nosso rio.
Mane Nobiscum! “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando.” Passe a noite em Emaús, na cidade dos homens, não volte a Jerusalém, cidade de Deus. O povo libertador e libertado ainda caminha nas trevas da dominação. Mane nobiscum, partindo o pão e bebendo o vinho da alegria, na esperança do alvorecer com água, pão e liberdade para todos
Sabemos que seu gesto de resistência não significa desistência de uma luta, que poderá não ser coroada de êxito. Acompanhamos com respeito sua firmeza em doar a vida para os pobres e para o Rio São Francisco. Aliás, “confessor da fé” você já é, há 33 anos, quando abandonou o convento em São Paulo, e um caminhoneiro o trouxe para o Nordeste – para viver o franciscanismo junto das populações ribeirinhas da Bahia, onde você acabou bispo, sucessor dos apóstolos. “Confessor da fé” você já é, como Francisco, nosso pai, como Vicente de Paulo, Dom Bosco e tantos outros.
Continuar “confessor da fé” até a morte ou sublimá-la com sua imolação, caso se torne impossível um diálogo verdadeiro e transparente, só a fortaleza do Espírito em sua consciência individual é que decidirá. Confiamos em você, por ser um ser iluminado. O respeito à sua decisão e à força d’Aquele que sopra onde quer não nos impede de desejá-lo vivo, como um amigo e irmão de caminhada.
E que com “transposição” ou sem ela, a “revitalização” e a “solução para o semi-árido” são tarefas e missões inadiáveis, acabando, de uma vez por todas, com a indústria da seca. Mane nobiscum!
Há uma semana, junto com três deputados das Comissões de Direitos Humanos e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, João Leite, Gil Pereira e Fábio Avelar e servidores daquela Casa, tivemos a alegria de conhecê-lo ou revê-lo. Vimos você lúcido, calmo, consciente e fiel a uma missão profética que carrega misticamente dentro de si: os pobres das regiões ribeirinhas, as águas de um rio, as barrancas com pouca mata ciliar ou assoreadas, os peixes, a fauna e a flora do cerrado, o profeta de Nazaré no solo seco da Judéia, o trovador medieval da Húmbria. Missão espiritual vivida nesse cenário messiânico, que é o Nordeste brasileiro que no passado conheceu líderes como você.
A civilização contemporânea, Dom Luíz Flávio, marcada pelo sufoco do mercado, pelo absolutismo do crescimento econômico, pela acumulação sem limites, graças ao avanço científico-tecnológico, pela ganância e insensibilidade do agro-hidro-negócio, pela tecnocracia predominante, pelo império da economia sobre a política, a ética, a ecologia, a ecopolítica, a filosofia, a sabedoria, a espiritualidade, tem grande dificuldade de entender fatos e mensagens, densos de carga profética e mística.
Somos uma geração pouco disposta a ler a grandeza interior dos mortais, especialmente quando estes, como você, nos colocam, de cheio, a interação vida e morte, seja na vivência dos pobres, seja no seu destino pessoal, seja na existência de um rio.
Mas os pobres, com quem você vive há 33 anos, têm ouvidos e coração para entendê-lo e correr em massa, como vimos, à igrejinha e à árvore onde você jejua. Nós aprendemos do Mestre que certos males na terra dos homens, só com muito jejum e oração se combate com eficácia profética. Uma contraposição profética e mística é uma denúncia que está longe de se assemelhar ao jogo, freqüentemente aparente, só para inglês ver, de situação e oposição política, mais teatro que política, na busca do poder pelo poder.
Se não considerarmos posições individuais de políticos, qual a posição, hoje, dos partidos políticos brasileiros, face ao problema do semi-árido, da revitalização, da transposição e face ao jejum, no qual você se imola? Simplesmente não existe. Os partidos são omissos.
Mas é bem verdade que além dos filhos do sertão, não são poucos aqueles que se sensibilizam com seu gesto, nacionalmente e internacionalmente. Apesar de não ter você a força do poder e da mídia.
É muito mais fácil para setores da mídia nacional e algumas personalidades incomodadas do poder civil ou eclesiástico tentar divulgar a interpretação de que estamos diante de uma postura suicida, como se isso tranqüilizasse a consciência inquieta, face ao choque provocado pelo gesto heróico desse sucessor dos apóstolos. Saiba perdoar, Dom Luíz Flávio, o que faz parte da lógica do depositum fide” e não da racionalidade política. E que antes de ser sucessor dos apóstolos, você foi e permanece um filho de Francisco, que levou a sério sua filiação franciscana.
A multidão daqueles que vêm da grande tribulação estará com você, Dom Luíz Flávio, “mártir” ou “confessor da fé”, pouco importa. Mas se você nos perguntar nossa preferência, dizemos-lhe com simplicidade, carinho e ternura: mane nobiscum! – como em Emaús. Fica conosco, Luíz Flávio, vivo, na comunhão de Casaldáliga, Geraldo Lyrio, Aloísio, Lellis, Balduíno, Serafim, José Maria Pires, Paulo Evaristo, Fragoso e tantos outros sucessores dos apóstolos. Mane nobiscum em memória de Helder Câmara, Távora, João Batista Motta, Luís Fernandes, Austregésilo, Luciano e tantos outros confessores da fé. Mane Nobiscum na luta pela revitalização do Velho Chico, pela revitalização de nossa pátria, da Nação e do povo, como sonhava Tiradentes em Ouro Preto.
O ideal seria que os dois Luíses, para usar uma expressão do amigo Antônio Faria, pudessem dialogar diretamente, sem intermediários, olhos nos olhos, como aconteceu na Caravana do rio São Francisco de 2001. Um diálogo franco, transparente, sincero, sem rodeios, não oportunista, como merecem o nosso povo e os dois Luíses. Mane Nobiscum! Luíz Flávio.
Suba numa gaiola! Suba o Velho Chico! Venha fortalecer sua saúde nas montanhas de Minas. Para juntos, renascidos, descermos o rio revitalizado em Minas, na Bahia, em Pernambuco, em Alagoas, no Sergipe – degustando uma autêntica integração nacional, popular e democrática.
Seus irmãos e amigos, desde a Caravana de 2001, da Serra da Canastra até Juazeiro/Petrolina/Sobradinho.
Tilden Santiago (PT) ex-embaixador do Brasil em Cuba
Durval Ângelo (PT) presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG

