domingo, 23 de dezembro de 2007

De onde vêm?

De onde vem esta gente toda que enche as ruas, as lojas, os shoppings, quando é Natal? Onde estava antes, que nunca nos cruzáramos?
Vêm do interior comprar os presentes, podem dizer.
Mas no interior tem lojas também. Em algumas cidades até melhores do que as da capital.
Vêm passar o Natal com a família, dizem também.
Mas não é o contrário? Não são os filhos que estudam na capital ou trabalham que voltam para casa nessa época?
A cidade está cheia, entupida de gente e de carros.
E também de chuva, que finalmente resolveu cair, para nos dar o gostinho de que estamos mesmo em Belo Horizonte.
E que Natal sem chuva não tem a menor graça. É como o Natal com neve dos nórdicos.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Paz na terra aos homens de boa vontade

Para aqueles que me acompanharam estes seis meses neste pequeno espaço de idéias, principalmente Flávia, Aline, Karina, Gleidson, Léo e Ana Paula Pedrosa. E ainda para outros que davam as caras de vez em quando, Thiago, Fabrícia, Camila, Patrícia Duarte, Elvira, Jader. E para tantos outros que me acompanharam anonimamente.
Obrigada pela calorosa companhia!
Pela enriquecedora contribuição!
E pelo apoio irrestrito!
Que continuemos a nos encontrar por aqui e em outros espaços no próximo ano.
Por enquanto vou bater umas pernas por aí, ver outros mundos, por isso vou ficar mais inconstante por um certo período: uns dias, um mês, quem sabe?
E o meu presente para vocês, no link abaixo:
natal clique aqui
Monte seu presépio clicando e arrastando as figuras e depois clicando em "animer"
Feliz Natal a todos!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

"Mane Nobiscum"

Quem sabe, sabe. E só.
(Carta enviada dia 19 ao bispo Dom Luíz pelo deputado Durval Ângelo e por Tilden Santiago, ex-embaixador em Cuba)

''Mane Nobiscum''
''Luíz Flávio Cappio''
Se uma gaiola passar por aí, subindo o Velho Chico, na direção de Minas, venha para Pirapora, que seremos muitos os amigos, barranqueiros ou não, mineiros, brasileiros, até estrangeiros a acolhê-lo no cais, porque preferimos você vivo, como “confessor da fé,” participando de uma caminhada de saída do Egito, que não termina com a “transposição” do nosso rio.
Mane Nobiscum! “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando.” Passe a noite em Emaús, na cidade dos homens, não volte a Jerusalém, cidade de Deus. O povo libertador e libertado ainda caminha nas trevas da dominação. Mane nobiscum, partindo o pão e bebendo o vinho da alegria, na esperança do alvorecer com água, pão e liberdade para todos
Sabemos que seu gesto de resistência não significa desistência de uma luta, que poderá não ser coroada de êxito. Acompanhamos com respeito sua firmeza em doar a vida para os pobres e para o Rio São Francisco. Aliás, “confessor da fé” você já é, há 33 anos, quando abandonou o convento em São Paulo, e um caminhoneiro o trouxe para o Nordeste – para viver o franciscanismo junto das populações ribeirinhas da Bahia, onde você acabou bispo, sucessor dos apóstolos. “Confessor da fé” você já é, como Francisco, nosso pai, como Vicente de Paulo, Dom Bosco e tantos outros.
Continuar “confessor da fé” até a morte ou sublimá-la com sua imolação, caso se torne impossível um diálogo verdadeiro e transparente, só a fortaleza do Espírito em sua consciência individual é que decidirá. Confiamos em você, por ser um ser iluminado. O respeito à sua decisão e à força d’Aquele que sopra onde quer não nos impede de desejá-lo vivo, como um amigo e irmão de caminhada.
E que com “transposição” ou sem ela, a “revitalização” e a “solução para o semi-árido” são tarefas e missões inadiáveis, acabando, de uma vez por todas, com a indústria da seca. Mane nobiscum!
Há uma semana, junto com três deputados das Comissões de Direitos Humanos e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, João Leite, Gil Pereira e Fábio Avelar e servidores daquela Casa, tivemos a alegria de conhecê-lo ou revê-lo. Vimos você lúcido, calmo, consciente e fiel a uma missão profética que carrega misticamente dentro de si: os pobres das regiões ribeirinhas, as águas de um rio, as barrancas com pouca mata ciliar ou assoreadas, os peixes, a fauna e a flora do cerrado, o profeta de Nazaré no solo seco da Judéia, o trovador medieval da Húmbria. Missão espiritual vivida nesse cenário messiânico, que é o Nordeste brasileiro que no passado conheceu líderes como você.
A civilização contemporânea, Dom Luíz Flávio, marcada pelo sufoco do mercado, pelo absolutismo do crescimento econômico, pela acumulação sem limites, graças ao avanço científico-tecnológico, pela ganância e insensibilidade do agro-hidro-negócio, pela tecnocracia predominante, pelo império da economia sobre a política, a ética, a ecologia, a ecopolítica, a filosofia, a sabedoria, a espiritualidade, tem grande dificuldade de entender fatos e mensagens, densos de carga profética e mística.
Somos uma geração pouco disposta a ler a grandeza interior dos mortais, especialmente quando estes, como você, nos colocam, de cheio, a interação vida e morte, seja na vivência dos pobres, seja no seu destino pessoal, seja na existência de um rio.
Mas os pobres, com quem você vive há 33 anos, têm ouvidos e coração para entendê-lo e correr em massa, como vimos, à igrejinha e à árvore onde você jejua. Nós aprendemos do Mestre que certos males na terra dos homens, só com muito jejum e oração se combate com eficácia profética. Uma contraposição profética e mística é uma denúncia que está longe de se assemelhar ao jogo, freqüentemente aparente, só para inglês ver, de situação e oposição política, mais teatro que política, na busca do poder pelo poder.
Se não considerarmos posições individuais de políticos, qual a posição, hoje, dos partidos políticos brasileiros, face ao problema do semi-árido, da revitalização, da transposição e face ao jejum, no qual você se imola? Simplesmente não existe. Os partidos são omissos.
Mas é bem verdade que além dos filhos do sertão, não são poucos aqueles que se sensibilizam com seu gesto, nacionalmente e internacionalmente. Apesar de não ter você a força do poder e da mídia.
É muito mais fácil para setores da mídia nacional e algumas personalidades incomodadas do poder civil ou eclesiástico tentar divulgar a interpretação de que estamos diante de uma postura suicida, como se isso tranqüilizasse a consciência inquieta, face ao choque provocado pelo gesto heróico desse sucessor dos apóstolos. Saiba perdoar, Dom Luíz Flávio, o que faz parte da lógica do depositum fide” e não da racionalidade política. E que antes de ser sucessor dos apóstolos, você foi e permanece um filho de Francisco, que levou a sério sua filiação franciscana.
A multidão daqueles que vêm da grande tribulação estará com você, Dom Luíz Flávio, “mártir” ou “confessor da fé”, pouco importa. Mas se você nos perguntar nossa preferência, dizemos-lhe com simplicidade, carinho e ternura: mane nobiscum! – como em Emaús. Fica conosco, Luíz Flávio, vivo, na comunhão de Casaldáliga, Geraldo Lyrio, Aloísio, Lellis, Balduíno, Serafim, José Maria Pires, Paulo Evaristo, Fragoso e tantos outros sucessores dos apóstolos. Mane nobiscum em memória de Helder Câmara, Távora, João Batista Motta, Luís Fernandes, Austregésilo, Luciano e tantos outros confessores da fé. Mane Nobiscum na luta pela revitalização do Velho Chico, pela revitalização de nossa pátria, da Nação e do povo, como sonhava Tiradentes em Ouro Preto.
O ideal seria que os dois Luíses, para usar uma expressão do amigo Antônio Faria, pudessem dialogar diretamente, sem intermediários, olhos nos olhos, como aconteceu na Caravana do rio São Francisco de 2001. Um diálogo franco, transparente, sincero, sem rodeios, não oportunista, como merecem o nosso povo e os dois Luíses. Mane Nobiscum! Luíz Flávio.
Suba numa gaiola! Suba o Velho Chico! Venha fortalecer sua saúde nas montanhas de Minas. Para juntos, renascidos, descermos o rio revitalizado em Minas, na Bahia, em Pernambuco, em Alagoas, no Sergipe – degustando uma autêntica integração nacional, popular e democrática.
Seus irmãos e amigos, desde a Caravana de 2001, da Serra da Canastra até Juazeiro/Petrolina/Sobradinho.
Tilden Santiago (PT) ex-embaixador do Brasil em Cuba
Durval Ângelo (PT) presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG

Os dois luízes

Pela pertinência, lucidez e oportunidade, publico o artigo do meu amigo, jornalista Márcio Metzker. Convido-os a mergulhar nesta análise crua e crucial.

Trajetória dos Luízes
@ Márcio Metzker - 11/12/07
Há 61 anos, nascia em Guaratinguetá (SP), numa família abastada, o menino Luiz Flávio Cappio, que optou pela carreira religiosa e se tornou frade franciscano. Em 1992, nomeado bispo de Barra, em Pernambuco, desceu o rio São Francisco da nascente até a Diocese que iria assumir, já perto da foz. Tomou conhecimento dos graves problemas sociais, econômicos e ambientais que afligem o rio e as populações ribeirinhas, e fez a clássica opção franciscana pelos pobres.

Há 62 anos, nascia em Garanhuns (PE), numa família pobre, o menino Luiz Inácio da Silva, que perseguiu muito calango e bebeu água de cacimba até subir num pau-de-arara e ir para São Paulo, com o objetivo de subir na vida, comprar sapatos de cromo, ter seu próprio carro e nunca mais passar fome na vida. Tornou-se sindicalista, foi preso, fundou um partido político e acabou se tornando presidente da República, com o conforto assegurado até o fim dos seus dias.

Em 1993, a trajetória inversa desses dois homens se cruzou, durante o percurso da Caravana da Cidadania pelo vale do São Francisco, em que comungaram os mesmos ideais de melhorar a vida dos ribeirinhos e salvar o rio das agressões ambientais que já eram evidentes. Lula adquiriu valiosos conhecimentos para suas ambições eleitorais. Dom Cappio ainda não era tão sábio quanto é hoje e acreditou na pureza das intenções do companheiro de marcha.

Esses dois homens hoje são antagonistas em tudo. Enquanto o bispo se eleva cada vez mais nas causas espirituais, Lula renega os compromissos com os velhos companheiros e afunda no mais lamentável fisiologismo. O objeto da disputa de ambos são as águas do São Francisco. Dom Luiz quer águas puras e abundantes espalhando vida e prosperidade para as populações sofridas. Luiz Inácio quer bombear o rio para beneficiar os agronegociantes e os coronéis da seca ligados ao compadre Ciro Gomes.

Em setembro de 2005, ambientalistas, hidrólogos e entidades de ribeirinhos esperneavam inutilmente contra o projeto de transposição, e Dom Luiz o paralisou sozinho com uma greve de fome que durou 11 dias. Desta vez, os mercadores do templo se encheram de coragem e resolveram começar a obra na marra, mandando o Exército Brasileiro cumprir mais este triste papel contra o povo nordestino, 110 anos depois de massacrar a população de Canudos e seu santo, o beato Antônio Conselheiro.

Dom Luiz é homem de opinião: começou outro jejum em 27 de novembro, e não deixou nenhuma dúvida de que entrega o corpo à sepultura e o espírito a Deus se o Exército não sair de Cabrobó e Itaparica e o governo não desistir da transposição. Luiz Inácio é cabra da peste, sustenta a dolorosa mentira de que a água é para beneficiar 12 milhões de nordestinos sedentos. Os abutres das empreiteiras, da indústria de cimento e das indústrias metal-mecânicas aguardam de bico aberto debaixo do poleiro presidencial.

Milhares de peregrinos visitam Dom Cappio por semana: além das pessoas comuns, pescadores, beiradeiros e índios, também ambientalistas, artistas, políticos, ativistas estrangeiros. A modesta igreja de São Francisco, em Sobradinho, tornou-se ponto de romaria. Sem querer, Lula está criando um novo Padim Ciço. Todos querem beijar-lhe a mão, pedir uma bênção, ouvir seus conselhos. No imaginário fervoroso do nordestino, surge um novo santo, culto e humanista como Mahatma Gandhi e mestre também da resistência pacífica.

