quarta-feira, 30 de julho de 2008

Serra da Moeda devastada

Há algum sinal de vida inteligente no planeta.
A Secretaria de Meio Ambiente fez uma blitz na Serra da Moeda para verificar a situação de casa de mãe joana que anda por lá.
E autuou muita gente, sobretudo mineradoras. Foram fiscalizados 25 empreendimentos, sendo oito autuados e cinco suspensos.
A área esquadrinhada compreende os municípios de Congonhas, Belo Vale, Brumadinho, Rio Acima, Itabirito, Itaguara e Itatiaiuçu.
A Serra da Moeda é o xodó dos ambientalistas. Tem paisagens lindas, como o Topo do Mundo, onde acontecem os passeios de parapente e de onde há uma vista sensacional de todo o vale no entorno da serra.
Mas as mineradoras estão se encarregando de acabar com tudo e não é aos pouquinhos não: é descaradamente, ostensivamente.
Recentemente houve uma manifestação que ganhou a mídia nacional, quando mais de duas mil pessoas deram um abraço simbólico em parte da serra.
E há os vigilantes da serra, que fazem denúncias constantemente ao Ministério Público.
E é o MP que vem tomando a frente e provocando a fiscalização pelos órgãos competentes.
Ô gente burra, essa raça de mineradora, que só pensa no imediato, se esquece do futuro, do depois que o minério se esgotar!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Quase portuguesa

Acho que foi mais fácil para o Cabral descobrir o Brasil do que eu me tornar portuguesa.
Mas eles têm razão lá com aquela burocracia toda, afinal a imigração na Europa é um dos mais preocupantes problemas dos países ricos.
Há um total descontrole e muitas crises como o desemprego em alguns países são decorrência do alto fluxo imigratório.
Mas nós brasileiros ainda não somos um dos mais freqüentes por lá, apesar de estarmos correndo atrás do prejuízo, com uma invasão ainda discreta da Inglaterra e Espanha. E Portugal, naturalmente.
Começo minha travessia rumo além mar: o vice-cônsul me atendeu, quando eu disse para o moço da triagem que precisava só de informações, já que as fichas da moça da naturalização já haviam se esgotado, mesmo eu tendo chegado na porta do consulado antes das 7 horas.
O senhor me passou uma lista e eu quase desisti: é tanta certidão e tanto carimbo que saí cantando o "plunct, plact, zum, não vai a lugar nenhum", de lá.
Mas eu sou que nem uma mula: quando boto uma idéia na cabeça, quero ver quem tira. E começo a expedição arqueológica em busca da certidão de nascimento de meu pai.
E já descubro peculiaridades da personalidade do meu avô Joaquim, que gostava de ser chamado de "papai do céu", pelos netos: o portuga era muquirana, só registrava os filhos de forma coletiva, porque aí pagava uma vez só.
Na certidão de nascimento de Tia Aracy estão os registros de mais outros cinco filhos, inclusive umas gêmeas que eu nunca tinha ouvido falar, mortas em criança. Está lá na certidão: "as gêmeas fulana e fulana..."
O Joaquim era organizado: anotava tudo numa caderneta: dia, mês e ano de nascimento dos filhos, e também a hora. Só não registrava. E não era por ignorância não, afinal ele era letrado, declarado "artista plástico", em seu registro de imigração. Acho que era por pobreza mesmo.
Meu avô foi de outra leva de imigrantes que não a de camponeses que vieram até 1890, sobretudo italianos. Joaquim Gomes foi da turma de imigrantes que vinha com outras profissões, a maioria industriários (padeiros, sapateiros, alfaiates).
Esses arrumavam empregos na indústria nascente (laticínios e tecelagem, em Minas), ou nas estradas de ferro e depois se assentavam por conta própria, principalmente com padarias e armazéns.
A dificuldade está em acertar o nome dele. Nos documentos do meu pai (não a certdião de nascimento, porque esta ainda estou à cata), consta Joaquim Gomes dos Santos. Não sei de onde saiu o Dos Santos. Na certidão de óbito do meu avô, que já localizei em Jeceaba, consta Joaquim Gomes II. Ô trem complicado!
Mesmo que eu não consiga os tais documentos, terá valido a pena a tentativa, de tão saborosa que está sendo a pesquisa sobre minhas origens.

sábado, 26 de julho de 2008

As portuguesas III

Meu avô trabalhou colocando trilhos da linha de ferro que ligava o Rio a Minas. Inúmeras cidades do centro-oeste mineiro ganharam um ramal da Central do Brasil na época em que o transporte de passageiros e mercadorias seguia sobre trilhos.
Minha tia disse que ficou triste, quando esteve recentemente em Belo Vale, e viu lá, o muro que seu pai havia construído "com as próprias mãos", todo abandonado. É o patrimônio perdido, lindas e pequenas estações da Central, que se acabam em meio ao mato e ruínas.
E como convinha a um bom português, meu avô montou sua padaria em Jeceaba, e dividia seu tempo entre a Central e as quitandas. Seus filhos mais velhos e a esposa também cuidavam da padaria.
E meu pai, seguindo outro gene herdado do seu pai, foi embora, não para tão longe, mas para uma cidadezinha ali perto, Passa Tempo. E lá fincou raízes: casou, teve filhos, teve sua padaria e minha história começou.
Na sexta-feira passo no consulado às 7h45. E já encontro uma fila enorme. Os primeiros da fila me dizem que estão lá desde as 3 horas da madrugada.
Vou embora. Volto outro dia, mas meu direito de neta portuguesa ninguém tira.
Pego na internet a lei de nacionalidade portuguesa, de 2006, e estudo de cabo a rabo e não encontro nada que fala que perde o direito quem já não tem mais o pai vivo.
Quero ir a Portugal porque tenho certeza de que meu pai iria gostar de saber que estive na terrinha, como ele dizia sempre que se referia a Portugal, imitando o sotoque do pai dele, cheio de esses e de sílabas sincopadas.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