Os dois luízes

Pela pertinência, lucidez e oportunidade, publico o artigo do meu amigo, jornalista Márcio Metzker. Convido-os a mergulhar nesta análise crua e crucial.

Trajetória dos Luízes
@ Márcio Metzker - 11/12/07
Há 61 anos, nascia em Guaratinguetá (SP), numa família abastada, o menino Luiz Flávio Cappio, que optou pela carreira religiosa e se tornou frade franciscano. Em 1992, nomeado bispo de Barra, em Pernambuco, desceu o rio São Francisco da nascente até a Diocese que iria assumir, já perto da foz. Tomou conhecimento dos graves problemas sociais, econômicos e ambientais que afligem o rio e as populações ribeirinhas, e fez a clássica opção franciscana pelos pobres.

Há 62 anos, nascia em Garanhuns (PE), numa família pobre, o menino Luiz Inácio da Silva, que perseguiu muito calango e bebeu água de cacimba até subir num pau-de-arara e ir para São Paulo, com o objetivo de subir na vida, comprar sapatos de cromo, ter seu próprio carro e nunca mais passar fome na vida. Tornou-se sindicalista, foi preso, fundou um partido político e acabou se tornando presidente da República, com o conforto assegurado até o fim dos seus dias.

Em 1993, a trajetória inversa desses dois homens se cruzou, durante o percurso da Caravana da Cidadania pelo vale do São Francisco, em que comungaram os mesmos ideais de melhorar a vida dos ribeirinhos e salvar o rio das agressões ambientais que já eram evidentes. Lula adquiriu valiosos conhecimentos para suas ambições eleitorais. Dom Cappio ainda não era tão sábio quanto é hoje e acreditou na pureza das intenções do companheiro de marcha.

Esses dois homens hoje são antagonistas em tudo. Enquanto o bispo se eleva cada vez mais nas causas espirituais, Lula renega os compromissos com os velhos companheiros e afunda no mais lamentável fisiologismo. O objeto da disputa de ambos são as águas do São Francisco. Dom Luiz quer águas puras e abundantes espalhando vida e prosperidade para as populações sofridas. Luiz Inácio quer bombear o rio para beneficiar os agronegociantes e os coronéis da seca ligados ao compadre Ciro Gomes.

