segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Muito além das pitangas

Está chegando o dia do lançamento do livro Prosa Sub (Leia no post de segunda 8).
Do escritor Leonardo Machado, publicado pela editora Ophicina de Arte e Prosa, o livro será lançado no dia 24 de outubro, quarta-feira, às 19 horas, na escola de mergulho Maramar (rua Piauí, 1714 - Funcionários). Vá ao lançamento e tome um chopp por conta do autor.


A "selva de pedra" guarda delicadezas muito além do que um pé de pitanga ou as mangueiras da avenida Alfredo Balena.
Às vezes ilhada por prédios, sobrevive uma casa, resquíscio de um tempo em que as famílias moravam em bairros nobres, sem saber o que era especulação imobiliária. E as heróicas sobreviventes exibem, com orgulho, traços de uma arquitetura modernista, pós-modernista e outras ainda inidentificáveis.
À rua Aimorés há uma casa assim. Sua fachada mantém os traços marcantes do modernismo, modelo que seduziu mais de uma geração de arquitetos mineiros do final dos 50 até metade dos 60. Traços que copiavam o arrojo de Brasília e seu guru maior Niemeyer, em que tudo era velocidade com a recém-chegada Wolkswagen; tempo em que o Brasil tinha de crescer 20 anos em 5, bem ao contrário de hoje, em que os governos ficam 8 anos, querem ficar 20, mas só fazem o que se pode fazer em 5.
Esta casa não guarda só a beleza arquitetônica. Lá existem outras preciosidades impossíveis nas "selvas de pedra".
Tem um galo que canta de madrugada em vez de cantar ao amanhecer, acho que meio perdido com o horário prolongado dos bebedores barulhentos dos bares vizinhos. Tem ainda um sabiá que canta o dia inteirinho, o que me deixou quase louca quando me mudei para perto dali, urbana insensível que sou.
Mas tem ainda uma lembrança muito melhor, de interior, de infância, de dias cheios de sol e de chuva ao final da tarde: as galinhas que cantam espalhafatosamente, no meio da tarde, anunciando a chegada de seus ovos.
São cenários e sons que a "selva" me oferece, gratuitamente, todos os dias.

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