Como jurou nunca mais passar fome, Luiz Inácio jamais apostaria com Dom Luiz quem resiste mais a um jejum. Se apostasse certamente perderia, mas a despensa do Palácio da Alvorada faria uma expressiva economia em iguarias. É quase certo de que o Governo não recuará, devido aos altos interesses instalados no Palácio do Planalto, e com isso se distancia definitivamente dos compromissos populares. É quase certo de que Dom Luiz morrerá, e quem mata um santo será para sempre amaldiçoado. A morte do Conselheiro, que era um inculto beato, em 1897, pesou sobre o presidente Prudente de Morais, que sofreu um atentado a bala durante o mandato e morreu de tuberculose em 1902.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Greve de fome não pode ser em vão

(Veja ao lado as dicas do Gleidson Batista para uma viagem legal a Buenos Aires. E confira também a coluna do Trotta)


Militantes de movimentos sociais, à frente o FSMMG fizeram uma panfletagem na terça-feira (18), na porta da Igreja São José, centro de Belo Horizonte, em solidariedade ao bispo D. Luiz Cappio, que faz greve de fome há 22 dias, contra a transposição do Rio São Francisco.
De quebra, o pessoal do Fórum Social Mundial - MG foi até a porta da casa do Patrus Ananias, ex-militante católico - única pessoa do governo de Lula que não tinha nenhum direito de criticar D. Cappio e o fez -, para repudiar o ministro da fome. Aliás, sem trocadilho, D. Luiz é quem deveria ocupar tal ministério, pois tem experiência própria. Talvez desse mais certo para o ministério.
E para não dizer que o bispo faz greve sem proposta, aí vai o que ele cobra do governo do Lula, cobra mas também apresenta alternativas.

Faça como a Letícia Sabatella, que linda, linda, se ajoelhou as pés de D. Caprio, domingo destes, e ontem fez manifestação em Brasília. Faça como todos que são contra os termos da tal transposição. Proteste. De todas as formas ao seu alcance.

Contrapropostas de dom Luiz Cappio e dos Movimentos Sociais

Face à proposta feita pelo Governo Federal, através do Chefe de Gabinete da Presidência da República, Sr. Gilberto Carvalho, para suspensão do jejum de Dom Luiz Cappio;

Tendo em vista a solução real para o déficit hídrico e o desafio do desenvolvimento socioambiental sustentável do Semi-árido e da Bacia do Rio São Francisco;

Baseados na proposta feita pela Caravana em Defesa do Rio São Francisco e do Semi-Árido - Contra a Transposição (27/07/2007);

Para alimentar o diálogo e o entendimento;

Dom Luiz Cappio e os Movimentos Sociais que o acompanham e assessoram – MPA, MAB, MST, APOINME, CPT, CIMI, CPP, PJMP e FEAB – apresentam a seguinte contraproposta:

1- Manter a suspensão das obras iniciadas da transposição, com a retirada imediata das tropas do Exército;

2- Adução de 9m3/s para as áreas de maior déficit hídrico dos Estados de Pernambuco e da Paraíba, redimensionando o projeto atual de 28m3/s, através de termo de ajustamento entre o empreendedor e o Ministério Público Federal com interveniência dos Estados da Bacia, do Estado da Paraíba e do Comitê de Bacia Hidrográfica do São Francisco;

3- Implementação das obras previstas no Atlas Nordeste de Abastecimento Urbano de Água, da Agência Nacional de Águas, além das já referidas acima no item 2;

4- Apoio da União à introdução, ampliação e difusão de tecnologias apropriadas de captação, armazenamento e manejo de água para o abastecimento hídrico humano e produção agropecuária das comunidades camponesas do Semi-Árido, sob controle da ASA – Articulação do Semi-Árido Brasileiro e dos movimentos sociais;

5- Elaboração e implementação de um programa de revitalização da Bacia Hidrográfica do São Francisco, que comporte ações amplas e diversificadas, a curto, médio e longo prazo, e contemple a preservação dos Cerrados e das Caatingas, tornados Biomas Nacionais, tendo como suporte orçamentário o Fundo de Revitalização do Rio São Francisco, conforme a PEC a ser aprovada imediatamente no Congresso Nacional;

6- Elaboração e implementação de Programas de Revitalização das Bacias Hidrográficas dos Rios Jaquaribe no Ceará, Piranhas-Açu na Paraíba e Rio Grande do Norte e Parnaíba no Piauí e Maranhão, e rios temporários do Semi-árido;

7- Apoio técnico-político ao Comitê de Bacia Hidrográfica do São Francisco para elaboração do Pacto de Gestão das Águas do São Francisco com inclusão imediata do atendimento às demandas para abastecimento humano do estado da Paraíba e do Pernambuco e consideração dos pleitos dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte para abastecimento humano e dessedentação de animais;

8- Coordenação pela União da elaboração e implementação de um Plano de Desenvolvimento Socioambiental Sustentável para todo o Semi-Árido Brasileiro, conforme o paradigma da Convivência com o Semi-árido.

Sobradinho, 18 de dezembro de 2007

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Salve uma garça

Coisa sinistra acontece em Fernando de Noronha. Na calada da noite, funcionários do Ministério da Agricultura pegam garças e matam, de forma politicamente correta claro, sem sofrimento para as aves, a não ser pela pequena agulhada da injeção letal.
Depois de ver a tosca cena de uma garça morta, parecendo mais um frango desses de abatedouro que exporta pras Arábias, decidi lançar a campanha: SALVE UMA GARÇA.
A campanha é simples e séria: mande um e-mail para a administração da ilha e diga que você quer salvar uma garça. Pode até pedir para lhe despacharem uma, eles têm lá uns aviões da FAB, então não deve ser difícil. Só o e-mail protestando também serve, afinal é da crise que surgem as soluções, não é o que dizem aí os manuais de gestão?
Tudo bem. Tudo bem. As garças estão desequilibrando o ecossistema da pequena Fernando de Noronha. Além disso, têm trombado com aviões, lá no espaço aéreo deles, aviões.
Daí a sacrificar é outra história. Precisa matar? Será que não tem outra alternativa? E depois, o descontrole populacional das garças é um indício de algo errado em Noronha, né não?
Se o número exagerado de aves ameaça o ecossistema da ilha, é preciso descobrir o motivo de as garças, migratórias que são, resolverem se estabelecer por lá. E por que estão se reproduzindo exponencialmente.
Estranha humanidade esta, que cria projetos para não deixar bichos, como as tartarugas, se extinguirem da face da terra e na outra ponta manda matar os que estão sobrando.
Triste humanidade esta que confina animais como o macaco Chico de Uberaba, porque ele andou tomando uns porres e ameaçando os visitantes do parque onde morava.
Será que esta humanidade acha que o Chico tomou cachaça por conta própria? Será que acha que as garças se reproduzem como coelhos porque são umas promíscuas que não conhecem nada de controle de natalidade?
Mas não tem nada não: no futuro, se as garças correrem risco de extinção, alguma empresa com débito ambiental grande, com certeza se disporá a financiar um projeto para salvá-las.

Vá ao o site www.noronha.pe.gov.br abaixo e deixe lá seu protesto

garças clique aqui

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

E o mundo vai acabar em fogo


Os ambientalistas estão doidos mundo afora. A conferência de Bali, na Indonésia, que termina nesta sexta-feira (14/12), vai dar em nada. Era para já pensar o pós-Kioto, mas a turma que manda resolveu engrossar, mais uma vez. EUA, Canadá e Japão boicotaram o acordo para novas metas sobre o clima. O planeta está se exaurindo e os ricos do mundo nem aí. Querem mais é continuar emitindo gases incontavelmente, com seu progresso infernal, e o futuro que se dane. Veja o manifesto da ONG Avaaz (se conseguir, assine a lista entrando no site indicado abaixo, já que este espaço está meio zangado há três semanas e eu não consigo fazer link de nada). Ainda há tempo!
http://www.avaaz.org/po/bali_emergency/12.php


"Desastre Climático em Bali
O encontro da ONU em Bali está em perigo. Até então as coisas pareciam estar indo bem, os negociadores estavam quase chegando a um consenso para um novo acordo climático que incluía metas até 2020 para países desenvolvidos e um compromisso da China e dos países em desenvolvimento a fazer a sua parte. Mas o Japão, os Estados Unidos e o Canadá estão se unindo para boicotar esse acordo.

Não podemos deixar que a má vontade de três governos destruam o futuro do planeta. Nós só temos até sexta-feira, o último dia do encontro fazer alguma coisa. Assine nossa petição de emergência que será divulgada publicamente em Bali, além de ser publicada no jornal Financial Times na Ásia e ser entregue á delegação do Japão, Estados Unidos e Canadá. Acrescente seu nome á campanha já!
"

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Fôlego para o Velho Chico

Ainda estamos comemorando a liminar do TRF que suspendeu as obras da transposição do São Francisco. Mesmo que a gente saiba que talvez se trate apenas de uma saída política para que o bispo Luiz Cappio suspenda a greve de fome.
Mas como ele não é bobo não mordeu a isca. Felizmente para o Velho Chico. Infelizmente para a saúde e vida desse messiânico religiosso, que com sua ação solitária, conseguiu o que audiências públicas, marchas, protestos, passeatas, manifestos não alcançaram. D. Luiz Cappio repete a greve feita no início do projeto de transposição.
E lá no sertão pernambucano, onde os especialistas são contra a transposição, máquinas começam a furar o solo que é o sustento de ribeirinhos há 500 anos.
Agora é torcer para que Lula, na conversa com a CNBB hoje, desça do pedestal, esqueça aquela discurseira inóqua e volte a ouvir o povo, não o "seu povo", mas aquele que alimentou a construção de seu mito.

Feliz aniversário, Beagá!

Hoje Belo Horizonte completa 110 anos. E como a cidade está bonita. O centro foi todo reformado (ainda está), com uma significativa mudança de aparência. Canteiros suspensos, calçadas reformadas, passeios mais largos. É a cidade mudando de cara, mas principalmente, ficando mais humana, mais aconchegante. Ruas como Rio de Janeiro, Goitacazes, Tupis, São Paulo, que estavam em adiantado estado de degradação, são agora locais para a população andar. O fluxo de carros foi drasticamente diminuído com o estreitamento das pistas, e anteriormente, com a proibição do trânsito de veículos pesados no hipercentro.
Como presente de aniversário, Belo Horizonte recebe hoje uma árvore de Natal gigante e flutuante. É só conferir na Lagoa da Pampulha.
Mas o melhor presente que a cidade recebeu, para mim, foi a disponibilização na internet do arquivo fotográfico da construção da capital. Simplesmente fantástico!
Consultem no link abaixo e depois digam se tenho ou não tenho razão!
www.comissaoconstrutora.pbh.gov.br

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Um novo Antônio Conselheiro

Engana-se quem vive afirmando que a História não se repete. Repete sim, com graus diferentes de intensidade, motivações e outros componentes.
Melhor exemplo atualmente é a greve de fome do bispo Cappio contra o projeto da transposição do Rio São Francisco. Não sou especialista no assunto, mas em seminário sobre o tema no ano passado na Assembléia, ajudei a dar vaia num cara do governo federal que esteve em BH, nem me lembro o nome (deve ser alguém muito importante!).
Tomei uma posição muito clara contrária à transposição do rio, depois de ler um artigo de um pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, de Recife, mostrando por a+b os equívocos do projeto. Se o cara que é lá do sertãozão brabo é contra, imagina eu!
Mas agora inês é morta. As máquinas já estão lá cavoucando tudo, num desfecho de autoritarismo jamais visto neste País. Mas o bispo Cappio continua resistindo, e faz sua cruzada solitária. Passa fome para que os ribeirinhos não venham a passá-la décadas vindouras. O jornalista Márcio Metzker diz que é o novo Antônio Conselheiro.
Mas o artigo que mais me chamou a atenção recentemente foi do Raul Paixão, a quem pedi licença para reproduzir aqui neste pequeno espaço de idéias.
Raul, que se define como "eu sou eu mesmo, não mais", foi da direção nacional do PCB e do PPS e hoje "livre atirador".

Aí vai:

"Quem passou pelo Setor Público conhece bem o termo 'obra de empreiteira'. A transposição do Rio São Francisco é uma clara 'obra de empreiteira'.
Parto do suposto de que as pessoas envolvidas não são idiotas; logo, posso deduzir que todas elas têm ciência e consciência de que a transposição é uma 'obra de empreiteira'.
À parte o dano irreparável ao São Francisco – já foi chamado de Rio da Unidade Nacional – o que mais me chama a atenção na parte técnica é o seguinte:

Para chegar ao seu “porto de destino”, a água precisa subir 500 metros de altura – repito o pleonasmo: subir 500 metros na altura, e não em sua extensão linear e horizontal – através de “n” estações de bombeamento. Acreditem!

