segunda-feira, 11 de maio de 2009

A "consulta " da influenza A

É cansativo ter de voltar ao assunto da gripe influenza A, mas sou obrigada a relatar o que me aconteceu, para mostrar mais uma vez o despreparo dos órgãos oficiais encarregados de monitorar a epidemia.
E é bom que se repita insistentemente: é epidemia, quase pandemia.
No sábado à noite, 9º dia da minha volta do México, comecei com uns sintomas da gripe, imagino que a comum. Espirros abundantes, congestão nasal e dor de cabeça leve. Nada de febre, nada de dores musculares e tosse. Domingo a coisa persistiu e minha filha também reclamou. Os sintomas dela foram só espirros e dor de cabeça, e um ligeiro estado febril (37.5 graus).
Hoje, segunda-feira, ligo para o o8002832255 da Secretaria de Estado de Saúde.
Finalmente resolveram pegar meus dados, quando fui e quando voltei do México, telefone e endereço.
A atendente, Ana Paula, disse que a médica iria me ligar em poucos minutos.
Disse a ela que não estava impressionada, só precisava tomar medidas em relação à minha secretária, e ao meu emprego. Ou seja, quis deixar claro que não estou preocupada, pois não sou nem um pouco neurótica com doenças, pelo contrário, sou bastante displiscente.
Bom, duas horas e meia depois, nada de telefonema.
Nesse meio tempo já havia falado com o médico da Assembléia, pedindo uma orientação sobre ir ou não trabalhar.
Disse para ele que os espirros e a coriza muito intensos poderiam deixar inseguros meus colegas. Ele concordou e me mandou ficar em casa hoje, inclusive para evitar uma propagação da gripe comum, que segundo ele, deve ser o meu caso.
Eu concordei e também acho que apenas dei o azar de pegar a gripe comum ainda dentro do período de manifestação da influenza A.
Voltei a ligar na Secretaria de Saúde e reclamei que não havia recebido o telefonema ainda.
A atendente disse que hoje estava tendo uma demanda grande de ligações, o que acendeu minha luzinha de jornalista, pois indica algum descontrole ou um certo pânico da população. E pediu meu endereço novamente, o que indica uma bagunça no atendimento telefônico.
Finalmente a médica, Neuza Soares Menzes, agora da Secretaria Municipal de Saúde, me ligou e descartou imediatamente a influenza A, pelo critério do tempo.
Achei muito precária a "consulta" pelo telefone, pois se trata de um vírus muito desconhecido, de alta mutação e, portanto, que merecia um rigor maior nos critérios de avaliação da contaminação.
Mas este é o Brasil.
Estas são nossas autoridades sanitárias, que nunca lidaram com uma situação dessas, a não ser em relação à dengue, e que deveriam estar mais criteriosos, mais desconfiados, porque depois do vírus instalado, não terão nem linhas telefônicas para atender os chamados.

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