quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Dia do Meio Ambiente e as comemorações

Depois de amanhã (5/06) é o Dia Mundial do Meio Ambiente.
No ano passado sugeri aqui algumas formas de comemorar a data.
Este ano vou sugerir algumas reflexões.
Estamos num momento estranho no Brasil: há avanços e retrocessos quase que diariamente, como se houvesse uma intenção velada de deixar esta briga empatada.
Já é ruim suficientemente por ser uma briga. Pior ainda é mantê-la empatada, porque empate pode significar equilíbrio, mas de um outro ponto de vista pode significar também anulação de ações.
E no meio disso tudo um ministro do Meio Ambiente meio doido, espetaculoso, para usar um termo mais midiático.
Dá ou não dá saudades da suave Marina?
O Congresso se encarrega de detonar algumas leis ambientais, como a de proteção às cavidades naturais, a de proteção a restingas (ainda em tramitação) e mais uma lista, que os ambientalistas reunidos no Ibirapuera, São Paulo, no finalzinho de maio, denunciaram.
Aqui fala-se que o desmatamento cairá, a partir da aprovação do projeto de lei 2.771/08, que reduz o uso de carvão proveniente de matas nativas pelas siderúrgicas, gradativamente, até 2017.
Também já está na reta final a criação do Parque Estadual da Serra do Ouro Branco.
Mas a mata seca, no Norte de Minas, já pode ser usada mais amplamente para projetos agropecuários.
E a Reserva do Cercadinho vai ceder seu quinhão para o Vetor Sul, aquele acesso novo para Nova Lima, local todo estrangulado na altura do Belvedere.
É obra que precisa ser feita, mas a diminuição da área da reserva não veio acompanhada de nenhuma contrapartida ou de exigências mais duras para o licenciamento de construção da alça viária.
São Paulo fez o contrário. Seu rodoanel vai sair numa área de mananciais, mas o licenciamento para a obra terá que cumprir uma lista quilométrica de medidas mitigantes.
Mas o que merece mais reflexão, neste momento, é mesmo o PL 2.771, que está sendo saudado como a redenção do desmatamento em Minas Gerais, redenção do que resta de Mata Atlântica no Estado.
Mas em uma solenidade ontem promovida pela Associação Mineira de Silvicultura (AMS), Sindifer (produtores de ferro gusa), Embrapa Florestas e governo mineiro, liguei o sinal de alerta.
Foi um megaevento, (que continua por três dias, em forma de um congresso sobre florestas energéticas) o que demonstra a robustez do setor.
Reivindicando para si o título de agricultores e xingando o ministro Minc que os chamou de vagabundos, os plantadores de florestas agradeceram muito, mas muito mesmo, ao governador e ao vice pelas "políticas para o setor".
Bem, as "políticas" estão contidas no PL 2.771.
A siderurgia não poderá comprar mais do que um percentual X de carvão proveniente de mata nativa já a partir do próximo ano, percentual que chegará a no máximo 5% em 2017.
Isto vai tornar mais robusta a silvicultura mineira.
Se não se pode derrubar mata nativa, o carvão tem de vir das florestas plantadas.
Nada de mais, se não houvesse uma discussão quase filosófica sobre os malefícios do eucalipto. Ou sobre a monocultura, outra vertente do debate.
Ou seja, saimos da chuva para cair no molhado.
E o efeito estufa, com suas mudanças climáticas, avança e agradece.
Vamos rezar no Dia Mundial do Meio Ambiente!

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