domingo, 11 de novembro de 2007

Conclusões da Conferência de Mudanças Climáticas

Como a grande imprensa não deu a mínima bola para a conferência que trouxe cientistas do continente sul-americano para discutir as mudanças no clima da América do Sul; e como fiz um post sobre o assunto - ainda que não tenha havido uma resposta para minha indagação para o problema do gás metano dos bois e gnus -, dou minha pequena contribuição, reproduzindo algumas das conclusões e recomendações do encontro, divulgadas unicamente no site do evento:

Há uma percepção de mudança do eixo de discussão da conferência: antes, o foco era a existência das mudanças climáticas. Agora, o consenso entre os cientistas presentes nesta conferência é que as mudanças climáticas são uma realidade. No entanto, é preciso ter um maior conhecimento sobre medidas de adaptação e mitigação nos diversos setores da sociedade.

Os tomadores de decisão das políticas públicas precisam que as informações técnicas sejam não só acessíveis, mas também disponíveis em formato executivo.

Há uma necessidade de maior utilização de desenvolvimentos científico-tecnológicos como suporte à tomada de decisões em políticas públicas como garantia para o desenvolvimento sustentável. Deve-se também aliar academia, setor privado e organizações não governamentais.


Taxação e soluções

Recomendam-se que as políticas públicas definam ações claras que levem à redução de emissões de gases do efeito estufa, tais como taxação de combustíveis fósseis, aumento da eficiência energética etc.
Foram discutidas ações de adaptação às mudanças climáticas de caráter prático e de baixo custo, como, por exemplo: pintura do teto dos prédios na cor branca em regiões tropicais (o que evita o aquecimento da residência e gera economia de energia elétrica), reflexão por cobertura parcial no semi–árido (economia de água nos açudes), coberturas do solo no semi-árido.


O pesadelo amazônico

As conclusões relativas à Amazônia na conferência foram: existe uma incerteza quanto à capacidade de adaptação da floresta amazônica às mudanças climáticas; as modelagens metereológicas indicam uma possibilidade de savanização da Amazônia Brasileira; observa-se uma redução significativa da taxa de desmatamento nos últimos três anos, apesar de ainda ser superior à média histórica da década de 1990 e de os vetores que a determinam não serem muito claros.
Em relação à conferência anterior, relatou-se a aprovação de duas metodologias florestais complementares para obtenção de créditos de carbono no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL): 1) recuperação florestal em Áreas de Preservação Permanente; 2) fomento a plantações florestais para fins industriais.
Recomenda-se a atenção dos órgãos de política agrícola ao uso racional de fertilizantes nitrogenados em atividades agrícolas e pecuárias.

Destaque para os aspectos sociais das políticas de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas. É preciso que projetos privados de redução de emissões procurem incorporar esses aspectos, e não somente o cumprimento da legislação nacional. Ao mesmo tempo, é preciso também pensar como a sociedade civil pode melhor se adaptar às mudanças climáticas.


Mudança de hábitos

O aumento populacional no planeta não condiz com o aumento na demanda de recursos hídricos. Portanto, há uma necessidade clara de mudança de hábitos de consumo, ou seja, mudança de paradigmas. A gestão dos recursos hídricos e o desenvolvimento urbano são estratégias para essa mudança.

As Oscilações Decadais do Pacifico (PDO) podem trazer uma atenuação ao efeito do crescente lançamento de gases de efeito estufa na atmosfera nos próximos anos. Os oceanos regulam a distribuição de calor no planeta. Há uma potencial redução na capacidade dos oceanos de absorver CO2.


Há uma incapacidade do sistema econômico atual de reduzir a demanda por água.
As incertezas associadas às mudanças climáticas aumentam o risco no planejamento do uso dos recursos hídricos (por exemplo, construção de hidroelétricas).

Biocombustíveis

Os biocombustíveis são uma alternativa para que o setor de transportes dê a sua contribuição para a mitigação das emissões de gases de efeito estufas, em especial o etanol oriundo da cana-de-açúcar. No entanto, a melhoria de aproveitamento energético é tão importante quanto o uso de combustíveis alternativos, assim como a melhoria da eficiência dos motores e a redução do peso dos veículos e maior uso de transportes coletivos.

Aponta-se um conflito entre a utilização de terras para cultivo de alimentos e para obtenção de biocombustíveis.

Um comentário:

flavia disse...

é parece mesmo q o negócio vai ficar feio e muito pouco ou nada está sendo feito para ao menos atenuar as mudaças!!!