Me preparo para o safári: calçado tipo papete, filtro solar fator 40, uma bolsinha minúscula, só com o necessário, na mão, afinal bichos são perigosos e adoram bolsas alheias.
Vou à jungle ver as novidades.
Me assusto com o povaréu. Passo meses e meses sem ir ao centro da cidade, por isso quando vou, parece que estou em outra cidade. Muita, muita, muita gente trombando com tudo e com todos. E uma barulheira arrasadora.
Entro numa loja na Rio de Janeiro, que tem uma caixa de som enorme na porta e luzes piscando, embora seja meio de tarde.
Tapo os ouvidos, respiro fundo e entro. Dou uma voltinha e saio e falo bem alto para o moço da caixa de som ouvir: "ninguém merece este barulho".
Creio que se o Ministério do Trabalho desse uma batida por lá, como faz nas lavouras interior afora, encontraria muita, mas muita irregularidade mesmo.
Fico pensando que raio de estratégia de vendas é essa que obriga os clientes e as pobres coitadas das vendedoras a ficar horas e horas com músicas estridentes nos ouvidos? Claro que é música eletrônica que elas gostam, mas o dia inteiro? Duvido.
Já pensou que glória você sair do burburinho da rua, ou dos corredores do shopping e entrar numa loja, ar refrigerado civilizado e ouvir "Rhapsody in blue"?
Mas não , ou é aquele tum tum tum ou o pancadão.
E a vendedora, coitada, gritando para mim: "a senhora precisa do quê?"
A senhora precisa sair correndo dali e voltar para sua casa, sossegadinha, uma musiquinha suave, pode ser Carpinters, Caetano, o novo cd do Ney, quem sabe uma tacinha de vinho e o barulhão lá fora, bem longe.
Safári? Só em último caso. Me viro com o comércio local mesmo.
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Um comentário:
vou concordar...o que mais me irrita no centro da cidade é o barulho. Principalmente a gritaria que o povo arruma pra vender coisas..compro ouro, compro ouro...foto 3x4...tudo em uma altura insalubre para nossos ouvidos e para as pobre gargantas dos homens sanduíches.
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