Em setembro de 2005, ambientalistas, hidrólogos e entidades de ribeirinhos esperneavam inutilmente contra o projeto de transposição, e Dom Luiz o paralisou sozinho com uma greve de fome que durou 11 dias. Desta vez, os mercadores do templo se encheram de coragem e resolveram começar a obra na marra, mandando o Exército Brasileiro cumprir mais este triste papel contra o povo nordestino, 110 anos depois de massacrar a população de Canudos e seu santo, o beato Antônio Conselheiro.

Dom Luiz é homem de opinião: começou outro jejum em 27 de novembro, e não deixou nenhuma dúvida de que entrega o corpo à sepultura e o espírito a Deus se o Exército não sair de Cabrobó e Itaparica e o governo não desistir da transposição. Luiz Inácio é cabra da peste, sustenta a dolorosa mentira de que a água é para beneficiar 12 milhões de nordestinos sedentos. Os abutres das empreiteiras, da indústria de cimento e das indústrias metal-mecânicas aguardam de bico aberto debaixo do poleiro presidencial.

Milhares de peregrinos visitam Dom Cappio por semana: além das pessoas comuns, pescadores, beiradeiros e índios, também ambientalistas, artistas, políticos, ativistas estrangeiros. A modesta igreja de São Francisco, em Sobradinho, tornou-se ponto de romaria. Sem querer, Lula está criando um novo Padim Ciço. Todos querem beijar-lhe a mão, pedir uma bênção, ouvir seus conselhos. No imaginário fervoroso do nordestino, surge um novo santo, culto e humanista como Mahatma Gandhi e mestre também da resistência pacífica.

Como jurou nunca mais passar fome, Luiz Inácio jamais apostaria com Dom Luiz quem resiste mais a um jejum. Se apostasse certamente perderia, mas a despensa do Palácio da Alvorada faria uma expressiva economia em iguarias. É quase certo de que o Governo não recuará, devido aos altos interesses instalados no Palácio do Planalto, e com isso se distancia definitivamente dos compromissos populares. É quase certo de que Dom Luiz morrerá, e quem mata um santo será para sempre amaldiçoado. A morte do Conselheiro, que era um inculto beato, em 1897, pesou sobre o presidente Prudente de Morais, que sofreu um atentado a bala durante o mandato e morreu de tuberculose em 1902.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Greve de fome não pode ser em vão

(Veja ao lado as dicas do Gleidson Batista para uma viagem legal a Buenos Aires. E confira também a coluna do Trotta)


Militantes de movimentos sociais, à frente o FSMMG fizeram uma panfletagem na terça-feira (18), na porta da Igreja São José, centro de Belo Horizonte, em solidariedade ao bispo D. Luiz Cappio, que faz greve de fome há 22 dias, contra a transposição do Rio São Francisco.
De quebra, o pessoal do Fórum Social Mundial - MG foi até a porta da casa do Patrus Ananias, ex-militante católico - única pessoa do governo de Lula que não tinha nenhum direito de criticar D. Cappio e o fez -, para repudiar o ministro da fome. Aliás, sem trocadilho, D. Luiz é quem deveria ocupar tal ministério, pois tem experiência própria. Talvez desse mais certo para o ministério.
E para não dizer que o bispo faz greve sem proposta, aí vai o que ele cobra do governo do Lula, cobra mas também apresenta alternativas.

Faça como a Letícia Sabatella, que linda, linda, se ajoelhou as pés de D. Caprio, domingo destes, e ontem fez manifestação em Brasília. Faça como todos que são contra os termos da tal transposição. Proteste. De todas as formas ao seu alcance.

