quarta-feira, 16 de julho de 2008

A nova rodoviária no Calafate

E a luta continua, companheiro!, como diriam os velhos petistas de velhos tempos.
Porque os novos exercitam práticas que os velhos companheiros abominavam, abominam e abominarão, tenho certeza: o autoritarismo, as decisões unilaterais, os conchavos, as falcatruas com empresas.
Mas nossa luta contra a construção da rodoviária no Calafate continua. Por isso recomendo a leitura do artigo abaixo.
São ações de um grupo composto por pessoas dos bairros Calafate, Padre Eustáquio, Coração Eucarístico, Prado, que tem se mobilizado ativa e arduamente, pela web e pessoalmente, participando de todas as reuniões e audiências sobre o tema.
Leiam o artigo:

Prezados:
Todos nós nos perguntamos: Por que a BHTRans/PBH está frenética para implantar a ferro e fogo o Novo Terminal Rodoviário? Um frenesi permeado de autoritarismo e menosprezo às pessoas que vivem nesta cidade de Belo Horizonte. Com as leis sendo desrespeitadas, a cidadania usurpada, o Estado de Direito ultrajado por ávidos interesses privados. O bom senso e o planejamento dando lugar ao vilipêndio da mentira e superficialidade tecnocrática.
Ma o Povo não dá fé a projetos sustentados em estudos de vinte tantos anos, e menos ainda acredita naqueles consultores/assessores contratados a preço de ouro pela BHTRans/PBH que - quando perguntados o que acontecerá se o Novo Terminal Rodoviário não suportar a demanda - respondem despontando na cara um sorriso cor de coco de nenê novo: - Ué? Nós "construi" outro!
É alguma coisa que nos leva mais além dos anos de fogo das ditaduras Vargas e Militar. Estas, pelo menos, tinham a coragem de demonstrar serem contra os de baixo.
E o Povo questiona: - E então, por que dissimular essa afronta ao nosso combalido processo democrático? E impor uma coisa que o Povo não quer? Que não tem sentido técnico e respaldo legal? A resposta está nos interesses de ganhos fáceis, no envolvimento de dinheiro, muito dinheiro. E não precisamos ir longe para tal confirmação. Basta-nos uma continha de aritmética para a qual conto com o apoio do meu neto Luís Henrique. Vejamos:
· 35.000 pessoas/dia é o número de embarque estimado para o atual TERGIP, segundo a própria BHTRans/PBH, este número deve ser bem maior, mas vamos lá;
· 20.000 pessoas/dia é um número razoável para estimarmos o embarque no NTR (supondo que as outras 15 mil - os chamados passageiros sem bagagem - fiquem no TERGIP e sem considerar o crescimento vegetativo);
· R$3,50 é a taxa média estipulada de embarque a ser cobrada no NTR, lembrando que antes do funcionamento haverá mais um aumento (Estado de Minas em 10/07/2008);
· Solicito ao Luís Henrique fazer os cálculos:
20.000 X R$3,50 X 360 dias = R$ 25.200.000,00
Este será o faturamento anual referente à taxa de embarque no NTR que a concessionária irá embolsar. Nos trinta anos da concessão, teremos:
R$25.200.000,00 X 30 = R$ 756.000.000,00
Aí o Luís Henrique, em cima da sabedoria dos seus nove anos, sorri e acrescenta:
- É, mas ela - referindo-se à concessionária - terá que pagar os empregados, água, energia, telefone, e outras coisas (certamente ele quisesse dizer impostos, juros, manutenção, outorga, etc.).
Um pouco sem paciência, dado que estava espantado com o resultado da conta, respondi:
- Estes vinte e cinco milhões (ou setecentos e cinqüenta e seis milhões) são apenas uma parte. Não somamos receitas das taxas de administração (aluguéis), estacionamento, guarda-volume, taxa de banho e de xixi, receita da linha de ônibus TERGIP/NTR, multas, etc. Sem contar o fundo de caixa realizado com a exploração do TERGIP, já todinho montado e faturando, durante a construção do NTR, e mais terreno e infra-estrutura de graça.
- Vô, não entendi bem - disse-me o Luís Henrique, completando - mas, assim, até você poderia ser dono da concessionária desse tal de Novo Terminal Rodoviário.
- Qualquer um Lu, qualquer um. Basta ter influência para entrar nessa ação entre amigos, e uma boa dose de desfaçatez.
Volto as vistas para a janela e, do outro lado do bairro, vejo o terreno onde pretendem construir o NTR. A herança que a BHTrans/PBH está arrumando para o Luís Henrique, assim como para todos os cidadãos belo-horizontinos: um trambolho fantasiado de escadas rolantes, elevadores, folders coloridos, lantejoulas, plumas e paetês, com o nome de Novo Terminal Rodoviário, camuflagem abominável de uma máquina-registradora para enriquecer mais ainda as grandes empresas.
Temos que questionar. Pelo Luís Henrique e por tantos outros. Por nós mesmos. Por esta cidade de Belo Horizonte, que escolhemos para viver e, se possível, sermos felizes. Triste sina.

Zeca - Professor de Estatística e morador do Pe. Eustáquio

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