sábado, 28 de fevereiro de 2009

História de novela


Um dos principais passeios que todas as agências fazem é para a Praia do Gunga, eleita uma das dez praias mais bonitas do Brasil, por dois anos seguidos. Fica perto de Barra de São Miguel, onde acontece o Carnaval de Alagoas, já que em Maceió não tem aquela muvuca de rua.
Mas Gunga fica mesmo numa cidade chamada Roteiro.
E tem uma fazenda onde ficam as melhores partes da praia que é de um dono só.
E a forma que ele a adquiriu é uma estória.
Nivaldo Jequitibá, o dono - e não um personagem de novela das 8 horas -, ganhou a fazenda num jogo de cartas. O perdedor, seu Vavá, saiu para vender a fazenda, parou para jogar e perdeu tudo. O lugar é um paraíso e já da estrada dá para ver o coqueiral quilométrico, que abastece de polpa uma fábrica multinacional.
O coco lá não é o da bahia, mas o coco mestiço, que tem mais polpa que água.
Nivaldo Jequitibá é rico, segundo um taxista, não por causa dessa fazenda, mas porque em suas terras tem petróleo. Já foi prefeito de Roteiro duas vezes e agora a mulher está no segundo mandato.
"Mas não é por isso que ele é rico, é pelo petróleo", frase do taxista que me leva para o hotel e com quem eu vou trocando impressões.

As rendeiras de Maceió

Vou botar o papo em dia, agora enquanto aguardo o transfer para o aeroporto.
No domingo fui para o Pontal da Barra, já que estava uma chuva danada, e fiquei por lá, admirando as rendas feitas, manualmente, em Pernambuco.
O famoso bairro das rendeiras de Alagoas é hoje um comércio globalizado com cartão de crédito e tudo. E com produtos como a famosa renda renascença, o richelieu, o crivo, o redendê, buscados em Poções e Paineiras, em Pernambuco.
A renda de Alagoas continua sendo o filé, aquela que parece uma rede de pesca e serve de cortina, toalha e saídas de praia.
Tenho uma toalha comprada lá no Pontal, há 30 anos e está perfeita. Com certeza já era daquelas de Pernambuco.
Mas que importa, a globalização é isso mesmo.
O pior, o que descaracterizou totalmente as famosas rendas, é uma toalha sintética, que eles dizem ser de fibra de coco, tecida em máquina. É feia, mas é baratinha e a turistada leva de montão.
As bonitas, bordadas a mão, feitas ao longo de meses, custam acima de R$ 300,00. Tem umas de renascença que custam até R$ 1.500,00, mas é aquela lindeza, coisa que nossas mães tinham em seus enxovais.
A toalha de fibra de coco é feita em Americana, São Paulo e é como um produto do Paraguai, já viu né?
Volto para o hotel de ônibus e pego um fim de tarde azulado.

Ai que saudade de Maceió


Quando eu chegar segunda-feira no serviço, linda, loura, olhos azuis e com aquela cor do pecado, vou matar o Gleidson de inveja. Riu de mim, achando que eu tinha passado o Carnaval debaixo de chuva. Queimou a língua, assim como eu também.
Choveu sim, ficou um tempo meio sinistro, mas sabe como é praia, qualquer motivo é bom o suficiente para abrir aquele solão. Aí nos alternamos entre sol, chuva e tempo nublado, o que para os branquelos é ótimo.
Deu para conhecer cada lugar de matar. E ainda ficar com uma musiquinha na cabeça, que toca sem parar em todos os passeios: "Ai que saudade do céu, do sal, do sol de Maceió." Depois faço o roteiro ao lado, nas Dicas de Viagem. Maceió está uma cidade ótima. Uma orla arrumadíssima, com calçadão de dar inveja, ciclovia margeando a praia, e limpa, limpa. Campos de futebol no calçadão para evitar aquela chatice dos pernas de pau atrás de uma bolinha na areia, jogando a dita em todo mundo. Apetrechos de ginástica e alongamento. O mar continua com aquela cor maravilhosa, verde azulado ou azul esverdeado, dependendo do seu espírito.
E tudo barato: comida, petiscos, água de coco, picolé, cerveja.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Maceió, propaganda enganosa


