segunda-feira, 28 de julho de 2008

Quase portuguesa

Acho que foi mais fácil para o Cabral descobrir o Brasil do que eu me tornar portuguesa.
Mas eles têm razão lá com aquela burocracia toda, afinal a imigração na Europa é um dos mais preocupantes problemas dos países ricos.
Há um total descontrole e muitas crises como o desemprego em alguns países são decorrência do alto fluxo imigratório.
Mas nós brasileiros ainda não somos um dos mais freqüentes por lá, apesar de estarmos correndo atrás do prejuízo, com uma invasão ainda discreta da Inglaterra e Espanha. E Portugal, naturalmente.
Começo minha travessia rumo além mar: o vice-cônsul me atendeu, quando eu disse para o moço da triagem que precisava só de informações, já que as fichas da moça da naturalização já haviam se esgotado, mesmo eu tendo chegado na porta do consulado antes das 7 horas.
O senhor me passou uma lista e eu quase desisti: é tanta certidão e tanto carimbo que saí cantando o "plunct, plact, zum, não vai a lugar nenhum", de lá.
Mas eu sou que nem uma mula: quando boto uma idéia na cabeça, quero ver quem tira. E começo a expedição arqueológica em busca da certidão de nascimento de meu pai.
E já descubro peculiaridades da personalidade do meu avô Joaquim, que gostava de ser chamado de "papai do céu", pelos netos: o portuga era muquirana, só registrava os filhos de forma coletiva, porque aí pagava uma vez só.
Na certidão de nascimento de Tia Aracy estão os registros de mais outros cinco filhos, inclusive umas gêmeas que eu nunca tinha ouvido falar, mortas em criança. Está lá na certidão: "as gêmeas fulana e fulana..."
O Joaquim era organizado: anotava tudo numa caderneta: dia, mês e ano de nascimento dos filhos, e também a hora. Só não registrava. E não era por ignorância não, afinal ele era letrado, declarado "artista plástico", em seu registro de imigração. Acho que era por pobreza mesmo.
Meu avô foi de outra leva de imigrantes que não a de camponeses que vieram até 1890, sobretudo italianos. Joaquim Gomes foi da turma de imigrantes que vinha com outras profissões, a maioria industriários (padeiros, sapateiros, alfaiates).
Esses arrumavam empregos na indústria nascente (laticínios e tecelagem, em Minas), ou nas estradas de ferro e depois se assentavam por conta própria, principalmente com padarias e armazéns.
A dificuldade está em acertar o nome dele. Nos documentos do meu pai (não a certdião de nascimento, porque esta ainda estou à cata), consta Joaquim Gomes dos Santos. Não sei de onde saiu o Dos Santos. Na certidão de óbito do meu avô, que já localizei em Jeceaba, consta Joaquim Gomes II. Ô trem complicado!
Mesmo que eu não consiga os tais documentos, terá valido a pena a tentativa, de tão saborosa que está sendo a pesquisa sobre minhas origens.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mesmo com toda essa trabalheira, está achando "saborosa" a pesquisa? Vai gostar de sofrer assim lá no "plunct, plact, zum"...