Contrapropostas de dom Luiz Cappio e dos Movimentos Sociais

Face à proposta feita pelo Governo Federal, através do Chefe de Gabinete da Presidência da República, Sr. Gilberto Carvalho, para suspensão do jejum de Dom Luiz Cappio;

Tendo em vista a solução real para o déficit hídrico e o desafio do desenvolvimento socioambiental sustentável do Semi-árido e da Bacia do Rio São Francisco;

Baseados na proposta feita pela Caravana em Defesa do Rio São Francisco e do Semi-Árido - Contra a Transposição (27/07/2007);

Para alimentar o diálogo e o entendimento;

Dom Luiz Cappio e os Movimentos Sociais que o acompanham e assessoram – MPA, MAB, MST, APOINME, CPT, CIMI, CPP, PJMP e FEAB – apresentam a seguinte contraproposta:

1- Manter a suspensão das obras iniciadas da transposição, com a retirada imediata das tropas do Exército;

2- Adução de 9m3/s para as áreas de maior déficit hídrico dos Estados de Pernambuco e da Paraíba, redimensionando o projeto atual de 28m3/s, através de termo de ajustamento entre o empreendedor e o Ministério Público Federal com interveniência dos Estados da Bacia, do Estado da Paraíba e do Comitê de Bacia Hidrográfica do São Francisco;

3- Implementação das obras previstas no Atlas Nordeste de Abastecimento Urbano de Água, da Agência Nacional de Águas, além das já referidas acima no item 2;

4- Apoio da União à introdução, ampliação e difusão de tecnologias apropriadas de captação, armazenamento e manejo de água para o abastecimento hídrico humano e produção agropecuária das comunidades camponesas do Semi-Árido, sob controle da ASA – Articulação do Semi-Árido Brasileiro e dos movimentos sociais;

5- Elaboração e implementação de um programa de revitalização da Bacia Hidrográfica do São Francisco, que comporte ações amplas e diversificadas, a curto, médio e longo prazo, e contemple a preservação dos Cerrados e das Caatingas, tornados Biomas Nacionais, tendo como suporte orçamentário o Fundo de Revitalização do Rio São Francisco, conforme a PEC a ser aprovada imediatamente no Congresso Nacional;

6- Elaboração e implementação de Programas de Revitalização das Bacias Hidrográficas dos Rios Jaquaribe no Ceará, Piranhas-Açu na Paraíba e Rio Grande do Norte e Parnaíba no Piauí e Maranhão, e rios temporários do Semi-árido;

7- Apoio técnico-político ao Comitê de Bacia Hidrográfica do São Francisco para elaboração do Pacto de Gestão das Águas do São Francisco com inclusão imediata do atendimento às demandas para abastecimento humano do estado da Paraíba e do Pernambuco e consideração dos pleitos dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte para abastecimento humano e dessedentação de animais;

8- Coordenação pela União da elaboração e implementação de um Plano de Desenvolvimento Socioambiental Sustentável para todo o Semi-Árido Brasileiro, conforme o paradigma da Convivência com o Semi-árido.

Sobradinho, 18 de dezembro de 2007

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Salve uma garça

Coisa sinistra acontece em Fernando de Noronha. Na calada da noite, funcionários do Ministério da Agricultura pegam garças e matam, de forma politicamente correta claro, sem sofrimento para as aves, a não ser pela pequena agulhada da injeção letal.
Depois de ver a tosca cena de uma garça morta, parecendo mais um frango desses de abatedouro que exporta pras Arábias, decidi lançar a campanha: SALVE UMA GARÇA.
A campanha é simples e séria: mande um e-mail para a administração da ilha e diga que você quer salvar uma garça. Pode até pedir para lhe despacharem uma, eles têm lá uns aviões da FAB, então não deve ser difícil. Só o e-mail protestando também serve, afinal é da crise que surgem as soluções, não é o que dizem aí os manuais de gestão?
Tudo bem. Tudo bem. As garças estão desequilibrando o ecossistema da pequena Fernando de Noronha. Além disso, têm trombado com aviões, lá no espaço aéreo deles, aviões.
Daí a sacrificar é outra história. Precisa matar? Será que não tem outra alternativa? E depois, o descontrole populacional das garças é um indício de algo errado em Noronha, né não?
Se o número exagerado de aves ameaça o ecossistema da ilha, é preciso descobrir o motivo de as garças, migratórias que são, resolverem se estabelecer por lá. E por que estão se reproduzindo exponencialmente.
Estranha humanidade esta, que cria projetos para não deixar bichos, como as tartarugas, se extinguirem da face da terra e na outra ponta manda matar os que estão sobrando.
Triste humanidade esta que confina animais como o macaco Chico de Uberaba, porque ele andou tomando uns porres e ameaçando os visitantes do parque onde morava.
Será que esta humanidade acha que o Chico tomou cachaça por conta própria? Será que acha que as garças se reproduzem como coelhos porque são umas promíscuas que não conhecem nada de controle de natalidade?
Mas não tem nada não: no futuro, se as garças correrem risco de extinção, alguma empresa com débito ambiental grande, com certeza se disporá a financiar um projeto para salvá-las.

