terça-feira, 1 de abril de 2008

Crianças que caem. Crianças que são torturadas

Não sei o que é mais macabro, se é que se pode identificar algum ponto de intercessão entre os dois fatos: crianças que caem de prédios em São Paulo, que são torturadas em Goiânia, ou a epidemia de dengue no Rio, esta doença boba, que continua a matar, enquanto o prefeito da cidade reza para o Senhor do Bonfim.
A criança que caiu jogada da janela (para isso inventaram a palavra defenestrar, que o eufemismo lingüístico nos levou a adotar em outro sentido, mais brando e conotativamente) nos deixa pasmos.
O que leva uma pessoa - sejam pais, parentes, assaltantes, babás, mães adotivas-, a cometer desatinos como este? Creio que nem a psicoliteratura é capaz de dizer.
E o que faz uma autoridade eleita para comandar uma cidade, que recebe para isso, que tem um mundo de benesses por causa do cargo que ocupa, a deixar uma doença típica da Idade Média a se alastrar e a dizimar, sobretudo crianças?
E ainda por cima declarar nas tvs que "rezou para o Senhor do Bonfim levar o mosquito da dengue para o mar"?
Será que alguém disse para ele que quem leva o mosquito para longe não é o Senhor, ou qualquer outro santo, mas sim uma política de saúde correta e séria?
Que não adianta verba atrás de verba, se não há responsabilidade com seu uso? Que privilegie o saneamento básico, políticas de combate à miséria, antes de qualquer atendimento de urgência?
É aceitável, no terceiro milênio após Cristo, conviver e morrer de uma doença que é típica da miséria dos séculos medievais?
E entre crianças que caem e são torturadas e crianças que morrem de dengue está o imponderável, o insondável da mente humana. E entre ambos está uma Justiça que não dá respostas para nossos estranhamentos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Sabe o que é bom nas suas "pequenas" matérias?
Além de ficarmos informados quanto a atualidade de uma forma simples, saber o que sai da boca dos políticos (que aliás, nem merece comentários,)podemos nos envolver em uma leitura culta com um vocabulário extenso que nos influência a estudar e aprender mais e mais.
Parabéns por mais uma notável matéria.
Abraços Camila

Anônimo disse...

É o sinal dos tempos. Vc se lembra daquela frase: "mulheres e crianças primeiro"! Não se aplica mais à nossa realidade... Resta protejer os nossos desse mundo cão.
Abraços.
Thiago

Anônimo disse...

Esta situação não tem nem comentários, pois estamos chegando no fim, parece que as pessoas não tem mais sentimentos nem pelos proprios filhos, quanto mais uns pelos outros. Como dizia a minha avó, "Tenha misericórdia meu Deusinho....."