Não, não vou falar do segundo turno. Chega.
Falo hoje de Belo Horizonte. De como sou privilegiada ao passar todos os dias, a pé, pela avenida Barbacena, no último quarteirão antes de chegar à Praça Carlos Chagas, ou da Assembléia, para os íntimos.
Aquele trecho é único. Um túnel de árvores e canteiros bem cuidados. Imensos paus-ferro sombreando a avenida.
Um gari luta com o vento forte na praça, tentando ajuntar as folhas caídas. Junta, junta e o vento espalha. Alguns garis usam umas folhas secas de palmeiras para varrer, mais largas, abrangendo um pedaço maior do passeio e rua.
Passo perto dos varredores e digo que é uma tarefa ingrata varrer a cidade com esta ventania.
-"Não é?", responde um.
Na frente da casa da minha sobrinha há uma linda sibipiruna, florida escandalosamente.
Vou elogiando o privilégio de ter uma árvore assim, bem na porta, e ela começa a varrer as flores miudinhas que inundam sua varanda e passeio. "Dá vontade de cortar à noite, bem caladamente".
Estes são nossos olhares sobre Belo Horizonte: os que se encantam com as árvores, os que suam para juntar suas folhas, os que sonham ficar livres delas para não ter tanto trabalho.
A vida nos possibilita esta multivisão, nós é que teimamos em vê-la de forma míope e estrábica.
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Um comentário:
Bom ter um olhar tão delicado sobre uma paisagem linda, mas, para nós, tão comum como a avenida Barbacena.
beijo
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