sábado, 17 de janeiro de 2009

A estranha


Assisto um filme na Tv noite dessas, duas vezes seguidas, como forma de fugir da insônia que me acomete ultimamente. É com Jodye Foster, uma repórter de rádio em Nova Iorque, que perde o noivo e quase morre também, depois de um assalto no Central Park.
Ela se torna uma assassina justiceira e vai sofrendo com a mudança em sua personalidade.
Não sei como o filme se chama, acho que é A estranha, porque ela vai narrando, em uma voz intimista, as transformações que sofre no comportamento, nas ideias.
Fico pensando que acontecimentos traumáticos levam a pessoa a se transformar, quase sempre imperceptivelmente para ela mesma, mas gritante para os que estão
à volta. Mas às vezes nem são só acontecimentos traumáticos. São novas realidades que têm de viver, como deixar uma cidade, um emprego, uma profissão.
De alegres, descontraídas, se tornam carrancudas. Fechadas. Paranóicas. Às vezes repetitivas, presas a um passado distante.
E o mais evidente: extremamente rígidas nas ideias.
Rigidez que se revela no corpo, nos gestos.
Rigidez que se revela em doenças de músculos e ossos e em dores constantes.
Fico pensando que acontecimentos traumáticos mudam assim as pessoas, em que elas mesmas não se reconhecem mais e sentem saudade de seu outro eu antigo. Pelo menos este era o caso de Jodye Foster, que se chamava Érica Bain no filme, e que via e sofria com a estranha em que se tornara.
Já com quem não percebe a mudança ou se recusa a aceitar as observações daqueles de fora, o sofrimento fica para os que acompanham "a estranha".
Estes sentem saudade daquela outra antiga.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é, as pessoas mudam e, infelizmente, nem sempre para melhor!!!