As portuguesas II

O consulado é um pequeno espaço e gente se espremendo por todo canto. Com muito custo chega minha vez de pegar uma senha no balcão, onde um homem faz uma triagem. Explico meu caso, ele diz que não tenho direito, porque meu pai já morreu.
Aí falo com ele que encontrei o vice-cônsul num evento que fui cobrir e conversa vai, conversa vem, o vice garantiu que eu tinha direito, só meus filhos é que não. Quando falei vice-cônsul, acho que ele entendeu a linguagem, afinal este jeitinho foram eles, portugueses, que inventaram.
Sai, vai lá dentro e volta com uma ficha para eu ser atendida pela bambambam de nacionalidade deles. Mas a ficha estava muito longe e resolvo voltar outro dia. Pergunto que dia é mais tranquilo.
"Volte na sexta, mais cedo, assim lá pelas 7h, 7h30, que você será uma das primeiras a ser atendida". O consulado funciona só de 8 às 12 horas.
Vou embora pensando no meu avô quando chegou ao Brasil.
Desembarca no porto no Rio de Janeiro e ali mesmo, o serviço de imigração cadastra todo mundo. Como ele veio sozinho, com 19 anos, certamente foi agregado a alguma família que veio completa: pai, mãe e filhos. Ou não, já que não era menor de idade, como muitos imigrantes que vinham nessa condição.
E se o cadastro não era feito ali no porto mesmo era feito em Juiz de Fora, na pensão para onde ia a maioria que vinha trabalhar na estrada de ferro Central do Brasil, que estava em expansão em Minas Gerais. E meu avô veio parar em Jeceaba, chamada antes de João Ribeiro, Serra do Camapuã, ou outra coisa qualquer, que hoje é a cidade de Entre Rios.
Procuro seu rastro no serviço disponibilizado recentemente pela Secretaria da Cultura, na internet, um site do Arquivo Público Mineiro. Fantástico pedaço da nossa história ali, à disposição de todos, por um simples clique.
Vou recolhendo pedaços de lembranças do meu pai falando sobre seu pai: que meu avô veio de uma aldeia na região do Rio Douro, que gostava de ouvir rádio ao cair da tarde, músicas tristes, que falavam de dores, de abandonos, de desgraças. E gostava de ouvir fados, claro. E lembro do meu pai que também ouvia estas músicas, com um de nós, seus filhos menores, ao colo. Dessa época, me vem à lembrança a múscia lamentosa de Amália Rodrigues.
E descubro a origem de um traço constante em nossa família: a melancolia.
A do meu avô era saudade de sua terra. Da mulher que deixou lá, do filho que nem conheceu. De seus pais, tios, vida.
A do meu pai e a nossa é saudade de algo que nem nós sabemos. Que veio impressa em nossos genes.
Por isso eu preciso ir a Portugal, numa aldeia chamada Espinho, no distrito que agora sei tratar-se de Aveiro e ver uma casa que ainda está lá, visitar uma pequena igreja onde meu avô Joaquim foi batizado e ver seu registro, que minhas primas já viram.
Por que o consulado não entende isso?

terça-feira, 22 de julho de 2008

As portuguesas I

Queremos ser portuguesas, eu e mais duas irmãs (os outros e outras ou estão velhos, ou não querem nem sair das Minas).
Se a Marisa Letícia quer ser italiana, junto com a filharada lá dela e do Lula, por que eu não posso ser portuguesa?
Afinal meu avô era legítimo da terrinha. Joaquim, de bigode e careca como convinha e convém a todo portuga.
Começo a olhar daqui, pergunto dali, visito uma tia velha, irmã do meu pai e vou assuntando. As filhas dessa minha tia já pediram a nacionalidade portuguesa, já estão com o cartão e com os passaportes.
Quero ver serem barradas mais na Espanha! Não que já tenham sido, mas do jeito que aqueles galegos estão doidos, não dá para facilitar.
E eu como estou com umas idéias estranhas aí, de fazer o caminho inverso do meu avô, quero meus direitos de neta portuguesa. Não para fazer a américa, que a minha já está feita, graças a Deus, há muito tempo.
Mas para buscar a fonte, para saber por que a gente lusitana vinha para tão longe e depois nunca mais voltava, largando por lá, até famílias, como meu avô que deixou a mulher embuchada, nunca conheceu o filho de lá, mas só os daqui, já que uma das primeiras coisas que fez ao pisar nas Minas Gerais foi arrumar uma gaja, minha avó Maria.
Vou ao consulado português, ali na Álvares Cabral e quase caio de costas ao ver tanta gente.
Será que os brasileiros querem fechar o Brasil?

sábado, 19 de julho de 2008

A PF e a corte

A última investida da PF, a Operação Satiagraha, gerou aquela piada no futebol: explica tática, monta estratégia e o jogador pergunta: já combinaram com o zagueiro do outro time?
Esqueceram de combinar com a PF que suas espetaculosas operações não podem chegar na rampa do Planalto.
E esta, contra o Daniel Dantas do Opportunity, está batendo na cozinha do "home", aliás como em outras oeprações, da PF ou não.
Mas aí a história é diferente. Melhor armar um imbróglio com o delegado, o ministro da Justiça e o presidente do STF, do que deixar a coisa correr solta.
Bem que o Daniel avisou: "no STF eu me viro" . E como se virou!
Tem um Carvalho na chefia de gabinete do Lula, que só não é mais firme porque ainda não chegou a Jacarandá.
Não é a primeira vez que as trapalhadas, para ser educada, de tráfico de influência, dinheiros escusos, batem no Planalto. Mas não entram.
Por que será?
Leiam o artigo no link abaixo:

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3017539-EI6578,00.html

sexta-feira, 18 de julho de 2008

O que significa a nova rodoviária

Recebo mais este artigo, no dia seguinte à "enésima" audiência na Assembléia sobre a construção da rodoviária no Calafate, que aconteceu ontem (17). Este processo escandaloso tem que ter fim. O Ministério Público precisa tomar uma atitude mais propositiva.

