segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Trancoso extra turismo

Tem gente que atrai confusão e eu sou uma delas. Estava voltando tranqüila, meio morta de Trancoso, naqueles ônibus que fazem o trajeto desde Arraial. Num certo trecho, entra um sujeito. Negro, camisa azulona de manga comprida, arregaçada na metade do braço, um chapelão de boiadeiro, cawboy de praia, com a mao enfaixada, provavelmente por um corte. E um facão na cintura. Sentou-se no banco atrás de mim.
Muito tempo depois quando o trocador passa cobrando a passagem, ouço um zunzunzum.
_"Tem que pagar, senão desce!"
- "Paga. Num pago. Paga. Num pago. Motorista pára o carro que o passageiro vai descer".
Já começo a perguntar para os vizinhos o que acontece.
- Ele não quer pagar a bicicleta
- Mas que bicicleta?
- A que o onibus está levando.
- Mas cobra pela bagagem?
- Nao, só pela bicicleta.
- E quanto paga pela bicicleta?
- 5 reais
Conversava com o vizinho e se não estivesse assentada teria caído. A bicleta pagava mais que o passageiro.
O moço, com o facão na cintura, ia descer em Coqueiro Grande, mas quase foi despejado antes. E antes que algo pior acontecesse, como uma luta de facão, pagamos a passagem da bicicleta: eu, o vizinho e uma moça sentada mais à frente.
E o cawboy de praia foi embora, cumprimentando os pagantes da bicicleta, com soquinhos nas nossas mãos e beijinhos na despedida.
Perguntei para o vizinho que facão era aquele e ele me disse que o moço era matador de gado na região.
Ainda bem que era de gado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adriana,
Este post está hilário. Você me diverte horrores!
Aline