A Fundação Biodiversitas e a Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda) estão com uma campanha na internet para apoiar o projeto de lei 2.771/08, do governador, que está tramitando na Assembleia e sobre o qual eu falei aqui ontem.
É o projeto que vai alterar a Lei Florestal mineira, mudando algumas coisas, como a proibição gradativa do uso do carvão proveniente de floresta nativa pelas siderurgias. Há outras alterações importantes, como o monitoramento eletrônico do comércio carvoeiro.
A filosofia que orienta o projeto é aquilo que falei no texto de ontem, dá-se uma mão e retira-se um braço.
Respeito a iniciativa da Amda e da Biodiversitas, mas me preocupo com o raciocínio reducionista que a orienta.
Tal raciocínio consiste em apoiar o menos pior. Se proibir o carvão natural vai preservar o que restou de Mata Atlântica e Cerrado, então vamos aderir.
Só que esta proibição vai fazer explodir o setor da silvicultura de eucalipto, afinal de onde as siderúrgicas irão comprar o carvão?
E tome plantação de eucalipto nesse mundão de Deus, ex-cerrado de Guimarães Rosa.
As entidades ambientalistas estão sempre correndo atrás do prejuízo. Nunca vi uma ação propositiva, como fazer um lobby correto e legítimo, como por exemplo durante a tramitação do projeto; e propor outras mudanças, que além de preservar o que restou da mata (míseros 10%), não levem áreas remanescentes a conviver com o eucalipto e suas nefastas sequelas de empobrecimento do solo e prejuízos à agricultura familiar.
Mudanças poderiam ser: destinar X% da área do Estado para o reflorestamento de espécies nativas (não o plantio de eucalipto, isto é atividade comercial, e a silvicultura mineira já deu mostras de seu poder junto ao Estado e Assembleia).
Pelo menos a filosofia que orientou a lei que ora se propõe alterar era mais protecionista, com a exigência de destinação de se preservar 20% da área de fazendas para o meio ambiente.
Enquanto a silvicultura faz congressos, banca campanhas políticas, banca megaeventos no Expominas, as entidades ambientalistas ficam aí com cartinhas e apoio a projetos que os menos ingênuos sabem muito bem a quem atenderá. Pelo menos parte do projeto, claro.
E eu nem sou contra a silvicultura nada. Sei que é uma atividade economicamente sustentável, de um setor com visão mais moderna, em comparação com o setor minerário, por exemplo.
Só acho que uma coisa não vai compensar a outra (carvão de mata nativa por carvão de mata plantada).
Os 10% de Mata Atlântica vão ficar, mas ao lado dos 50, 60%(?) de eucalipto.
E uma hora dessas teremos ótimas receitas de pratos com eucalipto.
Dizem que o chá é ótimo para o pulmão!
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