O QUE ESTÁ POR TRÁS DA MUDANÇA DA RODOVIÁRIA DE BELO HORIZONTE
Ubirajara Tadeu Malaquias Baía – Engenheiro Civil e Mestre em Engenharia de Transportes

Infelizmente nosso futuro está mesmo complicado em termos de mobilidade urbana. Como se não bastasse a desova contínua e crescente de veículos novos pelas montadoras, a política pública de favorecer o veículo particular segue sendo privilegiadíssima pela direção da BHTrans.
A malfadada proposta de transferir a atual Rodoviária para a região do Calafate é prova cabal desta desastrada campanha de desfavorecimento do transporte público. Como é do conhecimento público, a demanda por viagens em ônibus partindo (ou chegando à) da Rodoviária vem caindo ano após ano, o que, em grande parte, é explicado pelos altos preços das passagens. A viagem por ônibus só é mais interessante do que viajar em veículo particular quando se trata de motorista viajando sozinho em seu carro. No caso deste mesmo motorista viajar acompanhado de uma ou mais pessoas, a viagem por ônibus fica muito mais onerosa do que a viagem em veículo particular, qualquer motorista sabe muito bem disto.
Como se isto só já não bastasse, vem a BHTrans com proposta de onerar ainda mais as já polpudas tarifas cobradas dos usuários do transporte por ônibus intermunicipais e interestaduais. Pelo que sei, isto é competência do DER-MG (âmbito estadual) e da ANTT (âmbito federal), pois que a BHTrans somente detém sob sua jurisdição o transporte urbano no município de Belo Horizonte. Só para citar um exemplo, um passageiro de ônibus que parte da Rodoviária, mesmo já tendo sido "mordido" na taxa de utilização do terminal, se quiser fazer uso do banheiro, tem que dispender mais uma taxa. Enquanto que nos aeroportos, tanto no da Pampulha quanto no de Confins, onde o público alvo tem poder aquisitivo bem superior ao típico usuário do ônibus rodoviário, qualquer pessoa pode fazer uso das instalações sanitárias sem a necessidade de ter que pagar qualquer taxa.
Com a Rodoviária em sua atual localização podemos garantir, com toda certeza, que qualquer passageiro da região metropolitana precisa fazer somente uma viagem para acessá-la, uma vez que, no máximo a cinco ou seis quarteirões passam linhas de ônibus praticamente para qualquer bairro da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Com a mudança para o Calafate, a imensa maioria destas mesmas pessoas precisará tomar duas linhas de ônibus, pois que a oferta de ônibus nas proximidades do novo terminal nunca será nem ao menos parecida com a oferta existente no centro da cidade.
Isto fará também com que o afluxo de veículos particulares demandando à nova rodoviária seja muito superior ao verificado hoje. É de se esperar que haja um aumento no número de veículos particulares levando/buscando passageiros em razão da menor oferta de transporte público na região. Para tanto, bastam que três passageiros, que hoje fazem uso do transporte público, passem a fazer uso do veículo particular para que o pseudo "ganho" com a retirada dos ônibus rodoviários da área central seja totalmente anulado e, o que é ainda pior, até mesmo agravado se o número de veículos for superior a três por cada ônibus que chega ou parte da nova rodoviária. Um ônibus rodoviário, onde normalmente viajam 48 pessoas, ocupa o mesmo espaço na via ocupado por três carros populares. Em resumo, não há ganho nenhum, nem para os passageiros, nem para o trânsito de um modo geral, pois todos só têm a perder!
Na realidade, o que é preciso fazer mesmo é atacar de verdade os poucos problemas que a Rodoviária atual apresenta, pois que a BHTrans até hoje só cuidou dos sintomas e nunca levou a cabo medidas eficazes para solucionar o problema na sua raiz. De concepção arrojada, com projeto escolhido mediante concurso público, ocorrido em plena ditadura militar, os problemas da atual Rodoviária se restringem à saída e ao retorno dos feriados prolongados, quando o movimento de passageiros aumenta significativamente, causando problemas no trânsito do seu entorno. A construção de uma nova área para desembarque, que poderia ser construída em uma laje por cima do Ribeirão Arrudas, entre os dois viadutos laterais, permitiria mais do que dobrar a atual capacidade de desembarque de ônibus, acrescentando 20 novas vagas às 15 hoje existentes. Esta nova plataforma poderia ser facilmente acessada por uma passarela interligando, de forma eficiente e adequada, o saguão principal da Rodoviária com o saguão da Estação Lagoinha do MetrôBH. Embora esteja ali, bem do lado, os dois terminais de passageiros estão de costas um para o outro e o pobre do usuário é que se dane com a chuva, o sol, a bandidagem, a sujeira e com tudo mais de ruim que orbita aquela região da cidade.
Transferir as linhas interestaduais e aquelas de cidades do interior situadas acima dos 200 – 250 km de distância da capital é totalmente compreensível e se faz necessário mesmo. Mas transferir toda a Rodoviária do Centro para o Calafate, com o Expominas e a Universidade Católica bem ali do lado, aí é uma verdadeira loucura, para não dizer outra coisa... As viagens mais longas devem mesmo sair do Centro, mas têm que ser transferidas para um local além do Anel Rodoviário. Uma opção inteligente e muito mais em conta para a sociedade seria transferir tais viagens para o Terminal Leste da Estação de Integração São Gabriel do MetrôBH, que se encontra bastante ocioso desde o início da operação dos ônibus urbanos integrados ao metrô naquele local. Com poucas adaptações o terminal poderia ser transformado em uma rodoviária para acomodação dos ônibus de longo percurso e já nasceria dentro de uma estação do MetrôBH, às margens do Anel Rodoviário.
As viagens de até 200 – 250 km necessitam permanecer na área central pois, até este raio limítrofe é possível para um morador do interior vir à capital pela manhã, resolver todos os problemas dele durante o dia e, no final da tarde, tomar seu ônibus de volta e jantar em sua casa à noite. Fazer esta pessoa desembarcar longe do Centro e ter que tomar condução para alcançar seu destino, que na maioria das vezes está na área central e/ou na região hospitalar da cidade, é, no mínimo, uma covardia, uma maldade. Mas, infelizmente, a atual administração de Belo Horizonte parece mesmo que só visa a satisfação dos empresários que estão por trás disso tudo, leia-se DMA Distribuidora, dona do EPA, Mart-Plus e Via-Brasil, a quem interessa a construção de um centro comercial no Calafate com uma rodoviária embaixo garantindo seus lucros. Este é o verdadeiro mote para se transferir a Rodoviária, o resto é conversa pra boi dormir... Mas, e o povo, onde fica o povo nessa história toda? Ora, o povo é que se dane não é mesmo Sr. Fernando Pimentel?!...

