terça-feira, 15 de abril de 2008

Isabella Nardoni vira reality show

Mais uma vez a cobertura da mídia de um fato de extrema comoção social - a morte da menina Isabella Nardoni - vira espetáculo.
Entra década, sai década, entra caso, sai caso e o comportamento é o mesmo. Já não basta noticiar o fato. É preciso criar/inventar seus desdobramentos.
Já não se faz suíte - que no jargão jornalístico significa dar seqüência à notícia. Faz-se espetáculo. E espetáculo deprimente, como o que ora se presencia com o caso Nardoni.
Mas há menos de um mês era o caso da menina torturada em Goiânia, suplantado por um ibope melhor. Onde está o desdobramento daquele processo policial? A "empresária" - personagem criado pelos telejornais para se referir à mulher que adotou informalmente a menina -, continua presa? Já tem condenação?
Mas isso não importa, porque a morte de Isabella é a mais nova comoção. E a imprensa se esmera em dar seu show, pulando muros, plantando-se na frente da casa da família, ouvindo garçons, porteiros, vizinhos, cachorro e papagaio e mais um festival de besteiras de corar qualquer "foca" (outro jargão, me perdoem).
Como se não bastassem os Datenas, Marcelos, dizendo do pai da menina: "olha ali o indivíduo. Olha ele de bermuda, de boné". E a gente olhando, mas ainda assim precisando da descrição dos "comunicadores", senão não seríamos capazes de formar nossos próprios conceitos.
Como se não bastasse tudo isso, vem a Ana Maria Braga e fica ao vivo, 8 horas da manhã, falando e entrevistando sobre a morte da infeliz criança.
Infelizes de nós que vemos este degradante tratamento da desgraça e dores alheias. A Braga conversando com o produtor do jornalismo da TV para saber como seria a cobertura da emissora naquele dia. E depois, no dia seguinte, entrevistando o repórter, para ver como e onde ele iria ficar.
Só falta entrevistar o diagramador do jornal impresso para ver como ele desenhará a página com a notícia.
Vemos porque temos poucas opções de escapar da "cobertura", verdadeiro reality show da televisão brasileira, comercial e de cabo, indistintamente.
E além dessa lavagem cerebral, temos também uma pobreza de informação assustadora.
Mas, infelizmente, a cobertura jornalística virou mesmo um espetáculo, porque alguém chamado "mercado" determinou que o povo gosta mesmo é de big brother
E tome vizinhos descrevendo gritos e choros.
Sou mais o Gritos e Sussurros de Bergman.

7 comentários:

Anônimo disse...

Por isso que é melhor matar a vontade de não pensar vendo uma coisa reconhecidamente pobre (no quesito cultural), que é o big brother do pedro bial. Assim, podemos assumir que aquele tempo vendo tv está sendo gasto propositadamente com uma distração vazia, que não te consome e nem faz pensar depois que termina.
O pior é ser obrigado a ver, em todos os canais e a cada minuto que você tem para assistir a algum programa, essa infelicidade chamada "caso isabela", que só tem servido pra me encher de revolta. Não contra o pai e a madrasta, mas contra a nossa TV! Estou cheia de asco, pois os "gênios" do jornalismo acham que as pessoas são idiotas e palhaças; que não se cansam de ver 500 vezes a mesma coisa; que querem saber mais do noticiário do dia além de que horas que o promotor do caso piscou e foi ao banheiro; que querem mudar de canal e poder escolher entre atrações diferentes; ou ainda, que querem que a tv tenha realmente coisas chamadas e consideradas "ATRAÇÕES".
Temos que reclamar, temos que falar que não somos burros e idiotas e que a nossa audiência exige um pouco mais de qualidade e diversidade. QUE NÃO SOMOS IDIOTAS, repetindo.
Alguém precisa fazer um estudo em cada uma das emissoras pra ver quantas horas do dia esse assunto está dominando as grades de programação. Nossa tv está pior que o lixão que eu visitei recentemente.... ou seja, cheirando a fuinha...
Saudações iradas,
Sarah

Anônimo disse...

Depois deste depoimento irado da nossa amiga "Sarah", só me resta concordar.
É isto aí, Sarah! Abaixo o jornalismo sensacionalista. Também estou por aqui!
[]s,
Aline

Anônimo disse...

A minha opinião acaba concordando com a de várias pessoas. Quando acabarem os 30 dias de prazo para finalização do caso, não achararão culpados.E daqui há 2 meses ninguém mais lembrará que a única pessoa que foi sentenciada foi a PEQUENA ISABELLA como dizem os jornalistas.
bjs Camila

flavia disse...

Também concordo com tudo q foi dito pela sarah furiosa e por vc, adriana. ninguém suporta mais esse sensacionalismo da mídia sobre a morte dessa menina!

Anônimo disse...

Oi, Adriana!
Tudo bem?
Estou adorando o seu blog. Sempre leio seus artigos.

O caso de Isabella Nardoni não lembra você a história do filme "A Montanha dos Sete Abutres"? Está exatamente igual! Só que o filme era preto e branco.... Até barraquinhas de cachorro quente e refrigerante foram colocadas em frente à casa do pai de Alexandre Nardoni...

Esses dias ouvi no site da Rádio Band uma entrevista de 11 minutos com o Guilherme Fiúza, autor de "Meu nome não é Jony". Ele passou por uma situação semelhante há alguns anos. Ele estava no apartamento com o filho de 11 meses no colo, quando tropeçou e a criança caiu pela janela e morreu. E quem foram as primeiras pessoas a colocá-lo na berlinda? Os jornalistas, seus colegas de redação; e a opinião pública, que, como ele mesmo diz "não tem CNPJ e nem endereço"... Durante a entrevista, ele faz uma crítica muito interessante sobre a cobertura da mídia. Para quem não escutou ainda, vale a pena.

Outra coisa: sobre os casos que de repente caem no esquecimento, como o que você citou, coloco em evidência também: o caso da "modelo" que foi morta no hotel da Av. Álvares Cabral, cujo crime estava relacionado com políticos mineiros; e o da bancária Daniela, sequestrada na garagem do Banco Mercantil... alguém falou sobre o desdobramento desses casos que ainda não foram resolvidos? Ou será que eles já foram resolvidos e a imprensa não lembrou de nos comunicar?

É isso aí, Adriana! Continue com o blog!
Grande abraço,
Fernandinha

ADRIANA disse...

Oi, Fernandinha
Fiquei feliz por vc resolver colaborar na nossa pequena nesga de mundo. Volte sempre.
A propósito, ainda está em Ouro Branco?
Fiz um post no ano passado, sobre o grupo que pede a criação do Parque da Serra do Ouro Branco. Tem inclusive foto.
Beijão
Adriana

Anônimo disse...

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