Passa Tempo é uma cidadezinha no Centro-Oeste mineiro que guarda grande parte de minhas boas recordações de infância. Ainda hoje, quando ouço galos e galinhas cacarejando, minha lembrança é do imenso quintal da casa de Tia São.
Do corre-corre de domingo, atrás dos frangos que seriam abatidos para o almoço. Tia São com uma peneira cheia de milho e solfejando um “pru-pru-pru” “ti-ti-ti”, “pru-pru-pru”, o jeito de chamar as galinhas, que na verdade só acudiam ao seu redor, por causa da fartura de grãos atirados para todo lado.
Fiquei assustada quando numa das vezes que voltei lá, em um feriado, o frango já não era mais o do quintal, mas um congelado, comprado no supermercado local. A surpresa foi dupla: o frango congelado e o supermercado. Pensei: “definitivamente a modernidade chegou a Passa Tempo”. Mas isto foi há pelo menos 12 anos.
Comprovação maior da modernidade foi a criação da Casa da Cultura de Passa Tempo, que visitei recentemente. A casa da Dona Alzira, avó das minhas primas, foi adquirida pela Prefeitura e transformada em centro de cultura, com uma pequena biblioteca e exposições de objetos antigos, desde fotos, jóias, perfumes, cosméticos, roupas, bolsas, até quadros, ferramentas e máquinas diversas.
Fiquei encantada. Objetos e mais objetos da Fazenda Campo Grande, que foi da família de Bolivar de Andrade (aquele mesmo que deu nome ao parque de exposições da Gameleira). Até artefatos de tempos dos escravos. Tudo espalhado caprichosamente e identificado, nos vários cômodos da casa de Dona Alzira.
E, supra-sumo da cultura passatempense: uma sala só de ufologia. Vídeos, recortes de jornais e revistas, quadros, fotos. Afinal, Passa Tempo foi pólo de ufologistas, graças às pesquisas de Antônio Faleiro, o Niginho, respeitado pesquisador do tema, reconhecido internacionalmente.
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