segunda-feira, 23 de junho de 2008

Ah, Itacaré!

Há quem ache Itacaré o melhor lugar do Sul da Bahia atualmente.
A cidadezinha em si não merece a classificação, afinal está um pouco descuidada e possui uma favelona logo na entrada.
Mas o acesso para lá, vindo de Ilhéus, já é qualquer coisa de fenomenal. A estrada é a BA 01, que atravessa a Mata Atlântica, uma reserva da biosfera declarada pela Unesco. Mais de 30 quilômetros de mata densa, exuberantemente verde.
E, de repente, lá embaixo, ao fundo, o mar.
Acho que a fama de Itacaré vem da rusticidade. A cidadezinha tem um clima afetivo, como o de Arraial da Ajuda.
É o point dos surfistas e naturebas em geral, afinal não é qualquer estado que pode oferecer praias praticamente desertas, sem aquele furdúncio de barracas, ambulantes e gente.
Em Itacaré é preciso disposição para andar a pé, afinal as praias mais próximas são a do Rezende, Tiririca, Da Costa, Ribeira, fora da cidade, todas pequenas enseadas com pedras, coqueiros e uma areia branquinha.
A praia urbana é a das Conchas, mas aí é esquema comercial mesmo.
Mas o melhor é pegar uma agência e contratar um pacote que se chama quatro praias e cachoeira do Rio Tijuípe.
E por que não pegar um carro e ir? Porque tem umas trilhas dentro da mata que não dá para encarar sem um guia local.
Este passeio começa pela praia do Havaizinho, de onde se pega uma trilha íngrime na mata cerrada até se chegar à praia da Engenhoca.
O acesso a essa era direto, mas um resort em construção fechou a trilha e a turma de Itacaré foi obrigada a abrir outra por Havaizinho.
Segundo nosso guia "Bahia" e os seguranças do resort de empresários portugueses, será o primeiro hotel seis estrelas do Brasil. Fica na boca da praia.
Pergunto se não é proibido construir ali, já que as margens de praias pertencem à Marinha.
Me explicam que foi embargada a obra, "mas é muito dinheiro correndo, muito emprego". Este é o Brasil.
O hotel, como todos os demais resorts, está em área de preservação ambiental, onde teoricamente seria proibido construir. Este então, já derrubou árvore para Blairo nenhum botar defeito.
Dessa praia, a gente volta pela trilha, fica um pouquinho no Havaizinho e segue rumo à praia de Camboinha. Nessa dá para visitar uma gruta, que o mar fez nos arrecifes ali na beirinha.
Depois pegamos a trilha de novo, subindo e descendo, tomando cuidado para não escorregar, afinal é mata fechada e choveu bastante nos dias anteriores, e chegamos a Itacarezinho.
É inacreditável! Você vê a praia ainda da trilha, estando num ponto mais alto e são treze quilômetros de areia clara, com coqueiros se debruçando por toda a extensão. Uma água clara, explodindo em ondas suaves incrivelmente brancas.
Não há muita infra-estrutura. Apenas uma barraca de crepes e um restaurante que está fechado até a temporada que recomeça em julho.
A barraca de crepes, além das iguarias deliciosas, oferece também banheiros, um serviço de som e uns gatos para atender. Maravilha pura!
O passeio termina na Cachoeira do Tijuípe, para onde vamos em uma van caquética e dá inveja ao chegar ao lugar. Um terreno limpíssimo, todo ajardinado, com banheiros e restaurante. E muita água descendo pela pedra larga, afinal o que não falta no litoral baiano é chuva nesta época.
Lembro das cachoeiras da Serra do Cipó, com aquela sujeira toda dos milhões de frequentadores de fins de semana e penso que os mineiros precisam tomar umas aulas de organização turística com os baianos.
Aliás, os mineiros precisam tomar outra aula com os baianos: a de identidade cultural.
Nessa época do ano, a Bahia, bem como todo o Nordeste, é São João puro. Há forrós pra tudo quanto é sete banda. E muita propaganda oficial sobre os festejos: "o melhor São João do Brasil".
Nosso São João hoje em dia, se restringe às festas particulares e de escolas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ei Adriana!
Não conheço Itacaré. Sempre tive vontade de ir e depois deste seu post, a vontade ficou maior ainda.
Espero ir lá em breve.
Bjs,
Aline

Anônimo disse...

Com certeza vale a visita!