Depois de ontem, quando foi anunciado que Fidel Castro finalmente deixaria de concorrer às eleições presidenciais de Cuba, que aguardo com ansiedade a estréia do filme "A culpa é do Fidel". Vi o triller na semana passada e fiquei curiosa.
Trata da revolta de duas crianças que têm a vida inteiramente mudada por causa da militância política dos pais.
Com o anunciado afastamento de Fidel, me lembrei do filme e me senti triste. Primeiro, pela imagem de um Fidel decadente, cambaleante, frágil, exaustivamente exibida no último ano.
Segundo, pelo que Fidel representou na vida de todos nós. Como no filme.
Fidel foi uma mudança de paradigma em nossas crenças políticas. Ainda que não fôssemos seus adeptos ou seguidores, nunca pudemos deixar de tê-lo como referência.
Necessidade de satisfazer nosso ideário mítico, aquele de que é possível fazer a revolução via povo e colocá-lo no poder. Situação que até Fidel, só havíamos visto na Rússia, portanto muito longe, e nos livros.
O que veio depois é outra história.
O ostracismo (seja desterro político, exclusão de cargo público ou político, ou ato ou efeito de repelir, afastamento) de Fidel derruba o último mito dos três presentes no último século: a queda do muro de Berlim, o esfacelamento da União Soviética e Cuba sem Fidel.
O primeiro foi saudado e festejado por nós. O segundo deixou aquele gosto de sonho interrompido e o terceiro ainda não sei.
Não sei o que estou sentindo, além do estranhamento de ver Fidel fora do jogo, ainda que insistentemente mostrado com um agasalho "jogging".
Estranhamento de ver que Fidel deixou como herança só pálidos modelos como Chávez ou Morales.
O filme "Adeus, Lenin" mostra um pouco desse estranhamento de que falo.
De sentimento real, começa a surgir o medo de não poder usar mais, daqui a algum tempo, em alguma discussão sobre qualidade de vida, as expressões "a saúde em Cuba", "a educação em Cuba"...
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