A meteórica passagem do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, por Brasília, tem um significado político: o ban ban ban (não resisti ao trocadilho) das Nações Unidas não veio ao Brasil, mas à Amazônia.
Não é à-toa que dos três dias no País, ele gasta dois deles no Norte brasileiro, visitando o museu Emílio Goeldi, no Pará, a Ilha do Combú, próxima a Belém, onde tem um parque ambiental, e discute os impactos do projeto do biocombustível brasileiro sobre a região amazônica.
Em Brasília, ele cumpriu estritamente o protocolar: um encontro com Lula e a apresentação das várias agências da ONU no Brasil, que tiveram apenas cinco minutos para se apresentar. Essas se ressentem do descaso e culpam a falta de carisma de Ban, em contraposição a Kofi Annan.
Ban Ki-moon veio na hora certa: o sincronismo de ações da ONU indica bem a prioridade dele à frente do organismo mundial: o meio-ambiente. Nestes mesmos dias de sua visita ao Brasil, o grupo do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, órgão multilateral formado por delegações de 130 paises) está em Valência, na Espanha, apresentando o último capítulo do relatório sobre a quantas anda o clima no planeta. As outras três partes do relatório foram apresentadas em fevereiro, abril e maio, e resultado todo mundo sabe: o inexorável aquecimento global.
A reunião do IPCC termina no sábado (17), com a divulgação do relatório na pesença do secretário-geral. O texto é uma síntese do que já foi falado antes, não contém novidades, mas as diretrizes para a política a ser adotada pós-Kyoto, que se expira em 2012 e cujo término é tema da reunião da Indonésia, em dezembro.
A novidade fica por conta das opções apontadas pelo IPCC: dá para estabilizar as emissões de CO2 a um custo razoável: menos de 3% do PIB mundial. E para o Brasil, o alerta feito em relatórios anteriores: o perigo da savanização da Amazônia, também lembrado na Conferência sobre Mudanças Globais para a América do Sul, realizada em São Paulo, na semana passada. Este perigo é patente no leste amazônico, onde ocorre mais intensamente o desmatamento.
O governo editou aí um decreto que imita uma privatização de partes da região, ao conceder a empresas, o direito de explorar a floresta. Disse que é uma forma de preservá-la.
Tenho minhas dúvidas.
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Um comentário:
ficou otima a ediçao
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