terça-feira, 3 de julho de 2007

Faça cursinho para qualquer coisa


Fiquei surpresa, dia destes, ao ver nos muros da cidade, cartazes anunciando um cursinho para o Enem, antigo Provão, aquele teste que o governo inventou para medir o aprendizado dos alunos de ensino médio. Mede o que a rapaziada aprendeu e serve, de quebra, para garantir vagas em universidades públicas e a bolsa de estudos nas particulares, depois da criação do ProUni.
Tudo bem e até louvável querer saber o que os meninos estão aprendendo, principalmente diante das barbaridades que a gente ouve falar de provas de vestibular e quetais.
Pior é saber que agora, para mensurar o conhecimento do ensino médio, criou-se mais uma indústria no Brasil: o do cursinho do Enem. A exemplo da indústria da prova da OAB, dos concursos, da admissão ao CEFET e principalmente às universidades.
Ou seja, estas provas não medem nada, já que o aluno vai primeiro fazer o tal cursinho. Para concursos ainda vai. Mas para a OAB e para o Enem? Meu Deus, que país é esse, onde as escolas não ensinam nada e para garantir um passo à frente (a carteira para o exercício da profissão de advogado e o direito ao ProUni) , o aluno tem de estudar tudo de novo?
O que as provas da OAB estão medindo? Decoreba de leis e constituições, que os inúmeros cursinhos indicam?
O que o Enem está medindo? Pegadinhas ensinadas pelos cursinhos “especializados”.
Criar mais e mais “provas de fogo” não vai levar a nada. O que vai medir a qualidade do ensino no Brasil é uma fiscalização rigorosa do MEC em cima dos conteúdos programáticos das faculdades e universidades; e do cumprimento do parco calendário escolar. Mas, sobretudo, o que precisa mesmo é acabar com a liberalidade, quase libertinagem, das concessões de autorização para funcionamento de novas escolas.

4 comentários:

nai disse...
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Anônimo disse...

Eita mãe sabida essa viu!
Nem bem começou o blog e já está botando pra quebrar. Primeiro com a matéria sobre as mineradoras e agora com a dos cursinhos pré-OAB, Enem e afins. Que o mundo ultrapassou a concepção inicial do capitalismo e agora gira em torno dele é sabido por todos, o que ainda choca são as formas esdrúxulas de se lucrar às custas dos outros. Dá-lhe din-din....

Anônimo disse...

Ainda acho que estamos longe de pagar o preço que devemos pela precária situação educacional em que vivemos. Este pais ainda vai comer o famoso PqoDAcoR (Pão-que-o-Diabo-Amassou-com-o-Rabo).
Hoje não só a questão do ENEM me aflinge, mas a questão de quotas em universidades. De um lado, o governo me faz pensar que os negros são burros e não possuem competência para conseguir uma vaga na universidade de maneira tradicional. Mas quando olho onde trabalho, vejo negros, brancos, amarelos e mais uma gama de tonalidades de tons de pele, exercendo suas funções, sejam elas operacionais, táticas ou estratégicas, de maneira competente e eficiente. Bom, acho que então não deve ser problema da cor da pele, que para mim, é uma questão puramente visual, e não interfere no desempenho profissional de ninguém.
Então, há um modelo melhor que o vestibular e o sistema de pontos (ENEM ou outros), para garantir que quem estudo mais, se esforçou, e quem possui mais mérito para uma vaga em uma faculdade ? Quanto mais provas de fim de curso, mais cursinhos preparatórios. Cursinhos do Enem, Ah Nem!, Eu Hein, Tô Nem ai! e diversos outros, aparecerão e morrerão, de acordo com a oferta dos governos em fomentar este mercado. E onde lê-se entrada para as faculdades, leia-se também, sua saida e registro profissional, seja ele na OAB, CRA, CRM, CRO, CREFITO, CREA e mais um milhão de letrinhas para esta sopa. É sempre o mesmo remédio, comprovadamente falho, para curar uma doença que já vem se arrastando por anos, décadas, mas sem previsão de cura.
A Resposta para a Vida, o Universo e Tudo Mais ? Douglas Adamns já sabia a resposta e eu copio dele: 42. Mas se fosse simples assim, o problema já estaria resolvido. Minha sugestão ? Um acompanhamento das faculdades, a partir do ensino fundamental, para começar o mapeamento dos melhores alunos, que no futuro, seriam disputados a tapas. A mesma coisa, durante o ciclo de vida na academia. Acompanhamento de perto dos diversos conselhos ai espalhados.
Complicado colocar isto em prática ? Sim, muito complicado e provavelmente muito caro... Mas melhor pagar este preço agora, do que ter, num futuro não muito distante, uma gama enorme de analfabetos frequentando os bancos das faculdades e um bando de incompetentes com diplomas coloridos presos nas paredes, nos atendendo e oferecendo seus parcos serviços.

Anônimo disse...

By the way, i wish you a happy birthday. Sorry for my missing, but the communications channel at home isn´t work well !