Para estar blogando, no domingo de Carnaval, às 9 horas, em Maceió, dá para entender o que se passa né?
Pois é, estou em Maceió, para curtir aquele sol de 300 graus e encontro, no segundo dia, um tempinho do cão. Uma chuvinha fina, daquelas que dão pinta de não parar, tanto que cancelaram o passeio de hoje. E ventando para chuchu e ainda meio frio.
Nos guias falam que Maceió é sol o ano inteiro. Alguém me enganou.
Além do mais, os guias não falam o que fazer nesta cidade com esta chuva. A maioria está aqui pelo hall do hotel, olhando com cara de meu deus que é isso para o tempinho camarada.
E para não pensarem que minhas viagens só dão errado, já vou esclarecendo que escrevo sobre o errado, porque tem mais graça.
O certo é ótimo e eu acho tudo ótimo mesmo, com chuva ou sem chuva, com caseiro surtado ou sem caseiro surtado.
O bom é estar fora de casa, com a praia ali do outro lado da rua, mesmo que com chuva.
E como eu sou uma turista rodada, já tenho a manha. Trago sombrinha, tênis, só esqueci a capa de chuva. Vou bater pernas por aí. Quem precisa de guia?
O Carnaval daqui não é nada igual ao resto do Nordeste. É sossego puro.
Sem trio elétrico, sem bebuns aporrinhando, só beleza, natureza, comida boa e muita cerveja.
Só me lembrei que era Carnaval porque no salão de café tocava umas marchinhas antigas, em ritmo de frevo. Me deu uma saudade danada de Recife e de minha irmã, quando ouvi "voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço"...
Depois tocou "quem sabe, sabe" e "Taí". Mas era um cantor baiano, nem sei qual. Como são os baianos que regravam tudo, deduzi que era um deles, acho que era o Bel do Chiclete.
E eu tomando um suco de graviola.
Êta vida mais ou menos!
Vou deitar e rolar!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A transnacional do crime

A polícia mineira prendeu uma gangue de assaltantes de banco do balacobaco.
A turma tinha até metralhadora antiaérea. E ligação com as Farcs da Colômbia.
Ou seja, o crime se internacionalizou.
É o cartel do crime. A transnacional do assalto a banco.
A primeira dedução é que a quadrilha tinha tecnologia e “know how” do 1º Comando da Capital, o PCC. Aquele que manda e desmanda em São Paulo e de tão bem sucedido virou empresa e hoje exporta para outros estados o seu “modus operandi”.
O PCC virou franquia. Quer abrir uma franquia do PCC em Belo Horizonte? Curitiba? Porto Alegre?
O investimento é pequeno e o pacote vem completo: mão-de-obra treinada, celulares fantasmas, laranjas para possíveis contas em banco e aluguel de sítios, para os casos de sequestro, e um advogado para arrumar “habeas corpus” imediato.
Mas a franquia do PCC foi mais longe: agora oferece intercâmbio com as Forças Revolucionárias Colombianas (Farc).
Não sei se tem treinamento na selva, mas armas de última geração estão por aí, dando sopa para a bandidagem fazer a festa.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O Rei do Pastel

Entro na Galeria do Ouvidor, Rua São Paulo, centrão de Belo Horizonte.
Bem ali, no comecinho, está o Rei do Pastel, o melhor pastel de Belo Horizonte há 44 anos.
Deveria ser tombado, virar local de turismo.
Aliás Belo Horizonte tem uns lugares tão pitorescos, que em qualquer lugar do mundo estariam em todos os guias turísticos.
Em Santiago, no Chile, um dos lugares de visitação turística é uma pastelaria no centro da cidade, que "tem 80 anos", orgulham-se. E um outro botequim chamado O Piolhento, que também é um buteco frequentado por estudantes.
É o que mais existe em Belo Horizonte, buteco de estudantes.
Um exemplo é o Balaio de Gato, ali na Olegário Maciel esquina de Aimorés, que vive entupido de gente, uma moçada que vai atrás de cerveja geladíssima e bem barata.
Outro é o Amarelim, no Prado e na Prudente de Morais.
Um roteiro turístico de Belo Horizonte, que eu recomendaria para se tornar oficial é: uma visita ao Mercado Central, uma passadinha no Rei do Pastel na Galeria do Ouvidor, uma noite em Santa Tereza, na Praça Duque de Caxias, em um dia de seresta, uma espiada na Lagoa da Pampulha, uma caminhada no Parque das Mangabeiras, para parar na Cascatinha e uma noite na praça Nova Iorque, no Mangabeiras, para ver a lua cheia nascendo na Serra do Curral.
Além disso, a própria Galeria do Ouvidor é um mistério para ser desvendado.
Aquilo já foi e ainda é uma verdadeira expedição, para quem gosta de garimpar excentricidades. Há lojinhas de tudo lá, inclusive umas de consertos de eletrodomésticos, coisa praticamente inimaginável em tempos de equipamentos descartáveis.
Vale a pena dar uma olhada, ou uma passeada, ou explorada, depende do seu espírito.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A Banda Mole