Vá ao o site www.noronha.pe.gov.br abaixo e deixe lá seu protesto

garças clique aqui

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

E o mundo vai acabar em fogo


Os ambientalistas estão doidos mundo afora. A conferência de Bali, na Indonésia, que termina nesta sexta-feira (14/12), vai dar em nada. Era para já pensar o pós-Kioto, mas a turma que manda resolveu engrossar, mais uma vez. EUA, Canadá e Japão boicotaram o acordo para novas metas sobre o clima. O planeta está se exaurindo e os ricos do mundo nem aí. Querem mais é continuar emitindo gases incontavelmente, com seu progresso infernal, e o futuro que se dane. Veja o manifesto da ONG Avaaz (se conseguir, assine a lista entrando no site indicado abaixo, já que este espaço está meio zangado há três semanas e eu não consigo fazer link de nada). Ainda há tempo!
http://www.avaaz.org/po/bali_emergency/12.php


"Desastre Climático em Bali
O encontro da ONU em Bali está em perigo. Até então as coisas pareciam estar indo bem, os negociadores estavam quase chegando a um consenso para um novo acordo climático que incluía metas até 2020 para países desenvolvidos e um compromisso da China e dos países em desenvolvimento a fazer a sua parte. Mas o Japão, os Estados Unidos e o Canadá estão se unindo para boicotar esse acordo.

Não podemos deixar que a má vontade de três governos destruam o futuro do planeta. Nós só temos até sexta-feira, o último dia do encontro fazer alguma coisa. Assine nossa petição de emergência que será divulgada publicamente em Bali, além de ser publicada no jornal Financial Times na Ásia e ser entregue á delegação do Japão, Estados Unidos e Canadá. Acrescente seu nome á campanha já!
"

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Fôlego para o Velho Chico

Ainda estamos comemorando a liminar do TRF que suspendeu as obras da transposição do São Francisco. Mesmo que a gente saiba que talvez se trate apenas de uma saída política para que o bispo Luiz Cappio suspenda a greve de fome.
Mas como ele não é bobo não mordeu a isca. Felizmente para o Velho Chico. Infelizmente para a saúde e vida desse messiânico religiosso, que com sua ação solitária, conseguiu o que audiências públicas, marchas, protestos, passeatas, manifestos não alcançaram. D. Luiz Cappio repete a greve feita no início do projeto de transposição.
E lá no sertão pernambucano, onde os especialistas são contra a transposição, máquinas começam a furar o solo que é o sustento de ribeirinhos há 500 anos.
Agora é torcer para que Lula, na conversa com a CNBB hoje, desça do pedestal, esqueça aquela discurseira inóqua e volte a ouvir o povo, não o "seu povo", mas aquele que alimentou a construção de seu mito.

Feliz aniversário, Beagá!

Hoje Belo Horizonte completa 110 anos. E como a cidade está bonita. O centro foi todo reformado (ainda está), com uma significativa mudança de aparência. Canteiros suspensos, calçadas reformadas, passeios mais largos. É a cidade mudando de cara, mas principalmente, ficando mais humana, mais aconchegante. Ruas como Rio de Janeiro, Goitacazes, Tupis, São Paulo, que estavam em adiantado estado de degradação, são agora locais para a população andar. O fluxo de carros foi drasticamente diminuído com o estreitamento das pistas, e anteriormente, com a proibição do trânsito de veículos pesados no hipercentro.
Como presente de aniversário, Belo Horizonte recebe hoje uma árvore de Natal gigante e flutuante. É só conferir na Lagoa da Pampulha.
Mas o melhor presente que a cidade recebeu, para mim, foi a disponibilização na internet do arquivo fotográfico da construção da capital. Simplesmente fantástico!
Consultem no link abaixo e depois digam se tenho ou não tenho razão!
www.comissaoconstrutora.pbh.gov.br

