segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Vida cultural no verão de Santiago


Vanessa, a terceira, e a receita de pisco sour, na sala de aula

Para quem está em Santiago no verão, como estudante, há muitas opções, como em qualquer grande capital mundial. É nesta época que começam os festivais de teatro e de cinema. A Católica oferece um festival de cinema a partir de 15 de janeiro, até o final do mês, nas suas diversas unidades, tudo gratuito. Também há muitas apresentações musicais gratuitas em praças, como o festival de Jazz próximo ao Teatro Providência, com cobras como Ravi Coltrane, dia 18. Se o seu negócio é buteco, há com fartura, de todo jeito: salsatecas, "regatón" ( o funk castellano, que tem este nome, por ter uma origem no reggae caribenho). Em Providência, a rua Constituición oferece bares e pubs, um atrás do outro. Os brasileiros da escola se esbaldaram por lá.
Há ainda a parte cultural permanente. Eu visitei o Museu de História Nacional, que tem ótimo acervo, desde os primórdios da colonização no Chile; o Museu Pré-Colombiano, com incríveis artefatos das populações autóctones, vestígios de civilizações de até 5 mil anos antes de Cristo, não só do Chile, mas da Bolívia, Peru, Equador e até do Brasil.
E o Centro Cultural La Moneda, inaugurado no ano passado, junto ao palácio, e que tem uma sala permanente de Violeta Parra, com suas pinturas e tapeçaria. Para quem conhecia Violeta só como "cantante" de protesto dos anos 70, é uma incrível surpresa ver sua produção nas artes plásticas, com um traço meio parecido com Miró e Frida Kallo, mas bem centrada na realidade chilena.
O Centro apresenta até fevereiro, a exposição "Espanha, encruzilhada de civilizações". É também imperdível, com a mostra da arte espanhola desde antes de Cristo, com objetos de todos os povos que passaram pela península, formando o que hoje é a nação (meio que aglomerado de culturas), espanhola. Idade média e idade moderna. É interessante ver a mescla de influências diversas, greco-romanas, etrusta, árabe, aportando na "encruzilhada", que é a Espanha de hoje.
Também não se pode deixar de fazer o passeio às casas de Pablo Neruda: a de Valparaíso, La Sebastiana, a de Santiago, La Chascona e a de Isla Negra.
Visitiei as duas primeiras e amei. Dá para entender por que Neruda era o "cara". Dizem que a de Isla Negra é mais bonita ainda. Não deu tempo de visitar. São museos com riquíssimo acervo de objetos pessoais, de decoração e de "regalos" oferecidos por pintores e escultores famosos, como uma luminária de Oscar Niemayer, que está em La Chascona. Esta foi "saqueada" pela ditadura militar e muita coisa se "perdeu".
Em Valparaíso, que fica somente há uma hora e meia de Santiago, a vida noturna é intensa e também tem de tudo. A cidade é a preferida por estudantes, artistas, boêmios e alternativos no geral.
À noite ou de dia, ao lado dos vinhos, é imprescindível beber o pisco sour, que a professora Vanessa nos ensinou a fazer um dia em sala de aula. É a nossa caipirinha, ou a marguerita mexicana, claro, cada uma com seu gosto próprio (o pisco é feito de uva, não esquecer).
E seguindo as recomendações de Vanessa, o melhor pisco do Chile é o Alto del Carmen, apesar de ter um mais bonito, o Capel, em uma garrafa em forma de "moai" (as estátuas da Ilha de Páscoa).

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