Não existe atividade que seja economicamente viável com o preço a que a água chegará a seu “porto de destino” – investimento fixo na faixa dos US$2,5 bilhões a ser amortizado ao longo do tempo e o custo da energia, claro. Haja rentabilidade!... A não ser que – ah!, já ia me esquecendo – nós todos banquemos a rentabilidade via subsídios pesados. Não faltará um político calhorda para criar um projeto com essa finalidade; e aqui me refiro ao Legislativo, Executivo e Judiciário.

Não me venham dizer que a transposição atenderá o povão do árido e do semi-árido nordestino; isto é conversa fiada para boi dormir ou para inglês ver. Para esta finalidade, estudos técnicos demonstram que existem alternativas mais inteligentes e baratas. Contudo, essas alternativas não chegam a ser “obras de empreiteira”. E mais: não falta água no árido e no semi-árido nordestino, é bom que fique claro.

Precisamos pôr a boca no mundo e gritar: abaixo a “obra de empreiteira” que é a transposição do Rio São Francisco e cadeia para seus patrocinadores.

Até que enfim, estou de acordo com a Igreja Cristã Católica, pelo menos, com parte dela: longa vida ao Bispo Luiz Flávio Cappio combatendo a transposição.

Saudações indignadas de um sertanejo do Vale do Jequitinhonha que vê desde criança, quando lá nadava, seus rios – Araçuaí e Jequitinhonha – secarem devagarzinho.


Raul Paixão

10/dez/2007"

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A moça vai à festa


Olho a roupa que ela veste para sair depois das 23 horas e me espanto: um shortinho preto e uma blusa idem, com paetês e as costas de fora. Nada em baixo e nada atrás, E aí me pergunta: - colocar esta pulseira fica muito pesado?
Olho aquela roda de fenemê preto no braço delicado e digo: - não. Quem sou eu para gostar de uma moda que exibe o corpo praticamente todo e tem uns acessórios teatrais?
Lembro que nos meus quinze anos usou-se short num inverno. Um frio do cão em Oliveira e a gente saindo de short. Claro que escondido do meu pai. Mas era diferente. Completava o short uma bota até o joelho, uma blusa de lã de gola rolê e, principalmente, uma capa dando quase no calcanhar. Era o mostrar disfaçando, o sugerir.
Mas hoje ela vai saindo, depois de me pedir opinião sobre a roupa: todas shorts e todas blusas com as costas inteiramente de fora. E há opção?
Bem, só posso desejar boa balada. E que a festa de aniversário que terá quatro dias de comemoração, bombe em todas. E que traga meu carro intacto, afinal amanhã tenho de buscar minha irmã no Planalto para o almoço de aniversário, que começa hoje, sexta-feira, passa pelo almoço de sábado, pelo de domingo, dia em que ela realmene nasceu, e pela balada da terça, onde vão se encontrar os outros que não podem ir em nenhuma das outras três.
Ai, ai, princess Naiara faz anos!!! Queriam o quê?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Emagreça mas sem endoidar

Amiga minha chamada Jane - que muita gente acha que é um personagem que criei por causa dos casos escabrosos que ela protagoniza -, resolveu que estava com uns quilos a mais.
Foi no endocrinologista, reclamou do excesso de peso, exagerados dois ou três quilos, que estava comendo doce desesperadamente e tal. Mas queria um remédio, afinal não é muito disciplinada para regimes.
O doutor receitou um remedinho moderno, que não é anfetamina, segundo ele, a sibutramina. Jane pensou, pesou, mediu, os outros remédios que já toma, principalmente o antidepressivo cloridrato de sertralina. Disse ao médico que tomava sertralina, para controlar um pouco o "calorão", vocês sabem qual, pois Jane já chegou na década "enta" (a segunda, claro!).
Começa o uso da sibutramina aliada aos demais do "kit balzaca", preciosidade criada pela lavra janeana.
Passados uns cinco, seis dias, Jane começa a ter umas crises de irritabilidade e de choro. Era só falar qualquer coisa com ela mais triste ou ela se lembrar de algum fato triste e lá vinha o chororô, sem mais nem menos.
Jane disse que entrou em pânico. O que era aquilo? Aí começou a desconfiar de uma interação entre a sibutramina e a sertralina. Mas antes ligou para uma psicóloga sua amiga e marcou uma consulta.
Além disso, Jane, que já está aposentada, foi para a internet e buscou num site de perguntas e respostas, (acho que é o Yahoo Respostas) e pôs lá sua pergunta.
Recebeu três respostas: todas as três indicando que realmente os dois remédios não combinam. Uma das respostas mandava ela parar de tomar a sibutramina imediatamente e conversar com o endocrino sobre a interação medicamentosa.
Jane, muito despachada, queria mesmo é mandar o endocrino para aquele lugar e decidiu que afinal de contas, uns quilinhos a mais dão até um certo charme!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Bem feito, quem manda ser esquecida!

Fiquei uma semana sem conseguir postar nada. E não foi bloqueio emocional (embora este esteja batendo à porta), nem foi falta de tempo e nem de inspiração.
Simplesmente, muito metida, depois de fazer um curso de gerenciamento de web, resolvi dar uma incrementada no blog.
Queria personalizar minha página de pesquisa com o iGoogle, colocar alguns índices de mensuração no blog como page views, acessos diários; banco de usuários e tal.
Bem, aí mexe daqui, mexe dali, cria uma conta, muda senha, muda nome de usuário e fica tudo pronto, não fosse por um pequeno detalhe: dois dias depois fui logar o blog para uma postagem e nada. Tentei, nada. É isso mesmo: esqueci a conta nova.
Entra na ajuda, preenche formulário e nada. Tudo voltava ao ponto de estrangulamento: o nome de usuário da conta e a senha.
Hoje, depois de mandar um e-mail para meu irmão, fez-se a luz: o nome, as iniciais dos sobrenomes e um número. Pronto ali estava a bendita conta e aqui estou eu de volta, depois de perder uma semana inteira, tempo em que o mundo girou, girou, traçou seu compasso e eu no espaço.
Às vezes quase me convenço de que esta web é mesmo uma esquizofrenia, principalmente quando pesquiso sobre a Web.3.
Second life é fichinha diante do que está vindo aí.
Sobreviver(ei)mos?

domingo, 25 de novembro de 2007

Uma tarde de web em Santa Tereza

Chegou ao fim nosso curso de gestão de conteúdo web. Deu para aprender mais um pouco, fazer um montão de novos amigos e aplicar quase nada do que aprendeu, não que o aprendido não seja aplicável, pelo contrário, já está ficando até ultrapassado. É que algumas estruturas são mais.
Mas continuamos insistindo nos cursos. Para o jornalista, a web é a ferramenta básica hoje; a caneta de outrora. Ferramenta, fonte primária, secundária, receptor, cada um ou tudo junto, depende do gosto do freguês.
E num sabadão à tarde, um calor infernal, com nossos certificados debaixo do sovaco, vamos beber umas cervejas no Santa Tereza, onde funcionou o curso. Anda daqui, anda dali e caímos no Marilton's, nem sei bem em que rua, só sei que é depois da Praça Duque de Caxias e eu recomendo: lugar legal, um clima de litoral com interior, um som maravilhoso, ao vivo, sem precisar pagar o couvert e claro, a boa cerva bem gelada.
Todos assentados e começamos, como você se chama? E você? E você?
E passamos uma longa tarde de copos e mais copos de cerveja, em inevitáveis discussões sobre tv digital, acesso e democratização da comunicação, tudo conforme manda o figurino de uma mesa de boteco, onde se resolvem todos os problemas e misérias do mundo.
Caindo a noite volto para casa, não caindo, mas rindo da situação. Pessoas estranhas que passam uma tarde inteira juntas, que discutem, que trocam promessas de se encontrar e beijinhos na despedida.
Nada como a web para encurtar, também, nossas distâncias reais!

sábado, 24 de novembro de 2007

Mudando a conta de banco II

Uma vez mais a grande imprensa mineira blinda o governo de Aécio em outra trapalhada. A bola da vez é a venda da folha de salários dos servidores estaduais para o Banco do Brasil e o caos que isso gerou.
Mas na grande mídia não tem nada. Um probleminha aqui, outro ali, coisa pontual.
E tenho minhas dúvidas de que esta censura seja uma determinação do Palácio da Liberdade, dama de ferro ao leme: dama de ferro construída por marketing, diga-se, já que a neta de Tancredo não tem história política para isso, nem know how para tanto. Com certeza não passa de mais uma peça da simbologia política dos Neves, engendrada com a morte do patriarca num 21 de abril e perpetuada no neto, nas vagarosas tardes do Solar dos Neves, único casarão de São João Del Rei a merecer tal classificação, afinal o mito se constrói no espécime único.
A censura é a pior delas: é a autocensura. O que o povo simples costuma explicar como "mais realista do que o rei".
A grande imprensa do Estado, grande não sei em que concepção, não divulga o caos, porque sabe quem paga a folha de salários. É o pacto do silêncio.
Ou pior, encontra um bode expiatório. E este é o Banco do Brasil.
Ele tem culpa?
Tem. E muita. De dar medo até em lobisomem, tal as conversas que temos ouvido ou lido. Coisas do tipo: "estão lhe empurrando um mundo de produtos, sem você saber. As informações não são bem aquelas que eles lhe dizem" e por aí vai.
Mas o problema se originou aonde mesmo?
Isto mesmo, no governo. Que ganhou, só ele, com a transação, fora o banco, claro. Porque os funcionários só levaram ferro, mais uma vez, e às vésperas do Natal.
Mas onde publicar isto? Acertou de novo: nos nossos blogs.
Depois a mídia não entende aonde foram parar seus leitores.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Mudando a conta no banco I

Essa história da mudança de conta dos servidores estaduais para o Banco do Brasil é coisa de arrepiar e de criar até eventuais paranóicos.
Fui abrir a minha conta no Banco do Brasil e não quis nada do que o rapaz me oferecia gentilmente.
Informei a ele, respeitosamente, que só queria mesmo a conta-salário, independente de todas as vantagens que o BB pudessse me oferecer. Tenho uma preguiça danada de banco. Já sofro extremamente de ir em um, imagina em dois!
Aí, tudo bem, segundo o rapaz. Assina aqui, assina ali, mais este papel aqui, mais esta folha acolá.
Assinei, sem ler, coisa de umas seis folhas.
Horas depois abro meu correio eletrônico e tomo um susto com as listas de discussão de servidores. Entre outras coisas, diziam que não era para você assinar nada sem ler tudinho, porque o bom rapaz concordava com você sobre a recusa do pacotaço do BB e então, por causa dessa simpatia toda, pronto, lá estava você assinando tudo que lhe era empurrado. E este tudo, segundo as opiniões das listas, é tudo mesmo: cartões de crédito, empréstimos, cheque especial, bolsa turismo para você fazer aquela viagem pra lua acalentada há dois anos, e por aí vai.
Bem, àquela altura não adiantava descabelar, já tinha assinado mesmo.
A única coisa a fazer é esperar o dia do pagamento e ver se vou poder transferir todo o meu salário para o outro banco, sem qualquer custo.
Não sei por que, mas tenho uma inabalável crença na honestidade humana.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Mudando a conta do banco

Não dá para entender. Aliás dá, não dá é para aceitar calada.
Governo mineiro, para botar a mão numa bufunfa gorda, causa tremendo transtorno aos seus servidores.
Muda o banco onde deposita os salários. Agora é só no Banco do Brasil e "f* vocês".
Entra na fila, falta isso, falta aquilo, xerox disso, xerox daquilo. E tudo para poder receber o salário de dezembro, que graças a Deus, já está batendo à porta, pelo menos isso.
E para comprovar a independência de poderes existentes nas Minas, os outros dois (o das leis e o dos julgamentos) também "aderiram" à mudança para o BB.
Dá para imaginar o tumulto que está nas agências com a abertura compulsória de contas?
Verdadeiro presente de Natal do querido governador.
O mais interessante é que o mesmo governo que demonstra extrema agilidade para fazer uma mudança que está atazanando a vida de mais de meio milhão de pessoas, é de uma morosidade inexplicável quando se trata de garantir alguns direitos básicos de seus servidores.
Dia desses ouvi uma queixa, numa fila qualquer, de uma professora que se aposentou há quatro anos, e até hoje não teve sua aposentadoria publicada, pasmem, quatro anos! Já está afastada este tempo todo da escola, todo mês recebe o contracheque com um erro qualquer. Agora ficou sabendo, por acaso, que a aposentadoria está errada, que o cálculo do tempo de serviço não é aquele e que ela precisa voltar para a escola e trabalhar mais dois anos!!!
Incompreensível?
"Meu Deus é mais"

domingo, 18 de novembro de 2007

Carro movido a chocolate



Os ingleses testam um veículo movido a chocolate. Vão fazer uma expedição Saara afora, de seis mil quilômeros, até chegar no Mali, um dos países africanos que mais sofre com a mudança climática. O combustível será doado, bem como os segredos de seu processamento, às autoridades da cidade de Tombouctou, que era portuária, mas devido às mudanças climáticas teve o seu rio empurrado 20 quilômetros de seu curso, pelas areias do deserto.
Cana, amendoim, arroz, beterraba, soja, mamona, milho, gordura de picanha são algumas das matérias-primas em teste na fabricação de biocombustíveis. Por isso, já há uma corrente de cientistas criticando os biocombustíveis e alertando para o risco à segurança alimentar do planeta. Ou seja, você reduz a emissão de gás carbônico na atmosfera, mas mata de fome grande parte da população do mundo, segundo eles. ("Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come").
E agora o chocolate. Alimento riquíssimo. Já foi bebida, já foi comida, já foi doce. Virou remédio, depois cosmético e agora combustível.
Você não precisa mais se preocupar de comer chocolate quando estiver com TPM. Ou estressado.
E nem adianta saber que os povos da América Central já bebiam drinks alcóolicos feitos com cacau, mil anos antes de Cristo.
E nem passar chocolate no cabelo, pra ficar com aquele cabelão lindo, brilhante e lustroso. Ou na pele, para acabar com as rugas.
Chocolate agora é para fazer andar carros.
E na África, ironia das ironias, continente campeão da fome mundial!