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Um novo Antônio Conselheiro

Engana-se quem vive afirmando que a História não se repete. Repete sim, com graus diferentes de intensidade, motivações e outros componentes.
Melhor exemplo atualmente é a greve de fome do bispo Cappio contra o projeto da transposição do Rio São Francisco. Não sou especialista no assunto, mas em seminário sobre o tema no ano passado na Assembléia, ajudei a dar vaia num cara do governo federal que esteve em BH, nem me lembro o nome (deve ser alguém muito importante!).
Tomei uma posição muito clara contrária à transposição do rio, depois de ler um artigo de um pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, de Recife, mostrando por a+b os equívocos do projeto. Se o cara que é lá do sertãozão brabo é contra, imagina eu!
Mas agora inês é morta. As máquinas já estão lá cavoucando tudo, num desfecho de autoritarismo jamais visto neste País. Mas o bispo Cappio continua resistindo, e faz sua cruzada solitária. Passa fome para que os ribeirinhos não venham a passá-la décadas vindouras. O jornalista Márcio Metzker diz que é o novo Antônio Conselheiro.
Mas o artigo que mais me chamou a atenção recentemente foi do Raul Paixão, a quem pedi licença para reproduzir aqui neste pequeno espaço de idéias.
Raul, que se define como "eu sou eu mesmo, não mais", foi da direção nacional do PCB e do PPS e hoje "livre atirador".

Aí vai:

"Quem passou pelo Setor Público conhece bem o termo 'obra de empreiteira'. A transposição do Rio São Francisco é uma clara 'obra de empreiteira'.
Parto do suposto de que as pessoas envolvidas não são idiotas; logo, posso deduzir que todas elas têm ciência e consciência de que a transposição é uma 'obra de empreiteira'.
À parte o dano irreparável ao São Francisco – já foi chamado de Rio da Unidade Nacional – o que mais me chama a atenção na parte técnica é o seguinte:

Para chegar ao seu “porto de destino”, a água precisa subir 500 metros de altura – repito o pleonasmo: subir 500 metros na altura, e não em sua extensão linear e horizontal – através de “n” estações de bombeamento. Acreditem!

Não existe atividade que seja economicamente viável com o preço a que a água chegará a seu “porto de destino” – investimento fixo na faixa dos US$2,5 bilhões a ser amortizado ao longo do tempo e o custo da energia, claro. Haja rentabilidade!... A não ser que – ah!, já ia me esquecendo – nós todos banquemos a rentabilidade via subsídios pesados. Não faltará um político calhorda para criar um projeto com essa finalidade; e aqui me refiro ao Legislativo, Executivo e Judiciário.

Não me venham dizer que a transposição atenderá o povão do árido e do semi-árido nordestino; isto é conversa fiada para boi dormir ou para inglês ver. Para esta finalidade, estudos técnicos demonstram que existem alternativas mais inteligentes e baratas. Contudo, essas alternativas não chegam a ser “obras de empreiteira”. E mais: não falta água no árido e no semi-árido nordestino, é bom que fique claro.

Precisamos pôr a boca no mundo e gritar: abaixo a “obra de empreiteira” que é a transposição do Rio São Francisco e cadeia para seus patrocinadores.

Até que enfim, estou de acordo com a Igreja Cristã Católica, pelo menos, com parte dela: longa vida ao Bispo Luiz Flávio Cappio combatendo a transposição.

Saudações indignadas de um sertanejo do Vale do Jequitinhonha que vê desde criança, quando lá nadava, seus rios – Araçuaí e Jequitinhonha – secarem devagarzinho.


