terça-feira, 27 de maio de 2008

No caminho da MMX tinha os índios

A MMX começa a enfrentar os problemas reais no território mineiro.
Se ela achava que era só chegar, jogar preços lá nas alturas, e começar a cavoucar, enganou-se.
Mesmo contando com a boa vontade do governador, que graciosamente, decretou a desapropriação de quilômetros e quilômetros de terras na região, "para fins públicos", facilitando a "negociação" com as famílias desapropriadas, melhor dizendo, expropriadas, a MMX ganhou a mídia negativamente.
Mesmo que a Globo, visando claro seu lado comercial, insista em dar a notícia sem citar quem. E olha que o "quem" é pilar básico da notícia.
No caminho do mineroduto que vai levar nosso pobre minério (pobre mesmo, porque de teor econômico bem mais baixo do que o de outras áreas de exploração tradicional) para o porto de Açú no Rio de Janeiro, tinha uns índios pataxós.
E os pataxós estão com os caminhões da empresa "sob custódia" há dois dias. Caminhões carregadados de tubos para a construção do "minhocão".
Os índios dizem que os caminhões estão passando por sua reserva em Carmésia, atrapalhando plantações, pondo em risco a vida das crianças que vão a pé para as escolas.
Não quero nem saber se os índios estão certos sobre a reserva.
Estou é achando ótimo a atitude deles. Pelo menos um segmento social peitou a poderosa multi.
E com uma repercussão internacional, basta ver os portais, porque a imprensa nacional mesmo não dá nada. E quando dá, omite o nome do santo, ou demônio, se preferirem.
Mais do que nunca está provado que a mineração não contribui grande coisa para a economia do Estado. E nem para o desenvolvimento das comunidades. Que o digam o governo mineiro e as populações atingidas como as de Itabira, Congonhas, obrigadas a conviver com poluição, restos, degradação.
Não são as "tecnologias" dessas empresas que melhoram a situação. No cômputo geral, somente as mineradoras são as beneficiadas. Estão só faturando bilhões, como a Vale, que no ano passado teve um lucro de R$ 21 bilhões.
E o Estado só faturou R$ 265 milhões com a mineração, enquanto o Rio de Janeiro ganhou R$ 7 bilhões com os royalties do petróleo.
Minas continuará devastada, porque é política desse governo atrair mais mineradoras, que oferecem, no final das contas uns níqueis de compensação, uma terra arrasada e o maior saldo de acidentes de trabalho de todas as atividades econômicas: 2.717 mortos em 2006, segundo o Sindicato dos Garimpeiros de Paracatu.
E salve os 150 índios pataxós da reserva de Carmésia, que com sua ação provocaram o maior "imbróglio". A PM disse que não lhe competia interferir, chamou a Polícia Federal, que disse aguardar a Funai, que disse estar tudo bem.
Se não fosse tão trágico, poderia ser um poema de Carlos Drumond de Andrade.

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