Expedição leva carro movido a chocolate para a África

sábado, 17 de novembro de 2007

E Papai Noel chegou

E Papai Noel chegou finalmente. Depois de muita empolgação do mestre de cerimônias, de músicas natalinas, e brincadeiras para as crianças que lotavam a praça de alimentação do shopping, ele desceu pelas cordas, do terceiro andar.
Uma entrada triunfal de artista de circo, com direito a muito suspense: "será que ele vai cair"? Será que o Papai Noel chega inteiro ao chão"?, entusiasmava-se o moço da apresentação, esquecido de que era uma festa de crianças, muitas ainda bem pequeninas.
Se eu fosse criança teria morrido de susto. Não gostaria nunca de ver um Papai Noel despencando do alto.
Queria vê-lo sempre entrando por uma chaminé, e quando essa não fosse possível, surgindo de trás de uma porta, disfarçado na penumbra de luzes pisca-piscas da árvore de Natal, para nos surpreender, arrepiar, acelerar o coração.
Mas não. Este Papai Noel desceu de cordas, como se fora um atleta de rappel. Sinal dos tempos.
Deu cambalhotas, magrinho, magrinho. Sinal dos tempos também.
E quando chegou ao chão, foi imediatamente cercado pelos seguranças e levado para outro lugar, sabe-se lá onde.
E a criança que eu sempre fui, não pôde puxar sua barba para ter a certeza de que era de verdade!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

ONU no Brasil

A meteórica passagem do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, por Brasília, tem um significado político: o ban ban ban (não resisti ao trocadilho) das Nações Unidas não veio ao Brasil, mas à Amazônia.
Não é à-toa que dos três dias no País, ele gasta dois deles no Norte brasileiro, visitando o museu Emílio Goeldi, no Pará, a Ilha do Combú, próxima a Belém, onde tem um parque ambiental, e discute os impactos do projeto do biocombustível brasileiro sobre a região amazônica.
Em Brasília, ele cumpriu estritamente o protocolar: um encontro com Lula e a apresentação das várias agências da ONU no Brasil, que tiveram apenas cinco minutos para se apresentar. Essas se ressentem do descaso e culpam a falta de carisma de Ban, em contraposição a Kofi Annan.
Ban Ki-moon veio na hora certa: o sincronismo de ações da ONU indica bem a prioridade dele à frente do organismo mundial: o meio-ambiente. Nestes mesmos dias de sua visita ao Brasil, o grupo do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, órgão multilateral formado por delegações de 130 paises) está em Valência, na Espanha, apresentando o último capítulo do relatório sobre a quantas anda o clima no planeta. As outras três partes do relatório foram apresentadas em fevereiro, abril e maio, e resultado todo mundo sabe: o inexorável aquecimento global.
A reunião do IPCC termina no sábado (17), com a divulgação do relatório na pesença do secretário-geral. O texto é uma síntese do que já foi falado antes, não contém novidades, mas as diretrizes para a política a ser adotada pós-Kyoto, que se expira em 2012 e cujo término é tema da reunião da Indonésia, em dezembro.
A novidade fica por conta das opções apontadas pelo IPCC: dá para estabilizar as emissões de CO2 a um custo razoável: menos de 3% do PIB mundial. E para o Brasil, o alerta feito em relatórios anteriores: o perigo da savanização da Amazônia, também lembrado na Conferência sobre Mudanças Globais para a América do Sul, realizada em São Paulo, na semana passada. Este perigo é patente no leste amazônico, onde ocorre mais intensamente o desmatamento.
O governo editou aí um decreto que imita uma privatização de partes da região, ao conceder a empresas, o direito de explorar a floresta. Disse que é uma forma de preservá-la.
Tenho minhas dúvidas.

domingo, 11 de novembro de 2007

Conclusões da Conferência de Mudanças Climáticas

Como a grande imprensa não deu a mínima bola para a conferência que trouxe cientistas do continente sul-americano para discutir as mudanças no clima da América do Sul; e como fiz um post sobre o assunto - ainda que não tenha havido uma resposta para minha indagação para o problema do gás metano dos bois e gnus -, dou minha pequena contribuição, reproduzindo algumas das conclusões e recomendações do encontro, divulgadas unicamente no site do evento:

Há uma percepção de mudança do eixo de discussão da conferência: antes, o foco era a existência das mudanças climáticas. Agora, o consenso entre os cientistas presentes nesta conferência é que as mudanças climáticas são uma realidade. No entanto, é preciso ter um maior conhecimento sobre medidas de adaptação e mitigação nos diversos setores da sociedade.

Os tomadores de decisão das políticas públicas precisam que as informações técnicas sejam não só acessíveis, mas também disponíveis em formato executivo.

Há uma necessidade de maior utilização de desenvolvimentos científico-tecnológicos como suporte à tomada de decisões em políticas públicas como garantia para o desenvolvimento sustentável. Deve-se também aliar academia, setor privado e organizações não governamentais.


Taxação e soluções

Recomendam-se que as políticas públicas definam ações claras que levem à redução de emissões de gases do efeito estufa, tais como taxação de combustíveis fósseis, aumento da eficiência energética etc.
Foram discutidas ações de adaptação às mudanças climáticas de caráter prático e de baixo custo, como, por exemplo: pintura do teto dos prédios na cor branca em regiões tropicais (o que evita o aquecimento da residência e gera economia de energia elétrica), reflexão por cobertura parcial no semi–árido (economia de água nos açudes), coberturas do solo no semi-árido.


O pesadelo amazônico

As conclusões relativas à Amazônia na conferência foram: existe uma incerteza quanto à capacidade de adaptação da floresta amazônica às mudanças climáticas; as modelagens metereológicas indicam uma possibilidade de savanização da Amazônia Brasileira; observa-se uma redução significativa da taxa de desmatamento nos últimos três anos, apesar de ainda ser superior à média histórica da década de 1990 e de os vetores que a determinam não serem muito claros.
Em relação à conferência anterior, relatou-se a aprovação de duas metodologias florestais complementares para obtenção de créditos de carbono no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL): 1) recuperação florestal em Áreas de Preservação Permanente; 2) fomento a plantações florestais para fins industriais.
Recomenda-se a atenção dos órgãos de política agrícola ao uso racional de fertilizantes nitrogenados em atividades agrícolas e pecuárias.

Destaque para os aspectos sociais das políticas de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas. É preciso que projetos privados de redução de emissões procurem incorporar esses aspectos, e não somente o cumprimento da legislação nacional. Ao mesmo tempo, é preciso também pensar como a sociedade civil pode melhor se adaptar às mudanças climáticas.


Mudança de hábitos

O aumento populacional no planeta não condiz com o aumento na demanda de recursos hídricos. Portanto, há uma necessidade clara de mudança de hábitos de consumo, ou seja, mudança de paradigmas. A gestão dos recursos hídricos e o desenvolvimento urbano são estratégias para essa mudança.

As Oscilações Decadais do Pacifico (PDO) podem trazer uma atenuação ao efeito do crescente lançamento de gases de efeito estufa na atmosfera nos próximos anos. Os oceanos regulam a distribuição de calor no planeta. Há uma potencial redução na capacidade dos oceanos de absorver CO2.


Há uma incapacidade do sistema econômico atual de reduzir a demanda por água.
As incertezas associadas às mudanças climáticas aumentam o risco no planejamento do uso dos recursos hídricos (por exemplo, construção de hidroelétricas).

Biocombustíveis

Os biocombustíveis são uma alternativa para que o setor de transportes dê a sua contribuição para a mitigação das emissões de gases de efeito estufas, em especial o etanol oriundo da cana-de-açúcar. No entanto, a melhoria de aproveitamento energético é tão importante quanto o uso de combustíveis alternativos, assim como a melhoria da eficiência dos motores e a redução do peso dos veículos e maior uso de transportes coletivos.

Aponta-se um conflito entre a utilização de terras para cultivo de alimentos e para obtenção de biocombustíveis.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Mudança climática

Em São Paulo começa hoje (5), a 3ª Conferência Regional sobre Mudanças Globais da América do Sul, que terá a apresentação de mais de 100 trabalhos relacionados com a mudança climática.
A discussão deve começar, naturalmente, pelo último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), que terá alguns de seus representantes presentes ao encontro. Junto com este relatório e suas sugestões, os cientistas da 3ª Conferência vão se deter especificamente sobre as mudanças na América do Sul e as soluções para a região.
O Brasil vai estar com as barbas de molho: além da poluição provocada pelas grandes queimadas em vastos territórios nacionais, o País é responsável por outra importante emissão poluente: o gás metano.
Embora a presença deste gás na atmosfera seja quatro vezes menor do que o gás carbônico, a origem de sua participação no aquecimento global chama a atenção, no caso brasileiro.
O metano brasileiro não é liberado pelos lixões, ainda que estes tenham uma importante contribuição, mas pelo rebanho bovino.
Em uma conversa de fim de semana, à beira de uma piscina e de muitas latas de cerveja, e por causa da presença de um ecologista ( Gustavo, geógrafo com ênfase em Meio Ambiente), fiquei sabendo do problema que o rebanho de gnus da África causa ao clima, com seus gases intestinais. Gnu é aquele animal que aparece sempre nos safáris, filmes, correndo desembestado pelas savanas africanas. Na verdade, a cena ocorre quando o rebanho, calculado em cerca de 2 milhões de animais, migra da Tanzânia para o Quênia, em busca de alimentação. Vocês podem imaginar o tipo de conversa que foi. As piadas, dois milhões de gnus correndo e ....
Aí, pesquisando daqui e dali sobre o assunto, acabei por deparar com a discussão sobre a emissão de metano oriundo dos gases do rebanho bovino brasileiro, o maior do mundo, com cerca de 200 milhões de cabeças. Milhões de toneladas de metano são liberados anualmente por esse processo "natural".
De acordo com especialistas, e com estes eu não discuto, a não ser para provocar o debate, cada molécula de metano, potencialmente, tem um efeito estufa maior, mas a nossa sorte é que a quantidade de metano na atmosfera é umas 250 vezes menor que o gás carbônico.
Daí que na Conferência deve aparecer alguma coisa sobre controle do gás metano no Brasil. Dizem que há muitos projetos nesse sentido, só que ligados às emissões dos lixões, que como vimos, não são os responsáveis maiores pelo metano na atmosfera.
Vou acompanhar os resultados do encontro de São Paulo para saber como os cientistas e pesquisadores, principalmente os da Embrapa, pretendem controlar a emissão da flatulência bovina.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Chico vai embora

O macaquinho prego Chico,que foi alvo de reportagens e mais reportagens, até do Jornal Nacional, vai mesmo ter de deixar sua casa no Parque da Mata do Ipê, em Uberaba. Ele já está de malas prontas, pois só pode ficar no atual endereço até 20 de novembro.
Os humanos continuam dando sinais de irracionalidade e este é o melhor exemplo. O macaco foi acusado de agredir visitantes do parque, roubar uma coisinha aqui, outra ali e dizem ainda que tomava uns porres. Por isso, as "autoridades" decidiram que ele tinha de ser despachado, "porque estava impróprio para o consumo" (mas o leite da Coopervale, de lá, não estava né?).
Resolveram fazer uma audiência pública para a própria população definir o destino dele (ô beleza de democracia!), e decidiram perdoar o cara, daquela vez. Mas parece que não teve jeito. O macaco reincidiu e atacou de novo outras pessoas, mordendo dedos e mãos.
Foi aí que veio a sentença definitiva do Ibama (porque este não vai cuidar de sua vida e acabar com o desmatamento da Amazônia?): o Chico tá banido da comunidade, por comportamento anti-social.
Dizendo assim parece chacota, mas não é. Dá pena ver como se resolve o problema sem se aprofundar em suas causas.
Ninguém explicou por que o Chico agride os visitantes. Será que não foi por provocação deles mesmos? Também ninguém explica quem deu bebida para ele. Será que o Chico foi ali no bar da esquina e comprou umas pingas e depois, rindo desavergonhadamente da cara do "home" do balcão, mandou colocar na "conta do Nereu, se ele não pagar, nem eu"?
Com tantos especialistas por estes zoológicos afora, será que ninguém pensou que o Chico, aos cinco anos, já estava estressado com aquele "porre" de gente puxando seu braço, dando comida ruim, fazendo e dizendo idiotices?
Pois quem não se lembra do Idi Amim, aquele gorilão do Zoo aqui de Beagá, que também andava meio bravo com a turma da visita? Descobriram que a agressividade era porque ele estava sentindo uma falta danada de uma companheira. Por isso, foi feita uma campanha para arranjar-lhe uma namorada.
Será que o Chico também não quer é namorar?
Tem lá sua irmã Chica (ô imaginação fértil para nome!), mas não é a mesma coisa, né mesmo?
E o pior, a Chica vai ter de partir também, da casa onde os dois nasceram e viveram até agora.
Ah! mundo cão.
Dá vontade de falar para o Chico fazer uma greve de fome. Ou então de recitar um verso de Drummond para ele: "vai, Chico!ser gauche na vida".
E quando se for, Chico, vire para trás e dê uma banana para eles!