Nem a chuva atrapalhou a saída da Banda Mole, agora um evento oficial do calendário turístico da cidade.
A Banda Mole de 30 anos atrás era uma delícia, com sua concentração ali na rua Goiás, na frente do Estado de Minas, onde a gente trabalhava e ficava sapeando até a turma sair. Grande parte dos foliões ficava por ali mesmo, caídos na porta da prefeitura, em frente ao Correio ou no passeio da Gruta Metrópole.
E a banda do Bororó atacando marchinhas de Carnaval, antes na rua, depois sobre um caminhão.
Os grupos de foliões masculinos com aquelas roupas ridículas das irmãs, mães, namoradas. Tudo muito justo, tudo muito curto. Aqueles batons vermelhos lambuzados fora da boca e os peitinhos de limões ou laranjas, mal ajambrados.
A gente subindo a rua da Bahia, feliz, parando no bar do Paulinho, que funcionava debaixo da Academia Mineira de Letras, para dar uma cafungada rápida no lança-perfume do Plínio Carneiro.
A Banda Mole saiu hoje, com foliões tinindo em fantasias profissionais, drags idem, trios elétricos puxando a animação.
Quem disse que Belo Horizonte precisa de Parada Gay?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Viva a reabilitação do ovo

O ovo foi reabilitado. Agora definitivamente, o que eu não acredito, porque definitivo só a morte, como diziam os antigos.
Mas eu achei ótima a reabilitação, afinal adoro um ovo frito com arroz.
Já tinha adorado quando reabilitaram a manteiga, pois também adoro, ainda mais num pãozinho quente de sal, quentinho, ao invés daquela margarina insossa, seja light, com ômega 3, ou qualquer outra besteira.
Só faltam reabilitar a carne de porco, aquela bem gordurosa, que lá na Mãe Liza ficava guardada nas latas, na própria gordura de porco.
E também o torresmo, ô felicidade!
Ainda bem que nunca dei muita bola para estas pesquisas sobre alimentos, mesmo porque a pesquisa em si não proíbe nada.
Quem proíbe são os médicos e a imprensa.
Aliás, a culpa é da imprensa!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O pula-pula castelo

Bem, vocês viram nos comentários do pula-pula, que o comprador enganado esclareceu sobre o brinquedo: não se trata daquele brinquedinho dos anos 80, mas de um pula-pula castelo. Que também não é o do deputado.
Aí leio um texto da jornalista Anna Marina no Estado de Minas, com uma reclamação de uma consumidora sobre um colchão que comprou e veio com uma deformação.
Há dias reclamei aqui também de um colchão.
Ou seja, o Código de Defesa do Consumidor, com seus 18 anos, ainda é uma quimera.
Não adianta só inventar leis e penalizações.
É preciso mudar a cultura do empresariado brasileiro e de seus empregados.
Os empregados, aliás, costumam ser mais estúpidos do que os donos, tratando o cliente com grosserias ou ironias.
No momento em que o Judiciário brasileiro começar a aplicar multas milionárias em ações de consumidores lesados, o empresariado adquire esta cultura rapidinho.
A gente torce é para que o Judiciário acorde para esta realidade.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O pula-pula da China

Colega meu enfrenta uma via crucis por causa de um produto comprado pela internet.
No Natal perguntou à filha de quatro anos o que queria ganhar: uma bicicleta? Uma boneca gigante? Uma casa da Barbie?
Nada, a menina quis um prosaico pula-pula.
Alguém conhece o pula-pula?
É um brinquedo antigo, do final dos anos 80, espécie de bola com uma borda, onde a criança sobe e fica pulando. O brinquedo parece o planeta Saturno.
O colega comprou na Americanas.com, a menina pulou uns dois ou três dias e o troço estragou. Furou na emenda.
Ou seja, não estragou pelo uso, mas por ser mal emendado.
Desde então ele tenta resolver o caso e não consegue.
Gastou horrores com telefonemas, de tanto ser jogado daqui e dali. Recebeu até o número de um telefone de uma empresa na China, a fabricante do produto. Explica-se a qualidade (má) do produto.
De saco cheio e chateado porque a menina teve a maior decepção, o colega recorreu ao Juizado de Relações do Consumo. Está no aguardo.
Não é absurdo ter de reclamar na Justiça por uma compra que não custou nem R$ 50,00?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Dilminha paz e amor