Ubirajara Tadeu Malaquias Baía
METRÔBH/CBTU/STU-BH
Analista Técnico
ubirajara@cbtu.gov.br
utmbaia@hotmail.com

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ainda a rodoviária

Agora a visão técnica de especialista que nem mora na região!
UMA RODOVIÁRIA INOPORTUNA
Quando pode uma obra ser inoportuna, quando obras são o que mais se pede aos dirigentes? Pode saber o leitor que é quando ninguém demonstrar por ela a menor ansiedade. Estamos diante deste fato em relação à nova rodoviária na Calafate. Ninguém levantou uma faixa saudando a iniciativa, porque ninguém se sente, a rigor, beneficiado por ela. É claro que, numa cidade de 2,5 milhões de habitantes, alguns poderão ser beneficiados, mas estarão ainda sem saber exatamente como.
Moro na cidade em região em princípio não afetada diretamente pela mudança (Carmo), além de não ser usuário freqüente desse modal de transporte. Se fosse usuário freqüente, acho que a mudança não me beneficiaria, porque eu estaria mais distante da tomada do ônibus.
Tenho, todavia, uma razão a mais para achar inoportuna a iniciativa, pelas razões que exponho: a nova rodoviária vai certamente absorver por pelo menos uma década estudos, discussões, expectativas na direção de uma solução definitiva dos problemas de transporte de massa em Belo Horizonte. E por que acontecerá isto? Porque ela não é uma iniciativa que mude substancialmente, e qualitativamente, o cenário do transporte de massa em Belo Horizonte. Se imaginássemos que ela pudesse mudar substancialmente alguma coisa, estaríamos completamente enganados, porque, de fato, ela me parece ser feita exatamente para manter tudo como sempre esteve, na linha suicida da queima irresponsável do petróleo.
Se, ao invés de estar sendo iniciada essa rodoviária, estivesse sendo anunciada uma entrada definitiva da Capital e do Estado numa frente de protagonistas da implantação de uma rede de metrô metropolitano de fato, e subterrâneo certamente, como está claro ser esta a vocação da geologia local, toda a população estaria mobilizada na discussão de diretrizes, de orçamentos, de soluções técnicas, de antevisões das cidades redesenhadas.
Nada disto suscita a presente iniciativa, e, muito pior do que não suscitar essa estuante movimentação da cidade, como deve ter havido nos tempos de pioneirismo da Pampulha, a nova rodoviária, como um tampão colossal, adia, sufoca, retarda por pelo menos 10 anos, a tomada do futuro da cidade e de suas coirmãs pelas mãos do povo.
Belo Horizonte, 16 de julho de 2008
Edézio Carvalho
Eng. Geólogo

quarta-feira, 16 de julho de 2008

A nova rodoviária no Calafate

E a luta continua, companheiro!, como diriam os velhos petistas de velhos tempos.
Porque os novos exercitam práticas que os velhos companheiros abominavam, abominam e abominarão, tenho certeza: o autoritarismo, as decisões unilaterais, os conchavos, as falcatruas com empresas.
Mas nossa luta contra a construção da rodoviária no Calafate continua. Por isso recomendo a leitura do artigo abaixo.
São ações de um grupo composto por pessoas dos bairros Calafate, Padre Eustáquio, Coração Eucarístico, Prado, que tem se mobilizado ativa e arduamente, pela web e pessoalmente, participando de todas as reuniões e audiências sobre o tema.
Leiam o artigo:

Prezados:
Todos nós nos perguntamos: Por que a BHTRans/PBH está frenética para implantar a ferro e fogo o Novo Terminal Rodoviário? Um frenesi permeado de autoritarismo e menosprezo às pessoas que vivem nesta cidade de Belo Horizonte. Com as leis sendo desrespeitadas, a cidadania usurpada, o Estado de Direito ultrajado por ávidos interesses privados. O bom senso e o planejamento dando lugar ao vilipêndio da mentira e superficialidade tecnocrática.
Ma o Povo não dá fé a projetos sustentados em estudos de vinte tantos anos, e menos ainda acredita naqueles consultores/assessores contratados a preço de ouro pela BHTRans/PBH que - quando perguntados o que acontecerá se o Novo Terminal Rodoviário não suportar a demanda - respondem despontando na cara um sorriso cor de coco de nenê novo: - Ué? Nós "construi" outro!
É alguma coisa que nos leva mais além dos anos de fogo das ditaduras Vargas e Militar. Estas, pelo menos, tinham a coragem de demonstrar serem contra os de baixo.
E o Povo questiona: - E então, por que dissimular essa afronta ao nosso combalido processo democrático? E impor uma coisa que o Povo não quer? Que não tem sentido técnico e respaldo legal? A resposta está nos interesses de ganhos fáceis, no envolvimento de dinheiro, muito dinheiro. E não precisamos ir longe para tal confirmação. Basta-nos uma continha de aritmética para a qual conto com o apoio do meu neto Luís Henrique. Vejamos:
· 35.000 pessoas/dia é o número de embarque estimado para o atual TERGIP, segundo a própria BHTRans/PBH, este número deve ser bem maior, mas vamos lá;
· 20.000 pessoas/dia é um número razoável para estimarmos o embarque no NTR (supondo que as outras 15 mil - os chamados passageiros sem bagagem - fiquem no TERGIP e sem considerar o crescimento vegetativo);
· R$3,50 é a taxa média estipulada de embarque a ser cobrada no NTR, lembrando que antes do funcionamento haverá mais um aumento (Estado de Minas em 10/07/2008);
· Solicito ao Luís Henrique fazer os cálculos:
20.000 X R$3,50 X 360 dias = R$ 25.200.000,00
Este será o faturamento anual referente à taxa de embarque no NTR que a concessionária irá embolsar. Nos trinta anos da concessão, teremos:
R$25.200.000,00 X 30 = R$ 756.000.000,00
Aí o Luís Henrique, em cima da sabedoria dos seus nove anos, sorri e acrescenta:
- É, mas ela - referindo-se à concessionária - terá que pagar os empregados, água, energia, telefone, e outras coisas (certamente ele quisesse dizer impostos, juros, manutenção, outorga, etc.).
Um pouco sem paciência, dado que estava espantado com o resultado da conta, respondi:
- Estes vinte e cinco milhões (ou setecentos e cinqüenta e seis milhões) são apenas uma parte. Não somamos receitas das taxas de administração (aluguéis), estacionamento, guarda-volume, taxa de banho e de xixi, receita da linha de ônibus TERGIP/NTR, multas, etc. Sem contar o fundo de caixa realizado com a exploração do TERGIP, já todinho montado e faturando, durante a construção do NTR, e mais terreno e infra-estrutura de graça.
- Vô, não entendi bem - disse-me o Luís Henrique, completando - mas, assim, até você poderia ser dono da concessionária desse tal de Novo Terminal Rodoviário.
- Qualquer um Lu, qualquer um. Basta ter influência para entrar nessa ação entre amigos, e uma boa dose de desfaçatez.
Volto as vistas para a janela e, do outro lado do bairro, vejo o terreno onde pretendem construir o NTR. A herança que a BHTrans/PBH está arrumando para o Luís Henrique, assim como para todos os cidadãos belo-horizontinos: um trambolho fantasiado de escadas rolantes, elevadores, folders coloridos, lantejoulas, plumas e paetês, com o nome de Novo Terminal Rodoviário, camuflagem abominável de uma máquina-registradora para enriquecer mais ainda as grandes empresas.
Temos que questionar. Pelo Luís Henrique e por tantos outros. Por nós mesmos. Por esta cidade de Belo Horizonte, que escolhemos para viver e, se possível, sermos felizes. Triste sina.

Zeca - Professor de Estatística e morador do Pe. Eustáquio

terça-feira, 15 de julho de 2008

Pague para ficar na fila

Antigamente, o maior ibope da televisão era mostrar fila do INSS: para aposentadoria, para consultar, para pegar um benefício qualquer.
Reclamar na fila do posto de saúde então, era batata: no dia seguinte a autoridade mandava consertar.
Este tipo de coisa ainda dá audiência, mas é difícil de concorrer com os escândalos.
Pois dia desses fiquei numa fila para olhar um negócio qualquer com meu celular e quase descabelei: fiquei meia hora numa fila fora da loja, a assistência técnica autorizada de uma marca famosa de celular, só para a recepcionista fazer a triagem do meu caso. Depois fiquei mais 1 hora e 15 para ser chamada no guichê!
E aí me veio a lembrança da fila do INSS e todo mundo reclamando. E por um serviço que é gratuito.
E eu ali, naquela fila, horas, junto com mais umas 30 pessoas, pagando para ser atendida.
Pode?

segunda-feira, 14 de julho de 2008

O tamanco virtual

Como tomei uma tamancada do Léo, que eu achei até merecida, apesar de meio ingênua, reproduzo a entrevista completa que o professor André Lemos concedeu à Uol Tecnologia e que veio naquele portal em forma da entrevista que eu reproduzi, parte, no post abaixo. Acho que contextualizar as perguntas e as respostas integrais do André é mais esclarecedor.
Claro que fiquei preocupada com a pertinência e lucidez do comentário do Léo, por isso fui buscar mais subsídios. Depois de ler daqui e dali continuo achando que o projeto é o "grande irmão" (não posso escrever mais "big brother", porque no Google sai 5.000 citações daquela porcaria da Tv Globo). E tem um grande objetivo por trás, que não o singelo disciplinamento do mau uso da internet.
Recomendo, para quem quiser ver outros pontos de vista o "carnet de notes", do André Lemos
E que o Léo nos ofereça mais subsídios.