(Ao lado, uma poesia em homenagem ao Chico)

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Sexo oral das aranhas

Seria normal se se tratasse "daquelas" aranhas que o "vulgo" difundiu. Mas não, são os aracnídeos mesmo. As aranhas macho e fêmea fazem não só sexo oral, mas ainda uma boa quantidade de posições sexuais, mais de dez, na hora do "vamo ver", diz um estudo de uma entidade científica espanhola.
A mesma pesquisa, publicada pela agência EFE, da Espanha, diz até que os bichinhos têm seu próprio Kama Sutra, tal a variedade de posições, algumas bem acrobáticas como sugere o famoso livro hindu. Se enrolam na teia; levam um bichinho morto de presente para a parceira a fim de saciá-la (da fome mesmo!), já que a ingrata, depois do "bem bom", tem o péssimo hábito de devorar o macho (igual a abelha, lembram?). E segundo o estudo, (ô gente de mente poluida!), quando a fêmea "come" o macho, é também uma lição do Kama Sutra: o sadomasoquismo.
É, parece que as aranhas enjoaram do "papai e mamãe". E como os cientistas não encontraram uma explicação para o canibalismo das fêmeas, eu tenho a minha própria: o macho falhou na hora H. E aí não teve tempo nem de falar "desculpe, meu bem, isto nunca me aconteceu antes".
Como aranha fêmea não tem dor de cabeça para se negar ao sexo, o macho leva um presentinho para ela, e enquanto ela se distrai comendo um insetinho, ele crau!
E outra forma que o macho achou para se preservar, é escolher as parceiras menores, porque não são tão malucas; ou as mais gordinhas, porque são menos esfomeadas.
Me preocupei com a descoberta. É sinal de evolução de uma espécie, a sofisticação sexual. Já pensou se as aranhas começarem a evoluir, evoluir, falar, pensar, e acharem que podem dominar o mundo? E se nos escravizam?
Pense bem, você ali, nuinha ou nuinho, com as Entradas e Bandeiras à mostra, só com uma gravatinha borboleta, servindo um drinque para satisfazer a imaginação sexual de um aranhão?
Aaarrc.
Mas o mais engraçado do estudo, é que depois de tanto detalhe, os cientistas disseram que não sabiam porque as aranhas usavam tantas posições sexuais.
E precisa?

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

2014 é logo alí

Daqui a poucas horas, os olhos dos brasileiros estarão em Zurique, na Suíça. Vão ficar sabendo se o Brasil vai sediar ou não a Copa do Mundo de 2014. Ou melhor, vão ver a confirmação, já que o Brasil é candidato único.
Não quero ser chata, principalmente porque o assunto é futebol, mas algumas perguntas têm de ser feitas: se o negócio é tão bom assim, por que não apareceu outro concorrente?
E se o Brasil perder de novo, em casa, como foi em 1950?
De onde vai sair o dinheiro para tanta reforma e investimento?
Como o País vai fazer para proteger atletas, visitantes, torcedores?
Ah, mas acabei sendo chata, me perdoem.
No Pan foi a mesma coisa. Meti o pau, mas depois caí de amores. Afinal é tão bom ter alguma coisa se arrastando por dias e dias para a gente acompanhar, discutir, brigar, sofrer, comemorar e sair mais cedo do serviço. Melhor que ficar um tempão vendo cenas e mais cenas de acidentes de avião.
Mas ao mesmo tempo fico angustiada só de pensar que poderemos perder para os argentinos, já pensou? Em 50 foi para os uruguaios. Se perdermos, que seja para alemães, ingleses, franceses; estes não ficam zoando a gente eternamente. Mas argentinos, e em menor escala, italianos, ai meu Deus, não permita!
Que venha a Copa do Mundo em 2014! Mas está tão longe. Em sete anos é tanta coisa que acontece.
A propósito: não entendi o que o Paulo Coelho estava fazendo lá na reunião da Fifa. O Romário ainda vai, coitado, está nos finalmentes da carreira. Mas o Mago, não dá pra entender. Mas vá-se entender este País!

domingo, 28 de outubro de 2007

Êta mundinho pequeno!

Sempre compartilhei da idéia de que este mundo é um mundinho, uma ruazinha estreita, fechada, beco mesmo, onde todos se conhecem. E isto muito antes de internets, orkuts, celulares. O mundo já era pequeno antes das tecnologias, depois delas, então, virou um quintal.
E por quê isso agora?
É que cada vez mais a gente encontra pessoas conhecidas em lugares mais distantes e improváveis. Quem aí nunca encontrou um ex-colega de escola, de serviço ou vizinho, em uma viagem?
Num curso de fim de semana, encontrei uma menina que me cumprimentou. Como cheguei meio "sonada" na aula, não me lembrei de imediato quem era.
-" E aí, que dia você vai chamar a gente de novo para sua casa e fazer aquelas comidas gostosas"?
Aí, pimba!, lembrei. Era a Flávia, namorada do Guilherme, fotógrafo que trabalha com a gente. Isso numa turma de mais de 20 alunos, de diferentes formações.
Mas o maior exemplo de "ô mundo pequeno!", foi o encontro de minha prima Eliza, em Roma, na Fontana de Trevi, com um conterrâneo de Passa Tempo.
Passa Tempo é uma cidadezinha alí do centro-oeste mineiro, que quase ninguém ouviu falar.
Já pensou o que é você ir à cidade nos fins de semana, durante 20 anos ou mais e nunca encontrar uma pessoa, e de repente, em Roma, ouvir: "Eliza!?".
Não é o máximo?

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Lo dia internacional de hablarse portuñol

Como mañana es feriado para nosotros, antecipo mi postage

(Esta colaboração é de nossa coleguinha Larissa. É demais. Vale a pena aderir!)

Comemoração este ano: 26 de outubro de 2007
http://www.portunhol.art.br

A última sexta-feira de Outubro é o dia em que todos os brasileiros devem utilizar este idioma maravilhoso em seus blogs e chats, no trabalho, na hora de caminhar, tomar café da manhã, ligar para a amante, enfim, todos os momentos deste dia devem estar recheados de palavras em portuñol. Abaixo alguns links para você conhecer um pouco mais sobre a idéia, o dia, e principalmente aprender como utilizar este seleto idioma:
La comemoración en 2007 sera en lo dia 26 de lo otubro! PARTICIPE!

- 2006 - Infelizmente devido ao feriado a comemoração foi passada para 2007.
Como fué la comemoración en 2005
O que é?
Como agir?
Nuestra bandera
Quem está por trás disso tudo?
Como surgiu a idéia
Nuestro patrono: Lo Gran Admiral José Ruelas
Nuestra patrona: Carmen Miranda

Tabela de conteúdo
1 Aprenda a hablar lo portuñol
2 Programas que convertem português para portuñol
3 Canciones e Peliciculas
4 Tiextos dibersos

Aprenda a hablar lo portuñol
No haga feo en lo grande día! Aprenda acá a hablar nuestra língua.
Básico
Intermediário
Avanzado
Palabrones

Programas que convertem português para portuñol
Python
Plugino para lo Adium X de lo Mac. Chateie en portuñol en su Manzana, su preguisozo.

Canciones e Peliciculas
Abajo eston algunas cancionas famosas traduzidas para lo Portunol e los principales películas de lo cinema.
Chiquita Beneno
El Batima en la Fiera de la Fruta
Dar el culo és bueno, por la Tati Quiebra Barracon
El Robocuep-Alegre, por los Mamonas Matadoras

Tiextos dibersos
Abajo una coleción de tiextos dibersos coletados durante los años.
Una declaración de lo amor

Retirado de "http://www.portunhol.art.br/wiki/P%C3%A1gina_principal"

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Quero ser editado

Com o texto abaixo, meu amigo Trotta homenageou os jornalista, em 7 de abril, "homenagem a cada jornalista que dedica sua vida, sua integridade e trata com respeito a notícia para o seu público".


Já fiz a minha escolha para quando eu morrer. Não quero ser enterrado, mas cremado para ser transformado em pó. Não quero ser guardado em caixinha em cima de alguma cômoda da sala ou em segredo como restos mortais do que fui. Quero deixar aqui o meu derradeiro pedido: que o pó da minha existência seja misturado às tintas de alguma impressora para que eu possa sair impresso na próxima edição do jornal.
Espero não estar dando muito trabalho nessa ocasião, mas quero deixar a sensação de que continuo, de alguma forma, entre as notícias, impregnado nas palavras, oferecendo, numa espécie de esforço, até a última gota. “Ter” a sensação do dever correspondido, estampado e marcado pela identidade de uma vocação, vivida na comunicação. Saber que não mais faço parte de uma coluna, reportagem, ou seja lá o que for, mas do todo. Pertencer a todas as notícias, anúncios, traço, linha, expressão, idéia e pontuação. Começar não apenas como a primeira letra maiúscula de uma frase, mas também pertencer às idéias e chegar até o seu ponto final.
Não mais somente ser do jornalismo, mas pertencer definitivamente ao jornal, a cada folha, a cada página, a cada leitor. Cobrir, in memorian, mais uma edição. Não mais fazer parte da pauta, mas estar, como um todo, em pauta; sentir-me vivo em cada editoria, pulsando nas linhas do editorial. Sentir-me presente no próprio expediente. Consumir-me no jornal, consumado nas informações.
Que cada partícula do pó misturado nas tintas possa ajudar a comunicação, os comunicadores e os leitores a pensarem que a informação e as notícias devem estar a serviço de um mundo justo e cheio de paz. E que tenham a plena consciência de que cada um de nós, por menor que seja, por mais “morto” que pareça estar, tem o poder de mudar o estado das coisas e buscar o impossível, o novo. De descobrir uma nova forma de sobreviver, de se sentir vivo entre os vivos. De reviver, na próxima edição.
Estarei entre substantivos, alguns adjetivos, muitos verbos e entre tantos artigos e pronomes. Serei oração principal e subordinada. Envolto em tintas. Feliz. Completo. Sujeito minha existência. Serei, então, objeto misturado a tantas vidas noticiadas em simples folhas de papel jornal.
Quero ser editado. Levado ao prelo e estampado em cores ou em preto e branco. Estar na forma de anúncio, letras ou na fisionomia dos rostos, gestos e figura de cada foto. Não quero ser notícia, mas estar notícia nas mãos dos meus colegas de trabalho e, depois, ser lido pelos leitores em busca de informações. Quero estar nas linhas e entrelinhas dos textos.
Tornar-me útil, mesmo depois, servindo a muitos dos meus leitores que me liam por dentro e me conheciam por fora. Então, me terão por inteiro, sem máscaras e sem receio, sem limitações, vindo do pó e voltando ao pó, em forma de notícias.
Até a próxima edição!

