sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Uma posição incômoda

Acostumado à megalomania dos primeiros lugares - melhor futebol do mundo, maior cristo redentor do mundo, mulheres mais bonitas do mundo e por aí afora -, mesmo que sem comprovação nenhuma, o Brasil acordou hoje com uma posição incômoda: segundo pior desempenho da América do Sul em relação aos índices de alfabetização.
O Brasil está no segundo lugar em número de analfabetos, atrás apenas da Bolívia, que tem 11,7% de sua população sem saber ler nem escrever, contra os 11,1% de brasileiros.
A pesquisa do IBGE deve estar deixando o governo fulo da vida, como em outras pesquisas anteriores, sobre miséria e obesidade.
Acostumado aos discursos de "o Brasil é o único..., o Brasil é o maior.... nunca antes no Brasil..." e coisas do gênero, tão do agrado da goebeliana equipe de marketing do governo, Lula agora não terá o que comemorar.
Ainda de acordo com o IBGE, há 15 milhões de brasileiros com mais de 15 anos, completamente analfabetos, o que nos coloca, desconfortavelmente, no grupo das 11 nações na mira da Unesco, alvo do programa de metas de erradicação do analfabetismo até 2015, projeto que integra as "Metas do Milênio", da ONU.
O Brasil terá a companhia de Bangladesh, Irã, Paquistão, Etiópia e Nigéria, entre outros, nesta empreitada.
Mas isto não é motivo para tirar o sono só do Lula, mas de todos nós. Não é bom estar nesta situação de quase liderança política no continente, pelo menos segundo a propaganda oficial, e ostentar índices tão degradantes no lado social. Ainda mais que esforço para mudar a situação existe, como o próprio governo federal fez, com a criação do programa Brasil Alfabetizado.
Só que como tudo por aqui, nesta terra de Vera Cruz, o programa dá sinais, em muitos lugares do país, de estar sendo solapado pela corrupção.
Paraisópolis, no Sul de Minas, que o diga.

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