E a Dilma Roussef que virou máscara de Carnaval?
De xerife durona, com aquele olhar gelado de fundo de garrafa, a ministra mudou de visual e de comportamento e agora vai bombar no Carnaval. Lá no Rio tem uma produção em série com a cara da ministra, depois da repaginação, é claro.
A Dilma agora é light, maquiada, penteada, arrumada.
É o próprio Lulinha paz e amor. Dilminha paz e amor.
Anda agora serelepe, distribuindo beijinhos, sorrisinhos, nada daquela cara amarrada.
A novela da sete é que tem razão, ao parodiar a candidatura de Dilma: a vilã, tremenda mau-caráter Violeta virou Violetinha nas mãos de um marqueteiro, personagem mais do que parodiado dos Dudas que andam por aí.
A Dilma foi ungida por Lula, ávido de emparelhar o Brasil com os mais modernos países do mundo, que têm mulheres em suas presidências. Ou negros islâmicos.
É a modernidade do Brasil.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O clima do planeta

O clima do planeta continua a dar mostras de que se cansou dos maus tratos que há milênios vimos lhe dispensando.
São as tempestades e deslizamentos de terra aqui no Brasil, com um componente a mais, nos últimos meses: a intensa queda de árvores nos centros urbanos.
São as tempestades de neve na Europa.
E agora o fogo na Austrália.
Tudo grandioso, tudo "o pior dos últimos 30 anos".
O Apocalipse fala que o mundo vai terminar em fogo.
Acho que vai terminar em catástrofes múltiplas, fogo, água, neve, gelo, vento.
Quando poderíamos imaginar que um incêndio que não é num prédio como foi o do edifício Joelma, mataria 131 pessoas, como ocorre em Victória, na Austrália?
E mais gente pode estar morta, segundo as autoridades. E de quebra, 700 casas já foram consumidas.
É triste ver os bichos correndo enlouquecidos para fugir do fogo, como uma cena que a tv mostrou, de cangurus desembestados pelas rodovias.
Enquanto isso, as discussões sobre queimadas, emissão de gás carbônico, poluição industrial, continuam a passo de tartaruga.
Quando acordarmos será tarde demais. E isso não é o Apocalipse, é a realidade atual mesmo.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Barack Obama está em casa

Barack Obama já se adaptou inteiramente à Casa Branca, de tijolinhos. Está que nem pinto no lixo: corre, salta janelas, espraia-se na cama grande, já escolheu o travesseiro mais confortável.
E ainda desalojou os antigos moradores.
Hoje armou sua primeira estrepolia: num descuido da dona da casa, pulou a janela e subiu numa árvore grande, atrás de um mico.
Mas Barack Obama, como filhote que é, não conseguiu descer.
Foi preciso chamar o serviço de vigilância do condomínio para resgatá-lo.
À tarde, depois da chuva, Obama já maquinava outras peraltices.

Êta gato folgado!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Garotos são estranhos

Há um ruído enorme na comunicação entre meninos e meninas.
Não aqueles pirralhos, que estes se comunicam que é uma beleza.
Mas os meninos e meninas já crescidinhos, aqueles que já trocam figurinhas, que tanto pode ser o "pegar", "ficar", ou namorar.
Andam reclamando, os dois lados, que não há menino sério e menina idem, entendendo-se como sério aqueles que querem namorar mesmo.
Há um enorme fosso nas relações afetivas hoje em dia. Os dois lados não se entendem de jeito nenhum e culpam um ao outro.
Talvez haja um excesso de expectativa dos dois pólos. Ou um excesso de entrega. Ou uma entrega rápida demais.
Tudo é muito intenso, rápido, momentâneo.
Não se dá um tempo para a curiosidade. Para a descoberta. Para a fantasia.
E como tudo rápido demais, o esvaziamento vem na mesma intensidade.
Aí é a desilusão, a indiferença e a tristeza de que meninos e meninas estão cada dia se distanciando mais.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Pequenos Milagres