Antonio Trotta – Jornalista
marketingsempena@itajuba.com.br

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Sobre cachorros e homens

Última chamada: amanhã é o lançamento do livro Prosa Sub, do Leonardo Lúcio Machado, lá no Maramar (R. Piauí, 1.714 - Funcionários). Vale a pena conferir a prosa que na superfície é sobre mergulho, e no fundo, sem máscara ou oxigênio, é sobre emoções humanas. E para quem está perguntando quem é o Leonardo Lúcio Machado, é o Léo, diretor da Escola do Judiciário. Mas a melhor referência sobre ele é que é o marido da Flávia Mari.

x.x.x.x..x.x.

Houve um tempo em que a vida começava mais cedo e terminava cedo também. Na casa dos 20, os homens já estavam casados e com filhos. Na casa dos 30 já tinham netos. E morriam na casa dos 50, no máximo.
Hoje estamos atrasando estes períodos cada vez mais. Os filhos já não saem de casa, quando saem, antes dos 30, 40 anos. Só vamos ter netos depois de 60, época em que antigamente as mulheres e homens já tinham bisnetos.
E vamos estendendo a vida, artificialmente, e pagando alto preço também. Vidas sustentadas à base de medicamentos e mais medicamentos. De tratamentos e mais tratamentos de rejuvenecimento. Tudo para deter o inexorável passar do tempo. Até chegarmos a situações de extrema dor: seres humanos ligados a máquinas e mais máquinas, como se isso fora prolongar a vida.
E a situação se estende agora para os animais. Aqueles domésticos com quem vivemos anos a fio, como se fossem parte de nossa família. Cães, gatos, passarinhos, peixinhos e tartaruguinhas são tratados com medicamentos dos humanos, e suas vidas são esticadas, desgraçadamente para eles, que ficam por ali, nas nossas casas, cegos, inválidos, surdos e nem sei o quê mais.
Tudo para deter o inexorável tempo. "Tempo, tempo, tempo, és o senhor do destino".
Nicole, minha cocker de 10 anos está doente, com infecção intestinal. Tomou buscopan para a dor e um antibiótico. Não melhorou. Pode estar com insuficiência renal e piometria (um troço no útero).
Os cães não têm servido só para dar conselhos aos seus donos (livro: Marley e eu), numa nova tendência chamada de au auto ajuda.
Servem também para deixar a gente bem para baixo.
Mas também para matar a gente de rir, de alegria, de casos e mais casos para contar todos os dias para os amigos e colegas.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Leite derramado

Não, não se trata da licença que o Renan Calheiros pediu de seu mandato, apesar de esta também poder ser considerada "chorar sobre o leite derramado".
Mas dessa vez é sobre o leite mesmo. Quase não tomo leite, mas fiquei pasma de saber que havia uma quadrilha falsificando o leite aqui nas Gerais, terra do próprio. Não é o fim da picada?
Imagine se forem reeditar a "política do café com leite", terão de chamá-la de "café com leite aguado". Ou "café com leite batizado". Ai que vergonha me dá!
Também neste país tem quadrilha para tudo, que a gente nem deveria se espantar mais.
Só que com esta falcatrua - que a Polícia Federal chamou de "Operação Ouro Branco"-, a gente fica é muito indignada mesmo.
Já pensou as criancinhas tomando o leite com produto químico? Sim, porque não era água não, colocavam soro para aumentar o volume, e um tal de peróxido de hidrogênio, que serve para disfarçar as más condições higiênicas do produto. Ou seja, em vez de vender um produto bom, a corja vendia um produto ruim e disfarçado! E uma das cooperativas ainda usava soda cáustica. Meu Deus, que é isso?
Os falsificadores pertencem a duas cooperativas mineiras: a Coopervale e a Casmil, a primeira de cidades do Vale do Rio Grande e a segunda do Sudoeste mineiro. O leite estragado ia para a Parmalat e a Calu que declararam não ter nada a ver com o caso.
A PF botou a mão em 23 pessoas de Uberaba e Passos. Sabe o que eu faria com estes cachorros? Deixava cinco dias (tempo da prisão preventiva) a pão e leite, claro, do leite fornecido por eles.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Bendita Fabiana!

Admiro pessoas que se dedicam profundamente em tudo que fazem. Pessoas que mergulham de corpo e alma em cada pequeno projeto de vida. E que por causa dessa intensa dedicação fazem tudo com perfeição. Pessoas que nós outros chamamos de "caxias", "CDF" e outros apelidos bobos.
Essas pessoas facilitam a nossa vida, quando são nossas colegas de trabalho. Adoçam nosso dia-a-dia e nos dão estabilidade emocional, quando são nossas companheiras de jornada pessoal; nos dão consolo e segurança quando são nossas amigas.
Noite dessas, lá pelas 21 horas, eu sozinha na redação da assessoria, nos finalmentes do fechamento do jornal, atendo o telefone. Era uma repórter da Rede TV!
- "Será que você me arruma o telefone do Walmir Coutinho?" Perguntei quem era o tal. Era um bambambam dos tratamentos de obesidade, lá de São Paulo.
"Uai, acho que não vou ter isso aqui não"! Aí ela disse que ele foi um dos palestrantes de um seminário de obesidade que havíamos feito no ano passado.
-"Ah, bem, então vou dar uma conferida nas nossas matérias; te ligo depois, me dá seu telefone."
Aí era um número de São Paulo. Eu já estava desconfiada pelo sotaque da moça. Não resisti: - "não é melhor você procurar aí em São Paulo mesmo, telelista, coisa assim?"
- "Já tentei e não consegui nada".
Procurei no nosso banco de notícias e lá estavam as indicações sobre o cara. Aí lembrei de que nossa colega Fabiana foi a encarregada da divulgação do seminário. E organizada que é, certamente teria anotado alguma coisa. Fui no nosso disco P e batata. Lá estavam todas as formas de encontrar o Walmir: celular, residencial, universidade, fax, e-mail. Liguei de volta para a paulista e passei mais do que ela pediu. Com muitos agradecimentos, ela acrescentou - "sabia que eu estava perguntando no lugar certo".
Final de noite, edição esgotante, é bom ouvir qualquer agradozinho.
Mas a Fabiana ajudou novamente, poucos dias depois. Uma repórter d'O Tempo liga pedindo um contato de uma ONG que acompanha nossos trabalhos. O Thiago me pergunta, eu digo que sei quem é, mas não tenho a menor idéia de telefone deles. Pergunta para a Fabiana e pronto: lá estava nome do responsável, site, telefone.
Me desculpem o bairrismo do caso, dos nomes, mas é uma homenagem que faço a todos os profissionais que trabalham com o coração, mesmo depois de anos e anos, de todas as desilusões e frustrações.
Bendita Fabiana, que nos socorre a todo momento e ainda nos trata com a maior delicadeza que você possa imaginar!

PS: O pé de página é para dizer que a Fabiana humildemente disse que eu me enganei. Não foi ela que preparou o seminário da obesidade, mas a Luciene. Faço a correção ( também no texto, que escrevi às carreiras, pedindo desculpas à Luciene), mas mantenho a avaliação sobre todas as Fabianas que conheço. E mantenho também o desagravo. Um dia, quando crescer, quero ser igualzinho a ela!!!!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Será que o Bope é aquilo tudo?

Mais uma vez cumpro meu papel de advogada do diabo. Afinal, esta foi a idéia propulsora do OndePublicar.
Vou fugir da unanimidade que é o "Tropa de Elite". Mas não tanto. Também gostei do filme, achei-o bem feito, sem discurseba, sem moralismo. Com todos os recursos técnicos esperados, o que torna o filme até movimentado. Mas o melhor mesmo, na minha opinião, é o retrato das emoções dos personagens, especialmente do capitão Nascimento. A adrenalina corre por conta não dos enfrentamentos entre "políca x bandidos", mas alí, na exposição dos sentimentos do capitão: a que momento o cara vai explodir. E qual a intensidade dos megatons.
E enquanto elogiávamos, nossa estagiária Yany disse: "mas acho que encheram demais a bola do Bope. Será que só tem mocinho alí? Não tem nenhuma corrupção, né, me engana que eu gosto"!
Todo mundo caiu de pau na coitada. Já pensou, divergir assim, acintosamente, do consenso?
Aí, passado um tempinho, concordei com ela.
Será que o Bope é aquilo tudo?
O "sistema" corre à parte do Bope, sempre?
E se é aquela beleza toda, por que o Bope tentou impedir a exibição do filme, através de liminar?
É difícil acreditar, em se tratando de polícia e de Rio de Janeiro, que me desculpem os cariocas, eles mesmo cansados de tanta falcatrua.
O diretor José Padilha achou um filão, desde que filmou o 174, a história daquele ônibus sequestrado no Rio, cheio de passageiros, por um maluco que queria reatar com a mulher, uma das passageiras.
A tragédia recente, real, é melhor do que a ficção. Daí o sucesso de Trope de Elite, Cidade dos Homens, 174 e outros.
Creio que o lado ficcional do filme ficou por conta da sublimação daquele Bope, afinal um filme precisa sempre de um herói, nem que seja "um herói sem nenhum caráter", como Macunaíma.
O que vocês acham?

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Muito além das pitangas

Está chegando o dia do lançamento do livro Prosa Sub (Leia no post de segunda 8).
Do escritor Leonardo Machado, publicado pela editora Ophicina de Arte e Prosa, o livro será lançado no dia 24 de outubro, quarta-feira, às 19 horas, na escola de mergulho Maramar (rua Piauí, 1714 - Funcionários). Vá ao lançamento e tome um chopp por conta do autor.


A "selva de pedra" guarda delicadezas muito além do que um pé de pitanga ou as mangueiras da avenida Alfredo Balena.
Às vezes ilhada por prédios, sobrevive uma casa, resquíscio de um tempo em que as famílias moravam em bairros nobres, sem saber o que era especulação imobiliária. E as heróicas sobreviventes exibem, com orgulho, traços de uma arquitetura modernista, pós-modernista e outras ainda inidentificáveis.
À rua Aimorés há uma casa assim. Sua fachada mantém os traços marcantes do modernismo, modelo que seduziu mais de uma geração de arquitetos mineiros do final dos 50 até metade dos 60. Traços que copiavam o arrojo de Brasília e seu guru maior Niemeyer, em que tudo era velocidade com a recém-chegada Wolkswagen; tempo em que o Brasil tinha de crescer 20 anos em 5, bem ao contrário de hoje, em que os governos ficam 8 anos, querem ficar 20, mas só fazem o que se pode fazer em 5.
Esta casa não guarda só a beleza arquitetônica. Lá existem outras preciosidades impossíveis nas "selvas de pedra".
Tem um galo que canta de madrugada em vez de cantar ao amanhecer, acho que meio perdido com o horário prolongado dos bebedores barulhentos dos bares vizinhos. Tem ainda um sabiá que canta o dia inteirinho, o que me deixou quase louca quando me mudei para perto dali, urbana insensível que sou.
Mas tem ainda uma lembrança muito melhor, de interior, de infância, de dias cheios de sol e de chuva ao final da tarde: as galinhas que cantam espalhafatosamente, no meio da tarde, anunciando a chegada de seus ovos.
São cenários e sons que a "selva" me oferece, gratuitamente, todos os dias.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Venezuela dá mais um passo na hegemonia sul-americana

Leia no post de segunda a resenha de Prosa Sub
Do escritor Leonardo Machado, publicado pela editora Ophicina de Arte e Prosa, o livro será lançado no dia 24 de outubro, quarta-feira, às 19 horas, na escola de mergulho Maramar (rua Piauí, 1714 - Funcionários). Vá ao lançamento e tome um chopp por conta do autor.

x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.
Enquanto faz estardalhaço contra os EUA, atraindo os olhares do mundo, Hugo Chávez continua sua caminhada rumo à hegemonia na América do Sul. Um novo passo foi dado ontem (9), com o anúncio da criação do Banco do Sul, organismo que começará a funcionar já em novembro com um capital de US$ 7 bilhões, distribuídos em cotas pelos países fundadores, entre eles o Brasil.
O Banco do Sul vai fazer as vezes de fomentador do desenvolvimento sul-americano, contrapondo-se ao BID e BIRD, do FMI, organismo que as esquerdas latinas consideram excessivamente intervencionista.
Antes do Banco do Sul, a Venezuela deu um passo definitivo na integração: a criação da TV SUR. Ainda que incipiente, a TV quer dar o olhar dos latinos sobre sua própria realidade. Nada de modelos e padrões norte-americanos da CNN, por exemplo. Árabes fizeram o mesmo com a Al Jazeera. Controlar a mídia é passo básico em qualquer manual de dominação.
O tripé da hegemonia chavista se completará com a implantação do Gasoduto do Sul, outro projeto que acalenta, mas que encontra resistências entre os próprios possíveis parceiros, entre eles a Bolívia.
Mas Chávez caminha bem.
Sua política para o continente tem base ideológica, escudada no sonho de Simon Bolívar de integração latino-americana. Não é à-toa que a Venezuela adotou a alcunha de "República Bolivariana" .
Mas sua política tem base principalmente financeira, cacifada nas suas preciosas reservas petrolíferas.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Um pé de pitanga

Leia no post de segunda a resenha de Prosa Sub
Do escritor Leonardo Machado, publicado pela editora Ophicina de Arte e Prosa, o livro será lançado no dia 24 de outubro, quarta-feira, às 19 horas, na escola de mergulho Maramar (rua Piauí, 1714 - Funcionários). Vá ao lançamento e tome um chopp por conta do autor.


