quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Mata Atlântica x Mata Seca


Já nem sei mais o que pensar dessa polêmica que envolve o Norte de Minas. A antes Mata Seca, do bioma cerrado virou Mata Atlântica desde dezembro do ano passado, por obra e graça da caneta iluminada do Lula.
Já naquela época fiquei com o pé atrás, apesar de sempre apoiar tudo que envolve a proteção da Mata Atlântica. Mas alguma coisa não batia.
Continuei a ver os deputados estaduais do PT defenderem cegamente o decreto e quase me convenci, afinal o agronegócio estava desenfreado por aquelas bandas, principalmente com o aumento das áreas de pasto.
Mas aí vi um comentário do Apolo Heringer numa matéria da minha amiga Ana Paula Pedrosa, n' O Tempo, em que ele chama atenção para o engodo que é o decreto.
A pulga coçou mais e acendeu as lamparinas da teoria da conspiração: "o que está por trás daquilo ali?"
E o meu colega Márcio Metzker, antenado, levantou a teoria de que o decreto tem um objetivo muito escuso: acabar com o Jaíba, para sobrar mais água para o projeto da transposição do Rio São Francisco, para beneficiar o Ceará.
Será? - pensei em seguida.
O Projeto Jaíba, no Norte de Minas, tem na irrigação com água do São Francisco, um de seus pontos fortes. Só assim consegue produzir as frutas maravilhosas como mangas, bananas, coco, abacaxi.
A megatransposição, para não dizer mega-alucinação, aliás, megalomania mesmo do São Francisco tem um senão : a vazão pode não ser suficiente. Faltam bens uns milhares de metros cúbicos de água para poder beneficiar condignamente os produtores de camarão do Ceará, amiguinhos do Ciro Gomes, o grande defensor do assassinato do Velho Chico.
Com a reclassificação da mata no Norte de Minas, o Jaíba já dá mostras de estrangulamento, segundo a matéria da Ana Paula. As terras caíram de preço e não conseguem ser vendidas.
Os negócios por lá estão parados.
Com isso, com mais um tempo, já não será preciso água para irrigar o Jaíba, porque não haverá mais Projeto Jaíba, uma da iniciativas mais promissoras na região.
Loucura?
E mudar o rio de lugar e deixá-lo morrer de tanta poluição e assoreamento é o quê?

5 comentários:

Anônimo disse...

É realmente uma absurdo a "canetada" transformando a mata seca em bioma da mata atlântica. Os mineiros estão morrendo de inveja dos catarinenses onde o seu governador de pronto desafiou o governo federal quando este atentou contra a prdução e os produtores rurais daquele estado. Na contramão de tudo o governo Aécio Neves edita nova lei florestal este mes condenando principalmente os produtores de café de Minas Gerais. Aécio Neves colocou no colo do agronegócio mineiro uma bomba de vários estágios onde o primeiro explode nos próximos 04 anos obrigando os produtores de atividades agricolas centenárias a retirar seus cultivos recompor áreas de APP's com espécies nativas em 20 anos. O problema é que municípios inteiros no sul do estado e na zona da mata teem relevo que classifica esta regiao como APP. A conclusão que fica é que o Governador está vendendo o estado para passar uma imagem de "ambientalmente correto" para ficar bonito na foto para as próximas eleições.

Eduardo Lara Resende disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eduardo Lara Resende disse...

Bom o blog, ótimo o assunto da Mata Atlântica, solidariedade e afinidade no quesito "jornalista da antiga", etc. Ao "Onde publicar" talvez pudesse se agregar um "Onde ganhar com a publicação"... :)
Parabéns! Se puder, visite http://www.pretextoselr.blogspot.com/

Júlio disse...

A mata seca não é mata atlantica, muito menos caatinga. Trata-se de um ecossistema com caracteristicas unicas que a distingue desses sistemas tradicionais. Creio que essa tentativa do governo de bloquear a crescente destruição das áreas de mata seca colocando-a como mata atlantica é um erro. O governo deveria sim estabelecer uma legislação propria ao tema com regras discutidas com a sociedade. Muito me entristece o confronto que se tenta a todo o momento estabelecer entre o rural x ambiental. A Mata Seca pode ser uma oportunidade de renda para o produtor, se o governo estabelecer por exemplo algum mecanismo de compensação ambiental. Tenho certeza que este tipo de saida pode ser mais rentável ao produtor que muitas das possíveis atividades agrícolas que ele poderia implementar na área.

Unknown disse...

Lei da Mata Atlântica
Comentários à lei e ao decreto
Autor: Julis Orácio Felipe
Descrição :
A lei da mata atlântica trouxe regramento para um bioma especial, elevado à condição de patrimônio nacional pela Constituição Brasileira. Tal lei e seu decreto deram uma maior segurança ao bioma tão ameaçado mas retiraram dos proprietários e possuidores a possibilidade do manejo florestal sustentado, algo possível levando-se em consideração a tecnologia atual. Essa obra visa elucidar algumas dúvidas trazidas pela lei e possibilitar uma maior discussão quanto ao manejo, uma vez que o veto presidencial ao artigo que permitia o uso sustentável pode ser votado a qualquer momento, principalmente diante da revisão do código florestal brasileiro.

www.clubedosautores.com.br