"ENTREVISTA NA ÍNTEGRA POR E-MAIL DO ANDRÉ LEMOS PARA O UOL
- Quais são as conseqüências da lei na prática? O que muda para o usuário comum?
Para os criminosos, não muito, já que há leis para esses crimes, e eles estão soltos por aí. Para o cidadão comum, o sentimento de ser vigiado e de não saber se o ele que faz é legal ou não. Por exemplo, se eu disseminar um vírus sem saber, poderei ser preso? posso trocar arquivos entre meus pares mesmo em redes P2P (minhas fotos, minhas músicas, meus arquivos de textos) sem pedir autorização prévia? Como os provedores vão interpretar essas trocas? Posso copiar uma parte do texto de um blog e colar no meu? Ou seja, ela cria um sentimento de insegurança e de medo generalizado. Isso bloqueia a imaginação e a criatividade.
- Qual será o papel dos provedores caso a lei seja aprovada? Provedores de Internet terão que agir como polícia: vigiando e delatando? Qual o problema disso?
Vigiar, controlar e delatar. O problema é deixar o juízo, e em segredo, para os provedores. Mais ainda, por não querer atividades "ilegais" no seu sistema, o provedor pode quebrar a neutralidade da rede e impedir que o internauta acesse um determinado site. Isso está acontecendo agora, aqui no Canada, onde a Bell está restringindo a velocidade de acesso a alguns sites. Há protestos aqui contra isso onde muitos defendem ser uma prática ilegal. O provedor não pode dizer por onde o internauta deve ou não navegar. Imaginem o que representaria para a Internet termos sites que os provedores (baseados em que mesmo?, excesso de uso da rede, como esta alegando a Bell no Canadá? publicidade e marketing?, atividades consideradas ilegais?) não permitiriam o acesso, ou apenas o acesso a velocidades reduzidas, o que dá no mesmo.
- O substitutivo do Senador Eduardo Azeredo quer bloquear o uso de redes P2P? Por quê? O que diz o projeto? Os provedores devem bloquear o P2P caso a lei seja aprovada?
Como expliquei acima, isso pode acontecer, já que se é considerado ilegal a troca de arquivos. Mas nem toda troca de arquivo é troca de arquivos ilegais. Acho que essa lei é um atalho para a
quebra da neutralidade da rede no Brasil, ao impedir acesso a esses e outros sites julgados (pelo provedor?) suspeitos.
- A reprodução de material também será criminalizada (por causa do artigo que exige autorização prévia para reprodução de conteúdo)? E os blogs, como sobreviveriam?
Ao meu ver, na ilegalidade, já que é prática corrente trocar informações, citar e copiar partes de um conteúdo. Como falamos no manifesto, não se trata da defesa do roubo ou plágio, mas de uso criativo e cumulativo do conhecimento. Essa é uma prática (criativa, mobilizadora, enriquecedora) na blogosfera brasileira. Mas a lei exige que o usuário tenha um autorização antes de usar. Isso iria, como falamos no manifesto, bloquear os diversos usos da internet e tornar mais lenta, senão impossível, a troca de informações, os comentários, a discordância, em suma, o debate público.
- Não entra na discussão a questão público-privado? Um material colocado na Internet não se torna público e de livre reprodução? E a vistoria de troca de dados entre dois usuários não invade sua privacidade?
Não. Ele é publico mas para reproduzí-lo precisamos pedir autorização. Todo o debate em torno do copyright situa-se aí, no seu anacronismo. O Creative Commons atua justamente nesse sentido. Dizendo: "pode copiar que eu já autorizei". Mas nem todos os sites têm esse regime, mesmo que o dono não se incomode com a copia justa e séria (citar a fonte, dar créditos). Teríamos, nesse caso que, a cada citação, que esperar uma autorização antes de publicar. Ou seja, não citaríamos mais, não reproduziríamos o conhecimento e bloquearíamos a difusão cultural. Por exemplo, essa entrevista, estando publicada, para que eu possa colar ela no meu blog (já que sou eu falando), precisarei pedir autorização ao UOL. Isso já está claro na política de sites e portais.
- Entrar em um site e os buscadores também estarão cometendo crimes por armazenar dados sem autorização?
Sim. Se o Google copia trechos do meu blog quando alguém procura por ele, e o Google não me pediu permissão, ele não estaria violando a lei?
- Estaríamos entrando em uma sociedade do medo? É a idéia do vigiar e punir de Foucault? Adestrar e colocar o medo em vez de educar?
Sem dúvida. O pior do medo é aquele que se constrói por dentro, disseminado socialmente, invisível e, pior, em segredo (já que o provedor é obrigado a informar "em sigilo"). Isso trava a cooperação, o desenvolvimento livre no mercado das idéias, a difusão do conhecimento, como insistimos no nosso manifesto.
- Se uma pessoa filma uma palestra, por exemplo, quem é o legítimo titular da obra? O palestrante ou quem filmou? Eles devem dar autorização a cada vez q seu material é reproduzido?O palestrante deve assinar um documento que autoriza o uso de sua imagem. Não sou advogado, mas acho que depende do tipo de contrato assinado.
- Os crimes de pedofilia, pirataria e roubo de dados pela Internet não precisam de leis que os tipifiquem? Qual a melhor solução?
Mais uma vez, não sou advogado, mas vários se manifestaram afirmando que esses crimes já estão previstos no código penal. Se há evidência, o MP pode entrar com um pedido legal e requerer dados. Na atual lei, o Servidor vai monitorar os usuários e fornecer informações pessoais sem pedido judicial. Isso violaria a Constituição ao armazenar dados pessoais.
- O que vocês pretendem com a petição?
Chamar a atenção para a dimensão colaborativa da internet. Ela deve ser vista como uma estrutura que permite a distribuição do conhecimento e o enriquecimento cultural. Obviamente que ninguém é a favor de crimes como pedofilia, trafico de drogas, roubo de senhas e ataques a contas bancárias. Mas o carro chefe do "crime", que é o apelo dessa lei, pode levar de roldão a criatividade e a liberdade de produção e compartilhamento da informação que fazem a riqueza da internet. Por trás de uma luta contra esses crimes, está um projeto que visa colocar um instrumento de vigilância e controle fora do poder legal do Estado (nas mãos dos provedores), e transformar o mais comum dos internautas em potencial criminoso. Essa lei pode reprimir, a curto, médio e longo prazos, a criação de redes sociais e a livre circulação de informação e do conhecimento. Travaríamos assim o desenvolvimento da cultura da informação no Brasil, pilar estratégico para a sociedade da informação do século XXI."

