Pela manhã, dei entrevista para a TV Record, na porta da minha casa. O assunto, claro, a bagunça da torcida atleticana na sede do clube, em Lourdes.
As Tvs adoram vir com aquelas pautas prontas - mostrar a alegria dos torcedores, as filas para comprar ingressos, porque os atleticanos são fiéis e muito apaixonados, e aquela baboseira toda, que se repete infinitamente.
Mas hoje a menina da Record não teve jeito: abordei-a e disse: "você devia entrevistar os moradores para ver o que eles acham disso". E lá estava eu, microfone na cara, rodeada de torcedores, e metendo o pau.
Falei, como já disse várias vezes aqui (só em março foram duas), das brigas, gritaria, sujeira, desrespeito com os moradores. Tudo isso para comprar ingresso de um jogo que só acontece no domingo. A venda começa na quinta, às 9 horas e a torcida vem para a porta na quarta, lá pelas 9, 10 horas da noite. E aí, já viu...
Mas ontem a coisa pegou fogo. Claro, alguns mais exaltados quebraram uns vidros da sede, o que eu achei bem feito.
Aí a polícia interviu: foi um festival de sirenes e bombas de efeito moral a noite toda. Às 3 horas da madrugada ouvi aquele estrondo. Era a última bomba jogada pela PM.
Engraçado, é que de outras vezes os torcedores incomodavam os prédios vizinhos, xingando porteiros e moradores, jogando garrafas nas garagens e jardins. Mas a PM nunca fez nada. Ficava só de longe, olhando.
Mas quando o patrimônio do clube foi atingido, bem aí foi outra estória.
Garantir a segurança do cidadão, como é de seu dever, a PM não faz. Mas garantir patrimônio de um ente particular, é na hora.
E a diretoria do Atlético continua com total desrespeito aos moradores e aos seus torcedores. Moradores já cansaram de fazer abaixo assinado para mudar o esquema de venda de ingressos. Mas, olimpicamente, a diretoria nos ignorou.
Quero ver até quando vai ignorar a torcida, que já fez um protesto recente contra a diretoria e agora quebrou o patrimônio do próprio time. E em vez de resolver o problema, a diretoria chama a polícia.
É difícil demais descentralizar as vendas? É difícil demais vender só no Mineirão? Ou em lojas de artigos esportivos? Ou em shoppings nas principais regiões da cidade (Barreiro, Venda Nova, etc)?
Fico imaginando como seria a venda de ingressos de um evento como o Pop Rock, em apenas dois dias e em um único lugar.
Por que o Atlético não deixa de ser amador e contrata uma empresa de produção de eventos, já que não consegue solucionar o arroz com feijão do seu metier?
Por aí a gente vê por que o clube não consegue entrar num único campeonato mais, a não ser com este desempenho pífio e desprezível!
Mas como disse um colega, "o Atlético está ali há mais de 30 anos, os vizinhos que se mudem", vou acabar tendo de me mudar.
E essa idéia me fez pensar que sou retirante em minha própria cidade: primeiro fugi da Nova Gameleira, tocada pela construção do Ceresp; depois fugi do Prado/Calafate, pela iminência da construção da nova rodoviária; e agora, bem agora é a torcida do Atlético. E nisso o Fernando tem razão: eu é que sou a intrusa.
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7 comentários:
Abaixo o Atlético de merda e esses atleticanos desgraçados que não deixam a gente dormir. A polícia devia jogar uma bomba atômica nesse povo, em vez de bombas de efeito moral.
Ótimo texto! Uma pena saber que um time centenário não tem a visão de negócio para descentralizar as vendas de ingressos: será melhor para os torcedores, para o próprio Atlético e pros moradores de Lourdes.
Adriana, realmente o Atlético chegou ao local primeiro, mas isso não justifica o desrespeito com o torcedor e com os moradores da vizinhança no momento da venda de ingressos. Quando te falei aquilo, tenho certeza de que você entendeu que era em tom de brincadeira. Quando você se mudou pra lá, o corretor não te avisou que havia essa baderna nas vésperas de decisões envolvendo o Atlético. Foi sacanagem dele. Mas o que eu acho incrível é que esse problema acontece toda vez e a imprensa simplesmente registra a alegria dos torcedores na fila interminável sob um sol de rachar. Já falei isso uma vez e vou repetir: é obvio que tem um esquema violento de corrupção nessa história. E acontece com o Crugay também. O time vende uma porrada de ingressos a R$ 25 para o cambista, que na hora do jogo os repassa a R$ 100 para o torcedor que não quis se submeter à humilhação de entrar naquela fila imunda. Aí a renda do jogo, que seria de X, se multiplica para 4X. Ganha o cambista, ganha o time, ganha a Ademg, ganha a Globo e ganha o bando que coordena a operação. E eu, que gostaria muito de levar meu filho a uma final do Galo com o Crugay, tenho que explicar pra ele tudo isso e fazê-lo se contentar em assistir ao jogo pela TV. Qualquer grande evento sério tem venda de ingresso pela internet. Mas se isso for implementado nos jogos de futebol, acaba a mamata dessa gentalha. Viva o Tênis! Viva o Vôlei! Abaixo o subesporte!
Adriana, tome uma atitute e tire o atletico dai, e não você, pois seria o fim, deixar esses vagabundos, sem eduacação e sem o que fazer, ficarem todos os dias de jogo promovendo esses atos violentos pela cidade, assim não dá. Denise
Gentes, gentes, Calma.
Não é bem assim. É só um escrito. Serve para desabafar e para a falta de assunto. Amanhã, quando o Galo ganhar um campeonato qq (a Copa Itatiaia serve), vou comemorar, podem ter certeza. Boto minha faixa de Campeão da Segundona e vou tomar umas cervejas ali na porta mesmo.
Claro que entendi a brincadeira, Fernando, e meu comentário foi idem.
Ainda acho que é amadorismo a venda de ingressos, mas a explicação do Fernando merece outro post (ops!, lá vem o Galo de novo).
E viva a torcida do Galo que me rende textos e mais textos!
E, Gleidson, não, não pode ser bomba atômica não. Esqueceu que estamos lá, eu, vc e agora a Sarah?
Adoro os comentários de vcs!
Adriana,
Toda vez que eu, que moro a poucos quilômetros da sede do Atlético, ouço as gritarias e foguetórios, penso em você, logo ao lado... Sinceramente, as atitudes dessas pessoas refletem um total desrespeito com o próximo. Isso sem falar da falta de educação e a irracionalidade acentuadas pelo fanatismo ao futebol.
[],
Aline
gente tô por fora de tudo, mas apoio a bomb atômica no atlético!
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