O último cânon do Código de Direito Canônico diz textualmente "et prae oculis habita salute anikmarum, quae in Ecclesia suprema semper lex esse debet", cuja tradução significa, "tendo-se diante dos olhos a salvação das almas que, na Igreja, deve ser sempre a lei suprema".
Ou seja, muito antes de punitivo e condenativo, o Código é para orientar, proteger os católicos.
Os exemplos estão aí de uso do código e revisões em seguida ou muito tempo depois.
O caso mais recente foi a revogação - pelo Papa Bento XVI em janeiro último -, da excomunhão de quatro bispos, feita há 20 anos pelo bispo francês Marcel Lefebvre.
Ou seja, dependendo das condições, do momento histórico, a excomunhão varia.
Mas o bispo de Recife e Olinda, D. José Cardoso Sobrinho, não pensou duas vezes para julgar e condenar.
Seguiu o Código Canônico, naturalmente, mas poderia ter aplicado uma pena menor, diante de outros atenuantes.
E o que isso muda na vida dos excomungados?
Para os médicos, creio que nada.
São gente esclarecida e muitos profissionais dessa área não estão nem aí para qualquer religião, endurecidos pelo convívio diário com a morte e o sofrimento humano.
Mas para a mãe da menina talvez seja uma pena dura. Não sei se ela é católica, mas se for, a excomunhão representará um fardo insuportável.
Como pessoa simples, humilde que é, vai ser exposta, aliás já está, a uma situação humilhante: a de não poder frequentar a Igreja e receber seus sacramentos.
É hora de a Igreja rever algumas de suas leis.
Este caso da menina de Recife é emblemático e deveria servir de reflexão para a Igreja.
O aborto é passível de excomunhão, segundo o Código Canônico, porque a Igreja entende que é um crime contra a vida especialmente grave, pois atenta contra um ser humano indefeso.
Por que os assassinatos frios e brutais não são considerados no mesmo patamar?
Como tratar os assassinos do garoto João Hélio Fernandes que foi arrastado pelo cinto de segurança de um carro, por 30 metros, por bandidos no Rio?
Ele tinha alguma defesa?
No entanto, não houve nenhum bispo se arvorando em juiz divino e excomungando os bandidos. Este é só um caso de que me lembrei. Há inúmeros.
Depois a Igreja não entende por que as demais religiões avançam cada vez mais no outrora 2º país mais católico do mundo, principalmente entre o povo pobre.
Estes querem compaixão e não condenação.
sexta-feira, 6 de março de 2009
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