Raul Paixão

10/dez/2007"

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A moça vai à festa


Olho a roupa que ela veste para sair depois das 23 horas e me espanto: um shortinho preto e uma blusa idem, com paetês e as costas de fora. Nada em baixo e nada atrás, E aí me pergunta: - colocar esta pulseira fica muito pesado?
Olho aquela roda de fenemê preto no braço delicado e digo: - não. Quem sou eu para gostar de uma moda que exibe o corpo praticamente todo e tem uns acessórios teatrais?
Lembro que nos meus quinze anos usou-se short num inverno. Um frio do cão em Oliveira e a gente saindo de short. Claro que escondido do meu pai. Mas era diferente. Completava o short uma bota até o joelho, uma blusa de lã de gola rolê e, principalmente, uma capa dando quase no calcanhar. Era o mostrar disfaçando, o sugerir.
Mas hoje ela vai saindo, depois de me pedir opinião sobre a roupa: todas shorts e todas blusas com as costas inteiramente de fora. E há opção?
Bem, só posso desejar boa balada. E que a festa de aniversário que terá quatro dias de comemoração, bombe em todas. E que traga meu carro intacto, afinal amanhã tenho de buscar minha irmã no Planalto para o almoço de aniversário, que começa hoje, sexta-feira, passa pelo almoço de sábado, pelo de domingo, dia em que ela realmene nasceu, e pela balada da terça, onde vão se encontrar os outros que não podem ir em nenhuma das outras três.
Ai, ai, princess Naiara faz anos!!! Queriam o quê?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Emagreça mas sem endoidar

Amiga minha chamada Jane - que muita gente acha que é um personagem que criei por causa dos casos escabrosos que ela protagoniza -, resolveu que estava com uns quilos a mais.
Foi no endocrinologista, reclamou do excesso de peso, exagerados dois ou três quilos, que estava comendo doce desesperadamente e tal. Mas queria um remédio, afinal não é muito disciplinada para regimes.
O doutor receitou um remedinho moderno, que não é anfetamina, segundo ele, a sibutramina. Jane pensou, pesou, mediu, os outros remédios que já toma, principalmente o antidepressivo cloridrato de sertralina. Disse ao médico que tomava sertralina, para controlar um pouco o "calorão", vocês sabem qual, pois Jane já chegou na década "enta" (a segunda, claro!).
Começa o uso da sibutramina aliada aos demais do "kit balzaca", preciosidade criada pela lavra janeana.
Passados uns cinco, seis dias, Jane começa a ter umas crises de irritabilidade e de choro. Era só falar qualquer coisa com ela mais triste ou ela se lembrar de algum fato triste e lá vinha o chororô, sem mais nem menos.
Jane disse que entrou em pânico. O que era aquilo? Aí começou a desconfiar de uma interação entre a sibutramina e a sertralina. Mas antes ligou para uma psicóloga sua amiga e marcou uma consulta.
Além disso, Jane, que já está aposentada, foi para a internet e buscou num site de perguntas e respostas, (acho que é o Yahoo Respostas) e pôs lá sua pergunta.
Recebeu três respostas: todas as três indicando que realmente os dois remédios não combinam. Uma das respostas mandava ela parar de tomar a sibutramina imediatamente e conversar com o endocrino sobre a interação medicamentosa.
Jane, muito despachada, queria mesmo é mandar o endocrino para aquele lugar e decidiu que afinal de contas, uns quilinhos a mais dão até um certo charme!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Bem feito, quem manda ser esquecida!

Fiquei uma semana sem conseguir postar nada. E não foi bloqueio emocional (embora este esteja batendo à porta), nem foi falta de tempo e nem de inspiração.
Simplesmente, muito metida, depois de fazer um curso de gerenciamento de web, resolvi dar uma incrementada no blog.
Queria personalizar minha página de pesquisa com o iGoogle, colocar alguns índices de mensuração no blog como page views, acessos diários; banco de usuários e tal.
Bem, aí mexe daqui, mexe dali, cria uma conta, muda senha, muda nome de usuário e fica tudo pronto, não fosse por um pequeno detalhe: dois dias depois fui logar o blog para uma postagem e nada. Tentei, nada. É isso mesmo: esqueci a conta nova.
Entra na ajuda, preenche formulário e nada. Tudo voltava ao ponto de estrangulamento: o nome de usuário da conta e a senha.
Hoje, depois de mandar um e-mail para meu irmão, fez-se a luz: o nome, as iniciais dos sobrenomes e um número. Pronto ali estava a bendita conta e aqui estou eu de volta, depois de perder uma semana inteira, tempo em que o mundo girou, girou, traçou seu compasso e eu no espaço.
Às vezes quase me convenço de que esta web é mesmo uma esquizofrenia, principalmente quando pesquiso sobre a Web.3.
Second life é fichinha diante do que está vindo aí.
Sobreviver(ei)mos?