Pertinho da minha casa, em plena avenida Olegário Maciel, tem um pé de pitanga. Mesmo sem chuva, com esta secura toda, as pitangas começaram a brotar lotando o pé, pequenino, humilde, redondinho.
De um dia para o outro, com algumas já vermelhinhas, o pezinho virou atração de quem sobe a avenida, em direção ao Diamond.
Muita gente pára, colhe lá suas frutinhas, olha ressabiada para o porteiro do prédio em frente e vai embora, feliz de comer uma inacreditável pitanga colhida numa rua qualquer da "selva de pedra".
Bem perto também, na rua Timbiras, do lado contrário da igrejona da Universal, tem uma bananeira. Também mirrada, plantada em um buraco do passeio. Pois, já vi uma penca de banana ainda verde nela. E na rua de cima, na Aimorés, tem uma enorme jaqueira. Mas esta não faz sucesso. Parece que o povo não liga muito para aquela frutona que cai esborrachada do pé, porque ela fica ali pelo chão mesmo, ninguém apanha. Também ela madurinha tem um cheiro fortíssimo.
As grandes cidades, apesar de ganharem a fama, nem sempre são essas "selvas de pedra" que o imaginário urbano cunhou.
Há muitos anos, antes de o Arrudas ser canalizado em suas beiradas, alí perto do Barro Preto alguém plantou uns pés de couve na sua margem, do lado de dentro mesmo do leito, ao nível da rua.
As mangueiras da avenida Alfredo Balena, em frente ao Pronto Socorro, já protagonizaram muitas matérias de Tv. Numa delas, recente, foi mostrado um sujeito que até criou um instrumento para colher as mangas mais lá das grimpas. E o cara vendia alí mesmo, em meio àquele trânsito impossível.
O pé de pitanga é um mimo dos porteiros que o aguam e o cercam de cuidados o ano inteiro. Ele não é propriedade do prédio, apesar de estar em seu passeio.
Ele é de todos e nós todos compartilhamos esta doçura que a cidade seca, poeirenta, calorenta, oferece.

Vítor & Léo - Fred & Paulinho

Tá bom Isabela, vou lhe dar mais uma canja. Não lembro de tê-los ouvido, mas se você disse, eu acredito.
A dupla Fred & Paulinho não tem voz esganiçada de marreco. Não canta música de corno.
Mas faz muito sucesso também.
È o que a meninada chama de sertanejo "chique".
Os fãs são só gatinhas e gatões, todos muito bem de vida, chegando em seus carrões e picapes para o show.
E aposto que o Fred & Paulinho não cantam em parque de exposições.
E o fã clube é dirigido pela glamourosa.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Vítor & Léo

Leia no post anterior a resenha de Prosa Sub
Do escritor Leonardo Machado, publicado pela editora Ophicina de Arte e Prosa, o livro será lançado no dia 24 de outubro, quarta-feira, às 19 horas, na escola de mergulho Maramar (rua Piauí, 1714 - Funcionários). Vá ao lançamento e tome um chopp por conta do autor.

Fico me perguntando em que parte da jornada me perdi do resto do rebanho. Isto mesmo. Me perdi do rebanho, porque é assim que me sinto, quando alguém fala num sertanejo qualquer.
Que vai sair de Beagá para ir num show do Vítor & Léo em Sete Lagoas, 70 quilômetros daqui, e num parque de exposições.
Ou então que vai ficar numa fila enooorme para comprar ingressos do César Menotti & Fabiano. Fora que ainda terá um show de Alan & Alex no Expominas.
Não sei nadica de nada desse povo.
E me pergunto se estou demodê (ô palavrinha fora de moda, sô!) no meu gosto musical. Será que ninguém mais escuta Luiz Melodia (fui quatro vezes na loja de disco para perguntar se o Cd novo havia chegado). Será que ninguém escuta Caetano? Chico Buarque? Marisa Monte? Titãs? Skanky? Barão?
Vítor & Léo; César Menotti & Fabiano. Uberlândia. Ribeirão Preto. Andradas. Cuiabá. Goiânia. Uberaba. Araguari. Varginha. Pouso Alegre. São Carlos. São José dos Campos.
Outro Brasil.
E eu com esta estranha sensação de que estou ficando desatualizada, apesar de ler milhões de jornais e revistas e ver tv e ficar com a internet no ar, praticamente o dia todo.
Mas não consigo gostar dos sertanejos e aquelas vozes esganiçadas, feito marrecos. E aqueles amores tortuosos.
Música de corno, que me perdoem os apreciadores.

domingo, 7 de outubro de 2007

Prosa Sub: o mergulho como metáfora da experiência humana

Hoje eu ataco de crítica literária e recomendo o livro com resenha da Flávia Mari transcrita abaixo. Compareçam ao lançamento no Maramar.


Um convite ao mergulho no mar, mas também na linguagem e na experiência humana. Essa é a mensagem que Leonardo Lúcio Machado quer transmitir em seu livro Prosa Sub, publicado pela editora Ophicina de Arte e Prosa. O lançamento do livro acontece no dia 24 de outubro, quarta-feira, às 19 horas, na escola de mergulho Maramar (rua Piauí, 1714 - Funcionários).
No livro, o autor conta a emoção de um mergulhador angustiado entre o prazer despertado pela experiência e a estranha sensação de estar envolto em "um ambiente sem ar" , estranho ao nosso. "Diante da mudança. Diante da necessidade de me adaptar. Diante do risco, que sempre existe, de me afogar" , conta.
Mas apesar de tratar dos sentimentos e experiências do mergulhador, o livro não se limita aos oceanos e não diz respeito apenas aos adeptos do esporte ou aos interessados em iniciar sua prática. Pelo contrário, é um mergulho na linguagem, na medida que o autor brinca com as palavras, com a ordem dos capítulos e com a capacidade do leitor de desvendar esses jogos.
É também um mergulho na experiência humana. O mergulho pode ser então compreendido como uma grande metáfora do aprendizado de convívio consigo mesmo e com o outro. O mergulhador não mais se vê diante do desafio de se adaptar a um ambiente estranho, mas à sua existência e à existência do outro. E de, como diz o professor de literatura Fabrício Marques na apresentação do livro, "na iminência do risco, voltar à superfície".
O autor - Formado em Direito, pela Faculdade Milton Campos, e em Letras, pela UFMG, Leonardo Machado é escritor, artista plástico e músico.
Já expôs suas pinturas na galeria de arte do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e no espaço cultural do Café com Letras. Em 1997, publicou seu primeiro livro de poesias, Tentativa de induzimento ao próprio suicídio - um livro alegre como os olhos dos peixes. Desde 1996, é servidor do Tribunal de Justiça.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

A resposta do gerúndio

O gerúndio me respondeu. Escreveu uma carta, agradeceu as palavras sobre sua demissão e se disse magoado por eu tê-lo chamado de "rapaz chato".
Achei muito pertinentes suas colocações, por isso as reproduzo.
Antes, me penitencio. O rapaz não é chato.
Creio que ele é um incompreendido.
Não passa de um funcionário público desses antigos, que não teve oportunidade de passar por um treinamento para se adaptar aos tempos cibernéticos. Deve estar ali ainda, na repartição, cercado de papéis e poeira. E se não tem treinamento, certamente não tem carreira também. Não é culpa dele.
Mas vamos às considerações do gerúndio. Ele tem toda a razão: sua demisssão não passou de um ato espetaculoso do Arruda, que como governador é ótima erva para espantar maus olhados.
Esse governador não tem sensibilidade política e humana. Demite um pai de família (não sei se o gerúndio é casado com a voz passiva ou com a oração subordinada) só porque quer aparecer na mídia. Bem feito, apareceu nada!
Fico pensando nas conseqüências da demissão do gerúndio: será que os gerundinhos terão de parar de estudar em escolas particulares? E o curso de inglês? E as aulas de natação? Terão de abandonar tudo?
O gerúndio tem razão. É muita injustiça.
Se for seguir o critério da eficiência, o Arruda teria de demitr também o "H", o "Y"
e os "CHs", o trema, o acento grave, o circunflexo e tantos outros que se escondem por aí, em funções duvidosas e horários de expediente idem.
Uns aparecem no serviço só de vez em quando. Outros podem ser substituídos por este ou aquele, tanto faz.
E as mesóclises, então. Alguém aí usa?
Acho que foi um grande erro do Arruda. Não precisa demitir por ineficiência. Basta mudar o cara de função!
Acho que o gerúndio pode estar fazendo muita falta no telemarketing do governador!
Vou estar sugerindo isto para o Arruda.
E creio que ele vai estar pensando na besteira que fez e vai estar revogando a demissão.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Serra da Calçada e Rola Moça

"A Serra do Rola-Moça não tinha este nome não"...
"Ali, fortuna inviolável!/ O casco pisara em falso. Dão noiva e cavalo um salto/ Precipitados no abismo./ Nem o baque se escutou./Faz um silêncio de morte,/ Na altura tudo era paz...
Chicoteado o seu cavalo,/ No vão do despenhadeiro
O noivo se despencou. / E a Serra do Rola Moça
Rola Moça se chamou ".
Imortalizada por Mário de Andrade, a Serra do Rola Moça pode aumentar de tamanho em breve.
E aumentar em importância também, se virar lei um projeto que tramita na Assembléia de Minas, anexando ao Parque Estadual do Rola Moça, a Serra da Calçada.
A Serra da Calçada, com área de pouco mais de mil e oitocentos hectares, entre Brumadinho e Nova Lima, tem a importante missão de blindar a biodiversidade da Cadeia do Espinhaço, na região do Quadrilátero Ferrífero. Daí a necessidade de sua inclusão na área do Parque do Rola Moça, pois só assim passa a ser protegida pela legislação do parque e a livrar-se das agressões das mineradoras, aliás, mineradora: a Vale do Rio Doce.
Só uma liminar suspendeu as prospecções que a Vale vinha fazendo na área, colocando em risco fauna e flora únicas, e mais de 40 mananciais da região.
A recomendação de integrar a Serra da Calçada ao Rola Moça foi feita no ano passado, em estudo chamado Espinhaço Vivo, da Fundação Biodiversitas, como forma de preservar áreas consideradas insubstituíveis do Espinhaço, um dos complexos de maior diversidade biológica do planeta e dos mais ameaçados também.
Além do Qudrilátero Ferrífero com sua vegetação única, outras áreas em Minas também são consideradas insubstituíveis na conservação do Espinhaço: a Serra do Cipó, a Serra do Cabral, a região de Diamantina (Parque Nacional Sempre Vivas e Parque Estadual Rio Preto), Itacambira e Grão Mogol (Espinhaço Norte).
Ambientalistas e moradores do entorno da serra já fizeram sua parte: um documento com mais de 15 mil assinaturas integra o pedido de juntar Calçada e Rola Moça.
O planeta agradece.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

A demissão do gerúndio

O gerúndio, aquele chato do "vamos estar providenciando", "estaremos lhe passando", foi demitido em Brasília.
Por decreto do governador e tudo (veja o decreto completo abaixo). E sem direito a aviso prévio. Não sei se vai receber as outras obrigações trabalhistas, como FGTS, acerto de férias e outros, todos muito bem merecidos, pelo enorme tempo de trabalho prestado (ou uso, como queiram).
A partir de um decreto, a burocracia do Distrito Federal está proibida de usar tais expressões. O objetivo, segundo o governador Arruda (ops!) é agilizar a máquina e acabar com a ineficiência.
Ou seja, ninguém mais pode atrasar a coisa por um verbo, que dá idéia de processo, e não resolve nada.
Daí que, pediu informação? Nada de vai estar providenciando, mas providencio, ou providenciei ou providenciaremos. E deixa a burocracia mais ágil.
Vamos ver se ela anda, só porque mudou o tempo do verbo. E tem professora de português da UNB danada da vida pelo banimento do gerúndio. Diz ela que é desconhecer a língua portuguesa e os usos do verbo, e que legislar sobre a língua pátria é sempre um desastre.
Cada um com seus amores e idiossincrasias.
Mas acho que a medida deveria ser estendida para outros setores que não a burocracia brasiliense.
Por que não uma emenda à Constituição Federal para estender a proibição aos serviços de celulares e cartões de crédito? E também vendas no geral. E serviços bancários também.
Eu não tenho nada contra o rapaz, mas que o gerúndio é chato e uma praga isto é.