Na campanha de popularização do teatro, uma peça imperdível é o Pequenos Milagres, levado pelo Grupo Galpão.
É longa, diga-se de passagem. Chega a dar dor na coluna ficar ali no teatro, apesar de o Palácio das Artes ser um dos mais confortáveis.
Mas vale a pena.
A peça é composta por quatro textos selecionados da campanha Conte sua História, que o Grupo Galpão realizou em 2006, especialmente para criar o novo espetáculo. Na época, o grupo recebeu cerca de 600 histórias de várias partes do país.
O Galpão tem muita estrada percorrida, 25 anos, por isso, sua trupe é de primeiro nível. O jeito de contar o Pequenos Milagres, a partir de pequenas históricas, é muito lírico e singelo, com algumas inovações, como a narração simultânea.
Cheguei há pouco do teatro e venho registrar rapidamente minha impressão que foi de conforto, de alegria.
Não deixem de ir. Vale a pena.
Está no Palácio das Artes até domingo. Sábado há duas sessões. Não sei é se ainda tem ingressos.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A chuva que derruba árvores


A chuva de segunda-feira (2) fez um estrago nas pobres das árvores.
Na Rua Rodrigues Caldas caíram quatro, em dois quarteirões. Árvores grandes, copadas, inimaginável vê-las tombando assim à-toa.
Só que não foi à-toa. Foi uma ventania infernal, quase tufão.
Mas ainda assim é preciso investigar para ver o que as árvores da cidade têm. Podem estar atacadas por alguma praga que solapa suas raízes ou troncos.
Leio no jornal que um especialista disse que elas estão muito velhas. Achei estranha a explicação, afinal algumas espécies vivem mais de 100 anos!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

FSM e a midia tradicional

Terminado o Fórum Social Mundial em Belém, Pará, a "grande imprensa" anuncia que o encontro terminou sem uma carta de sugestões. E alardeia os resultados positivos do Fórum Econômico Mundial, aquele que os ricos fazem em Davos, Suíça. Segundo a mídia, lá os participantes pediram um novo modelo financeiro mundial, para evitar futuras crises.
Conversa para boi dormir, porque quem tem o poder de mando não "pede", implementa.
E aqui, na Amazônia, as discussões foram muito mais ricas do que aquilo que a imprensa nos empurra goela abaixo, aparato que é dos modelos desse capitalismo falido que aí está.
Capitalismo? - Aliás, alguém precisa discutir por que os modelos socialistas foram encerrados com uma penada, porque "exauridos", enquanto o capitalismo capenga ocidental se recicla, apesar de ter perdido sua premissa básica, a da não-intervenção estatal.
As economias globalizadas, sistema financeiro à frente, estão aí socorridas por bilhões de dólares e euros, dos governos constituídos. Dinheiros estes, diga-se de passagem, de todo o conjunto da sociedade.
De repente, num passe de mágica, aparecem trilhões para socorrer a economia. Para socorrer a fome, a miséria, as doenças, nunca houve.
Não estou a defender nada, só gostaria de entender por que não se acabou com o capitalismo também.
Falta outro modelo? Para que serviu o fórum de Davos? Para dizer que "precisa" haver outro sistema? Isto nós todos sabemos há muito tempo.
Mas qual outro? Nenhum dos ricos presentes levou uma sugestãozinha sequer? Um desenhinho simples?
Mídia livre
Voltando à mídia e ao FSM.
Uma das discussões mais ricas foi exatamente sobre a mídia livre. Um dos debates desse tema foi sobre o papel dos meios e a crise. Quem comandou as discussões foram os jornalistas Altamiro Borges (Vermelho), Luiz Hernandez Navarro (La Jornada), Sandra Russo (Página 12), Pascual Serrano (Rebelión), Marcos Dantas (PUC-RJ), Joaquim Palhares (Carta Maior), Joaquín Constanzo (IPS), Bernardo Kucinski (USP) e Ignacio Ramonet (Le Monde Diplomatique).
E a grande sacada é que a mídia é causa e efeito desta crise. “Os meios são co-responsáveis por essa crise já que fazem parte desse sistema financeiro e, também, por calar sobre a existência da crise”, de acordo com Pascual Serrano. A grande mídia cumpre seu papel dentro do aparato capitalista, ao fazer a apologia do desmonte do Estado e do desmonte dos direitos trabalhistas, conforme análise de Altamiro Borges.
"A mídia hegemônica é responsável pela crise e pelos seus efeitos para os trabalhadores e os povos. Essa mídia está criando um clima de pânico para justificar os ajustes que o capitalismo muitas fazes não tem força para fazer em situações de normalidade: as demissões em massa e o retrocesso nos direitos trabalhistas. Fortalecer a mídia livre é necessário para se contrapor a essa investida”.
Para Ignácio Ramonet, do Le Monde Diplomatique, o momento é de oportunidade e fortalecimento da mídia livre, que vem avançando sistematicamente sobre os modelos tradicionais de comunicação (jornais e revistas). Para os presentes, o desafio é ampliar o alcance das novas mídias, ultrapassar audiências tradicionais para formar novas.
E alguns caminhos seriam o aperfeiçoamento da linguagem e os financiamentos estatais para garantir a sobrevivência dessas iniciativas. Isto, porque, segundo Marcos Dantas, jornalista e professor da PUC-Rio, não adianta querer democratizar as estruturas de mídia tradicionais, é preciso construir outros espaços e com eles disputar a agenda pública.
“O que existe hoje são pessoas que fazem esses grandes meios, que escrevem o texto, o título e cada escolha não é abstrata, é feita por pessoas concretas. Há um código meio secreto que as leva a excluir umas coisas e incluir outras, a decidir o que é ou não notícia. E através desse filtro vemos o mundo, a partir dessa escolha do que é ou não importante. E isso impede o real debate na sociedade. Qual a agenda importante: a deles ou a nossa? A disputa da agenda exige a construção de canais alternativos, mas não se faz nada sem dinheiro. E o dinheiro está na sociedade. A gente tem que decidir que esse dinheiro deve fomentar e sustentar a multiplicidade de vozes. E para isso é preciso uma política pública”, avalia Dantas.
Nós, comunicadores
Pois bem, aí está bem clara a definição de "produção da notícia", dentro da teoria da comunicação.
Aproveito uma monografia de uma amiga, que li recentemente para dar pitacos, a pedido dela, e transcrevo: "as decisões tomadas na produção de pautas não são tomadas a partir de uma avaliação individual de noticiabilidade, mas sim de um conjunto de valores que incluem critérios, quer profissionais, quer organizativos. Na seleção de fatos,o grupo de referência, constituído pelo corpo profissional de uma redação, constitui a verdadeira fonte de expectativa dos jornalistas, mais do que os prováveis leitores. E este corpo profissional leva em conta alguns motivos em sua seleção: a autoridade institucional e as sanções; os sentimentos de dever e estima para com os superiores; as aspirações à mobilidade profissional; a ausência de fidelidade de grupo contraposta; o caráter agradável do trabalho; e o fato de a notícia ter-se transformado em valor por osmose" (Ronaldo Henn).

