quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ainda a rodoviária

Agora a visão técnica de especialista que nem mora na região!
UMA RODOVIÁRIA INOPORTUNA
Quando pode uma obra ser inoportuna, quando obras são o que mais se pede aos dirigentes? Pode saber o leitor que é quando ninguém demonstrar por ela a menor ansiedade. Estamos diante deste fato em relação à nova rodoviária na Calafate. Ninguém levantou uma faixa saudando a iniciativa, porque ninguém se sente, a rigor, beneficiado por ela. É claro que, numa cidade de 2,5 milhões de habitantes, alguns poderão ser beneficiados, mas estarão ainda sem saber exatamente como.
Moro na cidade em região em princípio não afetada diretamente pela mudança (Carmo), além de não ser usuário freqüente desse modal de transporte. Se fosse usuário freqüente, acho que a mudança não me beneficiaria, porque eu estaria mais distante da tomada do ônibus.
Tenho, todavia, uma razão a mais para achar inoportuna a iniciativa, pelas razões que exponho: a nova rodoviária vai certamente absorver por pelo menos uma década estudos, discussões, expectativas na direção de uma solução definitiva dos problemas de transporte de massa em Belo Horizonte. E por que acontecerá isto? Porque ela não é uma iniciativa que mude substancialmente, e qualitativamente, o cenário do transporte de massa em Belo Horizonte. Se imaginássemos que ela pudesse mudar substancialmente alguma coisa, estaríamos completamente enganados, porque, de fato, ela me parece ser feita exatamente para manter tudo como sempre esteve, na linha suicida da queima irresponsável do petróleo.
Se, ao invés de estar sendo iniciada essa rodoviária, estivesse sendo anunciada uma entrada definitiva da Capital e do Estado numa frente de protagonistas da implantação de uma rede de metrô metropolitano de fato, e subterrâneo certamente, como está claro ser esta a vocação da geologia local, toda a população estaria mobilizada na discussão de diretrizes, de orçamentos, de soluções técnicas, de antevisões das cidades redesenhadas.
Nada disto suscita a presente iniciativa, e, muito pior do que não suscitar essa estuante movimentação da cidade, como deve ter havido nos tempos de pioneirismo da Pampulha, a nova rodoviária, como um tampão colossal, adia, sufoca, retarda por pelo menos 10 anos, a tomada do futuro da cidade e de suas coirmãs pelas mãos do povo.
Belo Horizonte, 16 de julho de 2008
Edézio Carvalho
Eng. Geólogo

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