quarta-feira, 14 de maio de 2008

E a seringueira Marina se vai

Os povos da floresta e as florestas estão órfãos.
Marina Silva se foi. Como Chico Mendes e Dorothy Stang. Mas graças a Deus que ela se foi para um palco maior.
Ao deixar o Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva caiu para cima. Se ficou tanto tempo, foi a ministra, não a acreana do Seringal Bagaço.
É até inacreditável como ela resistiu tanto tempo à mediocridade desse governo.
Governo que aplaude usurpadores de cartões corporativos, que os elogia às lágrimas. Que aplaude autores e executores de dossiês.
Governo que não teve o mínimo de consideração pela história de vida da menina das matas acreanas, criada e calejada na luta pela sobrevivência pessoal, dos seringueiros, dos desfavorecidos, ou despossuídos como prefere a retórica governamental.
Com Marina Silva no Meio Ambiente, o Brasil viu a desaceleração do desmatamento da Amazônia, ainda que por um curto período.
Mas com sua visão míope do futuro e megalomaníaca do país, Lula fez opção pelo "desenvolvimento". Com isso estamos todos à mercê, agora, da intensificação da derrubada da Floresta Amazônica.
A preconizada savanização da Amazônia em dez anos, pode acontecer antes. Mas talvez isso não ocorra, porque tem potência mundial de olho.
Como já se fez uma guerra por petróleo, faz-se outra por ar, água e mata, fácil, fácil.
Marina Silva sai com a cabeça erguida de quem lutou bravamente, com sua figura frágil e voz curta, cansada de ser o bibelô do governo.
Cansada de emprestar seu prestígio para um governo medíocre, que se esvai em embrulhadas, tropeços, inutilidades, que não se justificam diante dos seis anos já de tentativas.
O que Lula precisa para acertar? Mais quatro anos de desgoverno?

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