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

As Farcs e o Exército brasileiro


Nesse domingo assisto ao vivo, pela CNN espanhol, a libertação pelas Farcs da Colômbia, de quatro reféns em poder da guerrilha.
Um confuso desembarque em Vilavicencio, a 180 quilômetros de Bogotá, depois de um mais confuso resgate ainda, por conta de sobrevoos de aviões militares colombianos.
O resgate, feito em um local da selva sul da Colômbia foi feito por um helicóptero brasileiro, com tripulação idem. Os militares brasileiros só pousaram perto das 22 horas, porque as Farcs adiaram a entrega dos reféns que deveria ter acontecido à tarde.
Em Vilavicencio, de acordo com a narração da TV Caracol da Colômbia, e da TvSur de quem a CNN aproveitava as imagens, um batalhão de jornalistas não conseguia ter acesso aos reféns - dois policiais, um soldado do exército e um um ex-deputado.
Toda a operação foi coordenada pelo grupo "Colombianos pela Paz", com apoio do exército brasileiro, Cruz Vermelha e da senadora Piedad Córdoba. E segundo o repórter Jorge Botero, que estava no helicóptero, também por Hugo Chavez.
Aliás, Piedad é uma figura marcante. Usa um turbante branco no cabelo, parecendo umas biscoiteiras antigas do interior mineiro.
O comboio parou pouco tempo em Vilavicencio e depois levantou voo novamente, para um hotel próximo dali. Para quarta está prevista uma entrevista coletiva depois da libertação de mais um refém, que deve acontecer hoje, segundo promessa das Farcs. A libertação foi um gesto da própria guerrilha.
Os militares brasileiros brilharam ali, mostrando determinação e organização, levando os reféns de volta ao helicóptero, no meio da confusão, conduzindo-os a um hotel em outra cidade, quando perecia, a quem via pela tv, que ninguém sabia o passo seguinte.
(A foto foi feita diretamente da tv, na CNN)