Não sei bem em que fase de nossa vida a morte começa a nos assediar com mais freqüência. É um parente longe que se vai, um ex-colega de faculdade, um vizinho idoso. E então, ela vai chegando mais perto: pai, mãe, irmãos, filhos.
Em 2007, ela escancarou nossa porta e entrou em nossa casa. E levou nossa mãe, nos deixando atordoados o resto do ano. Ao final de 2007, comecei a confundir as datas, ao desejar feliz Ano Novo para os conhecidos. Em vez de 2008, desejei feliz 2007.
Defesas do subconsciente.
Mas 2008 promete ser mais implacável. Ainda nem começou direito e já traz a morte novamente para nossas vidas.
Alguns conseguem driblá-la muito bem e chego a jogar o chapéu para o alto em comemoração. Como aconteceu com a Virgínia Castro há uma semana, ao sair de um choque anafilático, depois de uma anestesia para uma operação de vesícula.
Graças a Deus Virgínia já se recupera.
Mesma sorte não teve Patrícia.
Aos 30 e poucos anos ela se despede hoje da vida que tanto curtia.
Recebo cedo um telefonema para comunicar que ela não acordou mais hoje.
Choro por ela, pela sua filha Ana Alice, de sete anos, por sua mãe, por seu marido, por mim, que não entendo o que se passa à minha volta.
Patrícia foi minha colega de serviço, companheira de noitadas e bebedeiras, dessas que a gente precisa colocar dentro de um táxi, ao final da noite e dar o endereço para o motorista.
Colega com quem aprendi a ser mais tolerante, a entender as limitações de cada um, a ser uma chefe dura, mas justa e a separar bem as coisas: ambiente de trabalho e ambiente extra trabalho, quando então, nos tornávamos mais humanas.
Patrícia se vai agora, deixando para nós a eterna indagação: o que estamos fazendo aqui?
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Um comentário:
Lindo e triste texto. Emociona e no leva a reflexão do dia-a-dia, da morte e da vida. Gostaria de ver uma foto da Patrícia para ver se me lembro dela.
A.Trotta
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