segunda-feira, 27 de agosto de 2007

A camarilha "núcleo central"

Na Itália são chamados de Máfia e também nos Estados Unidos. Na China, onde foram condenados à morte, de camarilha.
Aqui no Brasil, no mais espetaculoso julgamento feito pelo STF, são somente o "núcleo central". Dirceu, Genoíno, Delúbio e Silvinho não são quadrilha, são só o "núcelo central". Mas "núcelo central " de quê?
Bem, mas para definir o que fizeram - desvio de dinheiro público, corrupção ativa e passiva, compra de votos -, a melhor palavra ainda deve ser "quadrilha".
Gosto mais de camarilha. Para isso busco o dicionário e encontro esta definição primorosa: "grupo de pessoas que convivem com uma autoridade ou personalidade importante e procuram influir direta ou indiretamente sobre suas decisões". Melhor do que esta só a seguinte:
"grupo de cortesãos que convivem com um soberano e procuram influir nos negócios públicos".
Não é o próprio espelho da situação planaltina? Então por que o eufemismo "núcleo central"?
Bom, mas tomando de empréstimo o dito popular "nada é tão ruim que não possa piorar", pior que a nomenclatura é o resultado: a camarilha se livrou da acusação de peculato. Pode? Pode. Como pode também trocar piadinhas pelos computadores durante o julgamento.
E se o que fizeram não foi peculato, estamos precisando de uma revisão urgente dos dicionários e da própria lei.
E hoje o STF continua o julgamento: aceita ou não a acusação de formação de quadrilha e corrupção ativa contra os quatro?
Será que o mensalão realmente não existiu, como disse o Lula, naquela época? Será que não compraram o PTB e o PL (ou seja, seus comandantes, Roberto Jefferson e Waldemar Costa Neto?) Será que aquele tanto de deputado não recebia "mesada"? Será que não houve nada com o Banco Rural e o BMG? E aquela agência de publicidade, a SMP&B?
Será que só vai sobrar para a arraia miúda?
Acho que tudo não passou de imaginação de uns poucos loucos e desvairados. Acho que a imprensa inventou tudo, na falta de fatos reais.
Acho que ainda vamos acordar e descobrir, aliviados, que aquele escândalo e tantos outros, não passaram de um sonho ruim, desses que quando acordamos, deixam escapar um inefável e longo ufa.

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