Crimes virtuais e a sociedade do medo

Não está na grande imprensa. Está no Terra, no Uol e Yahoo, na área de Tecnologias:

Lei de crimes virtuais cria "sociedade do medo" na Web, diz professor
O projeto de lei aprovado ontem (9 de julho) no Senado prevê que provedores de Internet sejam obrigados a preservar por três anos os registros de acesso para que se possa saber quem acessou a Internet, em que horário e a partir de que endereço. Os provedores devem guardar em seu poder, para futuro exame, arquivos requisitados pela Justiça. Eles devem também encaminhar às autoridades denúncias de crimes que lhes forem feitas. Do modo como é proposta a lei, cria-se uma "sociedade do medo", na opinião de André Lemos, professor da Faculdade de Comunicação da UFBA e um dos idealizadores da petição contra a lei. "O pior do medo é aquele que se constrói por dentro, disseminado socialmente, invisível e, pior, em segredo [já que o provedor é obrigado a informar em sigilo]". "Assim, o papel do provedor passa a ser de vigiar, controlar e delatar. O juízo passa a ser dos provedores", explica André. Para o advogado Ronaldo Lemos, coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV (Fundação Getúlio Vargas) do Rio de Janeiro, a lei diz que os provedores devem informar de maneira sigilosa indícios de práticas de crimes, mas que isso contraria a constituição. "A lei cria um denuncismo. Eu posso denunciar um amigo, a indústria pode denunciar usuários e o provedor deve passar isso para a polícia. Por que o provedor tem de ficar no meio do processo?", questiona.

x.x.x.
Não sei qual é sua opinião sobre mais esta proibição. Eu, em princípio sou contra.
Tudo que vá na contramão da liberdade de expressão me deixa de cabelo em pé.
E os espaços virtuais são uma conquista inestimável contra os podres poderes políticos e econômicos.
Se não fosse essa liberdade não estaria por aqui verberando contra mineradoras, governantes.
Mas faço isso com responsabilidade. Nunca inventei nada. Não deixei em momento algum de colocar em primeiro plano minha formação de jornalista: o fato é que deve ser noticiado.
A delícia dos espaços virtuais é poder opinar.
Infelizmente a gente sabe das distorções desses espaços.
Mas distorções existem em todos os segmentos, em todas as áreas de atuação do homem.
E creio que proibir não é a melhor solução para resolver o mau-uso.
Não é reinventando o "grande irmão" que iremos acabar com as distorções.
A pirataria de múltiplas faces está aí para comprovar.
Acima de tudo, o tal projeto deveria ter sido amplamente discutido. Não vi nenhum fórum na própria Web para receber sugestões, críticas aplausos.
Aliás, o senador-autor é contumaz no tema. Sua primeira investida recebeu um bombardeio e acabou recolhida às pressas. Depois, caladamente, voltou e agora está prestes a virar lei. (ainda tem uma última rodada na Câmara).
O que está por trás disso?
Assinei a petição contra a iniciativa. Já resolvemos algumas questões na base da mobilização popular, como a lei de crimes eleitorais (9.504 de 1997), fantástica mobilização encabeçada sobretudo pela igreja católica.
Há outro projeto com recolhimento de assinaturas correndo por aí. E este encabeçado pelo professor André Lemos.
Quem gosta de um debate mínimo sobre questões que nos afetam a todos deve ler e procurar um posicionamento.

Para assinatura da petição: http://www.petitiononline.com/veto2008

sexta-feira, 11 de julho de 2008

A Polícia Federal chega à MMX

Esta notícia é imperdível. Não vou nem comentar, deixo para vocês lerem o texto integral que está no portal da Globo.
A PF inventou outro nome mirabolante para uma operação de caça a documentos na casa de Eike Batista, o marajá das minas, gás, petróleo. Chama-se Operação Toque de Midas.
O Batista, filho, montou a MMX, com um braço no Pará e outro em MInas. Por aqui pretende arrebentar a Serra do Espinhaço, garimpando um ferro ruim de Conceição do Mato Dentro.
Mas já vendeu a empresa, para a Anglo American, depois que "limpou" o caminho para o empreendimento com sua influência, prestígio e grana, naturalmente.

