sábado, 14 de julho de 2007

Overdose de Pan

O Pan ainda nem bem começou e eu já estou com overdose de transmissão. Não agüento mais ver e ouvir o Galvão berrando, ufanista. Não agüento mais o JN entrevistando eles mesmos (ex-atletas, posando de comentaristas).
Mas e se o Brasil consegue mais medalhas do que os Estados Unidos, dessa vez, heim, heim? Ou se passa o Canadá? Ou Cuba?
Começo a delirar. Efeitos da over.
Mas que a abertura foi o máximo, lá isso foi. Tirando o porre do desfile das delegações (ô trem chato e antigo!), o show preparado pela carnavalesca lá, que não sei o nome, porque não me ligo mais em carnaval do Rio, foi de encher os olhos. Uma beleza de cores, de sons, de luzes.
Mas odiei aquele aligator gigante, abrindo aquela bocarra. Aliás, detesto tanto jacarés e afins, que quando estava no colégio, arranquei uma página de um livro de Geografia, para não ver o jacarezão que a ocupava inteira – desperdício! (de espaço, não de arrancar).
E odiei também aquela cobrona, anaconda, horror de nossos piores pesadelos. Aquilo não é bicho que representa o Brasil. Bichos brasileiros são as araras, os tuiuiús, os tucanos (os verdadeiros), os micos. Que me importa se tem jacaré no Pantanal e cobrona na Amazônia? Eu nunca fui ao Pantanal mesmo!
Mas o Vila Lobos estava divino. A coreografia de Débora Colker, primorosa; e os fogos de artifício, que eu adoro, imperdíveis. Me emocionei na cena da Adriana Calcanhoto cantando “Acalanto”, naquela cadeira enorme, fragilidade e doçura, suavidade e ternura de voz pseudo-acanhada. Chorei porque cantei “boi da cara preta” pra minha mãe na UTI, antes de ela partir, em maio. Mas isto é outra história.
Mas o Chico César, pequenino, naquele espaço imenso, cantando pela paz e enfiando uns passos de frevo, ainda que paraibano, deu uma saudade do Recife. E o Cordel do Fogo Encantado, ainda Recife e Olinda, um pouco Alceu Valença, meio Chico Sience - que se foi num carnaval-, e aquela alegria nordestina, foi de balançar o coração. Matar de saudade de um tempo bom vivido em outros carnavais.
Brasil não é jacaré nem cobra, como pensam os gringos que achavam que estes bichos eram encontrados em plena Copacabana. Brasil é mais esta alegria de passos trocados ao som de instrumentos impossíveis.
E nem importa se vamos ganhar 200 medalhas. Importa é o que vamos nos divertir com tudo isso.
E viva o Pan do Brasil!

3 comentários:

Anônimo disse...

O que eu mais gostei na abertura foi da váia ao molusco mor.
Não porque estavam vaiando ele por passar a mão na cabeça do enanzinho, mas porque no primeiro Pan brasileiro, se alguém vaiasse o presidente, na certa ia pro Pau de Arara, que simbolizava o Brasil da época. Nesse caso, prefiro um jacaré.

Paulo Emílio

Anônimo disse...

Adriana,

Sobre a abertura dos Jogos do Pan, acho que a Danuza Leão disse que a solenidade lembrou mais a África do que o Brasil... Não deixa de ter uma certa razão...
Já sobre as competições do Pan, é surreal saber que, no país do futebol, nós não fomos para a final neste esporte e somos medalha de ouro em outros que nunca ouvimos falar. Tomara que o Brasil abra a cabeça e deixe de priorizar apenas o futebol e passe a apoiar e ser o país de outros esportes.
É isso.

Aline

Karina e André disse...

Vamos dar vivas ao Pan! Sim ou não? Muito antes pelo contrário! Êêêê!

Karinácea s.p