OLHA O DECRETO:

DECRETO Nº 28.314, DE 28 DE SETEMBRO DE 2007.
Demite o Gerúndio do Distrito Federal, e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 100, incisos VII e XXVI, da Lei Orgânica do Distrito Federal, DECRETA:

Art. 1° - Fica demitido o Gerúndio de todos os órgãos do Governo do Distrito Federal.
Art. 2° - Fica proibido a partir desta data o uso do gerúndio para desculpa de INEFICIÊNCIA.
Art. 3° - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º - Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 28 de setembro de 2007.
119º da República e 48º de Brasília

JOSÉ ROBERTO ARRUDA

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Uma posição incômoda

Acostumado à megalomania dos primeiros lugares - melhor futebol do mundo, maior cristo redentor do mundo, mulheres mais bonitas do mundo e por aí afora -, mesmo que sem comprovação nenhuma, o Brasil acordou hoje com uma posição incômoda: segundo pior desempenho da América do Sul em relação aos índices de alfabetização.
O Brasil está no segundo lugar em número de analfabetos, atrás apenas da Bolívia, que tem 11,7% de sua população sem saber ler nem escrever, contra os 11,1% de brasileiros.
A pesquisa do IBGE deve estar deixando o governo fulo da vida, como em outras pesquisas anteriores, sobre miséria e obesidade.
Acostumado aos discursos de "o Brasil é o único..., o Brasil é o maior.... nunca antes no Brasil..." e coisas do gênero, tão do agrado da goebeliana equipe de marketing do governo, Lula agora não terá o que comemorar.
Ainda de acordo com o IBGE, há 15 milhões de brasileiros com mais de 15 anos, completamente analfabetos, o que nos coloca, desconfortavelmente, no grupo das 11 nações na mira da Unesco, alvo do programa de metas de erradicação do analfabetismo até 2015, projeto que integra as "Metas do Milênio", da ONU.
O Brasil terá a companhia de Bangladesh, Irã, Paquistão, Etiópia e Nigéria, entre outros, nesta empreitada.
Mas isto não é motivo para tirar o sono só do Lula, mas de todos nós. Não é bom estar nesta situação de quase liderança política no continente, pelo menos segundo a propaganda oficial, e ostentar índices tão degradantes no lado social. Ainda mais que esforço para mudar a situação existe, como o próprio governo federal fez, com a criação do programa Brasil Alfabetizado.
Só que como tudo por aqui, nesta terra de Vera Cruz, o programa dá sinais, em muitos lugares do país, de estar sendo solapado pela corrupção.
Paraisópolis, no Sul de Minas, que o diga.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O artifício da alta do cimento

Fui comprar cimento para uma obra do prédio onde moro e tomei um susto com o preço: R$ 14,90, o saco. Reclamei com o gerente da loja.
- "Mas subiu muito e o dólar só caindo!"
- "Aproveita e compra mais, porque no final de semana vai subir de novo"
- "Ah, mas a Assembléia tá investigando. Estão achando que as empresas fizeram um cartel".
- "É, e o Antônio Ermírio de Morais está muito preocupado com a Assembléia..."
Falei o que queria e escutei o que não devia.
E o gerente me deu uma aula de mercado sobre quem manda e quem não manda. Quem não manda todos sabemos: nós, consumidores.
E quem manda, manda assim:
No ano passado, o cimento caiu para menos de R$ 10. O homem da loja disse que foi jogada do Antônio Ermírio, praticamente o único magnata do cimento no Brasil, atualmente.
Ele jogou o preço do saco lá no chão, quebrou os pequenos fabricantes todos e comprou o que restou. Agora só tem ele no pedaço. E não tem explicação econômica nenhuma para a alta, a não ser a vontade do paulista quatrocentão de ganhar mais um pouquinho, num produto que é quase tão básico como arroz e feijão.
E nem se dão ao desplante mais de culpar a alta do dólar. Aliás não se dão ao desplante de explicar nada, só cobrar o que bem entendem.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Maravilhas e inconfidências da tecnologia

Sentada, cerimoniosamente, em frente à mesa do médico, enquanto ele anota meus dados, escuto a voz rouca, grave, do Lula, insistente:
-"Companheiro, sou eu, atende o telefone!"
-"Companheiro, sou eu, atende o telefone!"
Com um sorrizinho meio sem graça, o médico tira um celular do bolso da camisa - antes que o Lula continuasse com aquela insistência despropositada, sem saber que o homem estava trabalhando -, e o atende.
E aí, escuto toda a conversa do médico com a esposa sobre uma lista de compras do supermercado. "Onde está, onde não está, o que é para comprar, o que precisa, então compra do outro óleo, cê resolve, tá no móvel da sala, na gavetinha, chama o pintor, troca a tinta"
-"Compra um creme de barbear. - Não precisa ser de espuma não. - É, do comum mesmo, estes bozzano, gilete."
- "Mas que remédio mesmo o pneumologista te receitou?"
- "Cê faltou do serviço foi ontem?"
Vou embora rindo da maravilhosa exposição íntima, preço da nossa mania por mais e mais tecnologias.
E vou embora morrendo de inveja de ter um celular antigo e não um modernérrimo, que permite o Lula ficar chamando, ou o Bob Esponja berrando pra gente atender o telefone, ou ainda uma risada escancarada, dessas de bruxas de filmes infantis.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Tá explicado!!!

(Golpe do sequestro por telefone - (leia abaixo))


Me mandaram um e-mail - gente tímida que não gosta de aparecer nos "comentários", por medo de ser reconhecida, e só manda seus pitacos pra mim mesma -, com uma ótima explicação.
O sucesso das novelas da Globo em Luanda está intimamente relacionado com um dos índices que citei no texto. Adivinhem qual é?
E por falar em besteirol, naquele mesmo domingo teve coisa pior ainda, se é que pode. Uma matéria sobre as relações de sogro e genro. Aproveitaram um casamento coletivo, que poderia ter sido abordado de outro ponto de vista, como por exemplo: não casam individualmente por causa do preço do casório? Mas se é por isso, como as noivas e os noivos estavam tão produzidíssimos? De onde teria saído o dinheiro para a produção?
É mais fácil o besteirol mesmo: "vc combina com seu sogro/genro?" E pronto, não havia mais o que perguntar, a não ser mostrar os risos forçados de sempre.

X.X.X.X.X.X.X.X.

Golpe do telefone

Esta mesma Elvira aí de baixo, tão jornalista, tão viajada, coitada, caiu no golpe do sequestrador por telefone neste mesmo domingo (ô domingo cheio de emoções este, e eu com falta de ar, não por causa delas, mas da asma!).
Ligam pra casa dela, no domingão à tarde, depois daquele almoção, daquelas cervas tomadas entre uma trempe ligada e um forno queimando, ela naquele sonão de fim de tarde e já atende com um cara gritando: "mãe, mãe, eles me pegaram, roubaram tudo, me espancaram e agora estou no porta-malas do carro, nem sei onde, mãe, mãe, me socorre!"
E ela já desesperada: "Samuel, Samuel, filho, fica calmo, nós vamos resolver tudo, não fique apavorado".
Bom, aí o cara já sabia que ela tinha um filho chamado Samuel. Apenas ela se esqueceu do detalhe de que o Samuel estava a milhares de quilômetros do Brasil, na Alemanha.
E deu trela pro sequestrador. E entrou em prantos, tremeu, quase desmaiou. E mobilizou a casa toda.
A Carol (aquela mesma, a fotógrafa, nossa ex-coleguinha da AL), ligou pra Alemanha, pelo celular. O outro filho, Guilherme, ligou pra polícia, para o pai em BH. O pai voltou a ligar pra Alemanha. E o Samuel lá, no bem bão do ocktober fest de Munich, entornando todas.
E a Elvira nem se lembrou do outro filho, Fred, aqui em Beagá, que em caso de sequestro, seria o alvo preferencial, né não?
Mas falamos assim, em tom de brincadeira, só para descontrair. Porque na realidade, o golpe pega mesmo. Até com gente que está muito bem informada, que está acostumada a lidar com situações extremas. É que nunca sabemos como estará nosso emocional, no momento em que atendermos um telefone.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A "Fantástica" surrealidade da Globo



Esta é a Elvira. Isto é Luanda.
Só uma fortíssima crise de asma, com direito a falta de ar e tudo, me deixou na frente do Fantástico neste domingo. Não que eu assista a "revista" semanal. Não assisto e não gosto. Mas porque meu irmão, que me fazia companhia enquanto eu não morria de falta de ar, ligou a Tv. Aí só faltei ter uma apoplexia ao final de uma bobagem com a Regina Casé, chamada Central Periferia. A chamada era sobre Angola, o que despertou minha curiosidade e fiquei vendo aquele completo nonsense até o fim.
A Regina Casé, toda soltinha, como se fosse a coisa mais natural do mundo, "garantir" que as novelas, especialmente no momento, "Paraiso Tropical", são o que há de mais importante culturalmente em Luanda.
A matéria (se é que se pode chamar aquilo de) foi um festival de besteiras. Um bairro todo às escuras, mas com uma turminha à frente de uma televisão movida a gerador, a assistir, no meio da rua, ansiosamente, o destino da Bebel, do Olavo e nem sei de quem mais. Como se aquilo fosse uma realidade ampla, extensa, resultado de um movimento cultural naquela capital. Pra gente que sabe como é feita a produção de reportagens, programas e outros formatos exibidos pelas tvs, ficou muito claro que a Globo carregou na mão.
Aliás, como em tudo mais que se relaciona com suas novelas ( e olha que tem até coisa boa!), onde um mundinho, geralmente do Rio, vira toda a realidade nacional. E agora a Globo exporta realidade para Angola.
A Casé, coitada, mostrou a moda nas "ruas" de Luanda (uma única mocinha vestia um troço horroroso parecendo um "colant"), copiada do figurino de Bebel, como se a pobreza do país permitisse às pessoas se darem ao luxo de seguir modas e modas. E a incongruência era maior, ao mostrar esta "revolução cultural, mania nacional" num bairro muito pobre de Luanda.
O que a Globo deveria ter mostrado é a miséria daquele povo que passou 40 anos em guerra civil, tem ainda 12 milhões de minas terrestres em seu território a impedir qualquer atividade agrícola; tem 58% da população completamente analfabeta e só 16% dessa mesma gente servida por saneamento básico, certamente aqueles ricos que moram em condomínios afastados da capital, longe do caos do trânsito, das ruas esburacadas, dos esgotos, dos mosquitos, do lixo acumulado e das feiras de alimentos em meio à imundicie.
E sem falar na falta de assistência médica, nas epidemias.
E ainda nos atentados, vez por outra, da Unita, que ainda tem gente no interior, sobretudo nas províncias ricas em diamante (Luzamba, no Leste), infernizando a população civil.
Angola é um país com ricas jazidas de diamante e petróleo, exploradas por poucos países imperialistas (retrato fiel, ainda que de outro país, feito em "Diamantes de Sangue")- e de uma pobreza inacreditável.
De suas tribos saíram três milhões de escravos para o Brasil, nossos antepassados, pois.
E isso tudo pode ser sabido de outros pontos de vista, que não o da Globo, que quer nos fazer crer que "a população" de Luanda morre de amores por novelas.
E um desses pontos de vista é o dos padres salesianos, que mantêm uma missão humanitária lá, onde minha irmã Elvira esteve há dois anos.
Foi como voluntária para a missão salesiana num bairro com certeza mais pobre do que o mostrado pela Globo, porque até se chama Lixão. E lá comeu da comida dos nativos (um peixe gosmento, segundo ela, mas que acabou descendo suavemente, depois que fez uma prece a Deus, para lhe dar coragem de comer "aquilo").
E - jornalista -, ensinou-lhes a preparar seu próprio informativo, com sua linguagem, com sua realidade, com suas expectativas; eles criando, ilustrando e ensinando a ela as diferenças entre "peixe homem e peixe mulher". E ensinando a ela uma enorme riqueza cultural, refletida em muitas coisas, entre elas, nas vestes femininas feitas simplesmente de um pano longo enrolado no corpo, de estampas e coloridos inimagináveis por globos e bebéis; e, principalmente, a alegria de suas crianças, que apesar da fome, das doenças, brincam na incoerente, para nós adultos, felicidade compartilhada com suas mães.