Confiram:
http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL643549-5601,00-PF+CUMPRE+MANDADO+DE+BUSCA+NA+CASA+DE+EIKE+BATISTA.html

domingo, 6 de julho de 2008

A sujeira do Atlético




Se a diretoria do Atlético fosse rápida para resolver os problemas do time, como é para pintar as paredes pixadas de sua sede, o Galo hoje estaria nas cabeças de qualquer campeonato.
Numa mesma semana, torcedores superinsatisfeitos com o desempenho do time (como não ficar?) fizeram uma manifestação na porta da sede.
Foi uma barulhenta "lavagem da sujeira", com muita charanga, vassouras, sabão em pó e água à vontade no passeio.
Depois a sede amanheceu pixada, com a frase: "a sujeira de fora nem se compara com a sujeira de dentro. Fora Ziza".
E antes de 9 horas da manhã, a parede já estava branquinha de novo. Acho que o Atlético virou sócio de uma loja de tinta, de tanto que tem pintado as paredes externas. Vejam que mimo o latão de tinta no chão, bem debaixo do nome do Ziza!
E o homem do bigode escovão lá dentro, olimpicamente alheio.
Cargo de presidente é uma praga mesmo. Pode ser presidente do país, até presidente do prédio de dois andares e quatro apartamentos, que o cara se isola, onipotente em seu poder!
E os ouvidos se entopem para o "clamor das ruas".
Azar o dele, que um dia cai do cavalo e não terá tempo nem de anotar a placa!

sábado, 5 de julho de 2008

Lei seca e nossas baladas

Cansei de ver estas reportagens de TV sobre a lei seca.
É gente que deixou de sair. É gente que parou de beber. É gente que agora só sai de táxi.
Fora uma emissora que mostrou um cara indo de ônibus à noite, para a balada. No Rio de Janeiro, na Lapa, ele caminhando às 23 horas até o ponto, como se aquilo ali fosse o éden.
Enjoei. Acho que é tudo mentira. Tudo matéria armada, produzida.
Chama um cara e fala pra ele: Ó, faz assim, faz assado, dá uma risadinha e tal.
Aí fui a uma festa junina e minha filha me levou de carro, já que eu gosto dumas biritas. Demos carona para mais duas colegas, que também não recusam uma cervejinha.
Na porta do clube, encontramos outra colega chegando de táxi.
Todo mundo riu, "uai, cadê os carros"?
Não é que a lei seca corre o risco de pegar mesmo?

sexta-feira, 4 de julho de 2008

A liberdade de Ingrid


Nem a dúvida sobre se houve ou não pagamento de resgate para a libertação de Ingrid Betancourt pode tirar o brilho da ação.
Que importa se o governo colombiano pagou o resgate ajudado pelos Estados Unidos e assessorado estrategicamente por Israel?
O que conta é que acabou aquela situação vergonhosa para qualquer governo de ter um cidadão em cativeiro por seis anos.
A libertação dela e outros 14 reféns é um golpe nas Farcs, que já estão enfraquecidas há muito tempo, desde que optaram pelo caminho do banditismo, abandonando o que um dia foi uma luta política legítima, contra governos corruptos e ditatoriais.
As Farcs perderam o bonde da história.
Bonito mesmo foi ver Ingrid no dia seguinte, sem aquele colete das forças armadas, mas num terninho simples, singelo, o rosto limpo e o longo cabelo trançado, penteado legítimo das mulheres autóctones do continente sul americano.
Afinal, apesar do "franco-colombiana" com que foi batizada na mídia mundial, Ingrid Betancourt é realmente colombiana, nascida na Colômbia, de pais colombianos. Só morou na França, estudou lá e se casou com um francês, do qual já estava separada antes do sequestro.
Mas isso também não importa.
Deixa os franceses terem seu ídolo, seu símbolo de coragem, ativismo, independência e consciência social.
Quem dera que nós tivéssemos um também, novamente!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

O paraíso de cada um

Cada um tem seu pedaço de céu ou paraíso aqui na terra.


Esse aí da foto é o éden da minha irmã: um lote em Ibiúna, São Paulo, que ela ganhou do dono da gráfica onde imprime quatro ou cinco jornais que edita.

A planta é uma cerejeira, sakura, em japonês. O lote da foto é todo cercado de sakuras.
O homem é um japonês, que loteou um enorme terreno que tinha em Ibiúna e deu alguns lotes para "pessoas de caráter e muita força".

Ou o japonês é maluco ou está comemorando os 100 anos da imigração japonesa, pois nem para valorizar o terreno a doação serve, já que minha irmã não tem dinheiro para construir lá.

Bom, não tem por enquanto. Porque quem sabe amanhã ganha uma herança, um jogo, uma rifa e fica com um dinheirão na mão.

Sorte ela já provou que tem.

terça-feira, 1 de julho de 2008

O sonho das menininhas

O glamour das top models faz a cabeça das meninas de 12 anos em diante. Todas querem ser modelo: lindas, ricas, famosas, magérrimas.
Os megaeventos de moda, as revistas especializadas, as novelas alimentam isso cotidianamente.
Poucas são as pré-adolescentes hoje em dia que querem ser médicas, professoras, cientistas, como antigamente.
Se são apenas bonitinhas e magrinhas querem ser modelo, atrizes e tal.
Vejo uma menininha andando pelo estacionamento de um grande centro comercial e esta idéia me veio à cabeça.
Talvez ela não tenha 13 anos. Mas já desfila.
Um shortinho mínimo, camuflado, barriguinha de fora, sapatilha de saltinho colorida e um cabelão chapado até na cintura. Argolões nas orelhas, unhas azuis e sombra na pálpebra também azul. E baton chamativo, claro.
Ainda atrás dela vou acompanhando os olhares masculinos que atrai, apesar da magreza, quase sem peitos ou coxões, ou bundão.
Mas ela desfila, desliza, empinadinha, com aquela curva impossível na coluna, que os ortopedistas classificam de hiperlordose, mas que para as modelos é "gracioso", porque ajuda no "trote".
Curiosa, passo à frente para ver o rosto e me decepciono. Nariz grande aquilino, lábios grossos, dentes meio desalinhados, quase feia.
Mas que importa? Ela é magricela e acha que um dia vai ser alta, alta e virar top.